sexta-feira, 24 de junho de 2016

Independence Day: O Ressurgimento

NOTAS DA SESSÃO:

- O vôo inicial pelo espaço em IMAX 3D é divertido. Interessante a Terra futurista, a ideia dos humanos terem desenvolvido a tecnologia alienígena, do mundo estar em paz (não é todo dia que se vê uma projeção otimista do futuro e da tecnologia). Divertido também essa coisa meio Impacto Profundo de colocarem uma mulher como presidente.

- Liam Hemsworth fica bem de herói. O personagem é atraente e prova sua coragem logo na primeira cena. Legal também rever o Jeff Goldblum e suas observações sarcásticas. E será que eu tomei um ácido ou eles realmente colocaram a Charlotte Gainsbourg nesse filme?

- Ridícula a cena do cientista acordando do coma. Pior ainda é ele estar disposto pra começar a trabalhar logo em seguida. Quebra toda a seriedade do filme.

- Essa história meio Contatos Imediatos dos humanos se comunicarem mentalmente com os aliens não funciona muito bem. No fim acaba não servindo pra muita coisa. E o tal desenho que eles enxergam nem parece exatamente com a esfera que surge depois. O próprio conceito desses aliens "do bem" é mal desenvolvido. Só vemos uma bola. Isso é o alien, ou é uma máquina? Como exatamente eles representam uma ameaça pros aliens do mal? Não entendemos bem o contexto todo.

- Meio falso o Liam Hemsworth pegar o Jeff Goldblum, o Umbutu, a Catherine, eles entrarem na nave e irem até a Lua casualmente como se estivessem indo até a farmácia. Isso deveria ser uma missão do governo.

- A ideia da nave ser 10 vezes maior do que a do último filme é um exagero. Passou do ponto. Pra que ela passa raspando na lua? Quando ela chega na Terra, por que ela atrai as coisas pra cima com sua gravidade, sendo que depois ela deixa de ter essa gravidade própria? As cenas de destruição são bagunçadas, nem se comparam com as do primeiro filme. Ver cidades inteiras serem completamente estraçalhadas não tem o mesmo impacto de ver 1 coisa de cada vez sendo destruída, como a cena da Casa Branca. E que chances os personagens têm contra algo tão imenso? O pai do David no barco descendo a tsunami, desviando de cargueiros e aparecendo vivo depois (com o detalhe do garotinho que salva ele encontrar o livro que ele escreveu nos escombros)? Isso faz Terremoto: A Falha de San Andreas parecer um filme sensato.

- O filme parece datado em alguns aspectos - a caracterização dos personagens, aquelas crianças dirigindo o carro... Não sentimos que estamos vendo o nosso mundo representado na tela, sendo invadido por alienígenas, o que tira parte do envolvimento. Estamos vendo um mundo futurista e ainda com cara de 1996.

- Os alívios cômicos parecem excessivos e em geral não têm graça.

- Esse cientista que saiu do coma realmente é o pior personagem. Um absurdo ele trabalhando todo animado, fazendo esforço físico, sabendo liderar a equipe sem ter a menor ideia do que está acontecendo.

- SPOILER: A trama às vezes é tão tola que chega a ser constrangedor. Por que diabos a rainha dos aliens iria vir pessoalmente até a Terra caçar a tal da esfera? E será que uma raça tão avançada conseguiria ser tapeada pelos humanos dessa forma e cair numa armadilha? E o ex-presidente vai pilotar o avião de novo pra salvar o mundo? Ele não estava insano no começo do filme? 5 pessoas escreveram o roteiro desse filme, será que ninguém reparou que é tudo muito nonsense?

- Pelo menos o filme erra tentando fazer algo divertido e épico, honrando o espírito dos anos 90. Respeito mais esse tipo de erro do que esses blockbusters atuais que falham por terem medo de entreter e cair no ridículo (e se tornam sombrios, genéricos, ousam pouco, etc).

- SPOILER: Gente, por que esse ônibus escolar foi parar na Área 51 cheio de crianças? E essa rainha alien cavalgando atrás deles como se fosse um Godzilla? Por que ela quer pegar o ônibus? Ela não é um ser inteligente? Não tem outras prioridades nesse momento? Muito ridículo. E como a filha do presidente conseguiu destruir o escudo dela? Bastava ficar atirando?

- SPOILER: Não!!! O cientista, além de ser personagem mais constrangedor do filme, no fim vira gay? A cena "romântica" entre ele e o namorado é digna de levantar e sair da sala. É melhor pros gays não terem nenhuma representatividade nos filmes do que serem retratados dessa maneira tola e envergonhada (isso porque o diretor Roland Emmerich é gay).

- O final vai ficando muito trash e confuso. São tantas tramas paralelas, tantos personagens, que eu já nem lembro mais quem salvou o mundo: se foi o Bill Pullman, a filha dele, o Liam Hemsworth, o Jeff Goldblum... E a presidente, morreu mesmo?

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CONCLUSÃO: Bem intencionado mas cheio de problemas: roteiro idiota, cenas de destruição pouco memoráveis, problemas de tom, falta de conexão com o público atual, etc.

Independence Day: Resurgence / EUA / 2016 / Roland Emmerich

FILMES PARECIDOS: Terremoto: A Falha de San Andreas / O Exterminador do Futuro: Gênesis / O Dia Depois de Amanhã / Armageddon

NOTA: 5.5

8 comentários:

Marcus Aurelius disse...

Caio, você considera importante a representatividade nos filmes, séries e demais mídias?

Caio Amaral disse...

Marcus, acho importante sim, nesse sentido: acho que preconceito, racismo, ignorância são coisas ruins... E acho que a cultura pop é uma das maiores ferramenta pra se transformar o mundo... Ela tem um papel na autoestima das pessoas, interfere no comportamento, no conhecimento, nas opiniões, e consequentemente na política. Provavelmente se não fosse por Will & Grace e pelo programa da Ellen DeGeneres, o casamento gay não teria sido aprovado nos EUA... E tem muita gente que acredita que o Morgan Freeman ter interpretado um presidente negro em Impacto Profundo teria aberto as portas pro Obama, por ter se tornado parte do "inconsciente coletivo" (não que eu goste do Obama, rs, mas gosto do fato de que a barreira da raça tenha sido superada). E não duvido nada que essa presidente mulher em Independence Day exista pra ajudar a eleger a Hillary... Afinal os liberais nos EUA dominam a cultura pop e sempre a utilizam a favor deles.

Agora, o que eu sou contra é isso ser uma coisa forçada... Acho ridículo esse povo fazendo pressão pra que a Elsa tenha uma namorada em Frozen, que a Barbie seja gorda ou coisas do tipo. É a mesma coisa que chantagear alguém pra que essa pessoa te ame e te respeite... Não acho que funcione desse jeito. Se você quer lutar por uma ideia, crie suas próprias coisas, se torne um sucesso e mude a percepção dos outros, mas não tente forçar pessoas mais bem sucedidas que você a te representarem contra a vontade delas.

Caio Amaral disse...

E o que as pessoas querem são heróis... figuras admiráveis, virtuosas, carismáticas... elas não querem ser meramente "representadas"... Não adianta nada um casal gay patético numa cena de 20 segundos em Independence Day... isso não inspira ninguém, não muda a opinião de ninguém... mas quando o Michael Jackson nos anos 80 quebrou todos os recordes de venda, se tornou o primeiro artista negro na MTV... isso sim transforma a cultura de uma forma positiva.

Anônimo disse...

Emmerich pôs um presidente negro em 2012, e houve quem achasse que ele 'profetizou' Obama. Talvez ele esteja querendo repetir a dose, e ajudar na entronização de Hillary.
De fato, há muita coisa coisa medíocre sendo feita em nome de representatividade, e que nem deveria funcionar se as pessoas pensassem melhor. Como o Mitch de Paranorman, festejado por muitos como primeiro personagem declaradamente gay numa animação, e que no entanto era um completo idiota, do qual ninguém teria gostado em outra situação.
Quanto à Elsa, parece que desde o início muita gente lhe atribuiu um subtexto gay. Não meramente o fato dela não ter um namorado mas a forma como filme a trata: ela 'nasceu assim', com uma diferença que tem de esconder de todos, até da própria irmã, e o fato de que o mal no filme é representado pelos homens que querem enfiar nela suas flechas ou espadas (li na inernet um texto da Marilena Chauí dando uma conotação sexual ao fato da Bela Adormecida espetar o dedo num fuso e 'sangrar', então posso fazer a mesma coisa com o Frozen). E o filme todo é uma parábola mal construída sobre tolerância. Por isso no final o velho bigodudo é castigado, apesar de ser como ele mesmo diz, uma vítima do medo, como a Elsa, e com muito mais razão que ela. Porque? por não ter amado a Elsa como ela era, segundo a lógica do filme. A mensagem do filme parece ser, as pessoas devem de qualquer jeito ser amadas como são, caso contrário elas podem destruir o mundo. Paranorman a meu ver tinha uma mensagem similar. A personagem Aggie era uma bruxa terrível, mas o inquisidor não podia teme-a e condena-la como tal.
Dizem também que uma das grandes popularizadoras de Let It Go foi a Ellen DeGeneres. Talvez a Dinsey tenha querido fazer mesmo alguma insinuação para obter propaganda favorável ao seu filme, mas acho difícil oficializar Elsa como lésbica, porque iria alienar muito fãs, que gostariam de outro caminho. No youtube há muitos vídeos juntando ela com Hans, Kristof, Jack Frost, Flynn Rider ou outros personagens masculinos.

Marcus Aurelius disse...

Muito boa a sua observação Caio, eu não sabia que programas influenciaram decisões políticas.

Faz todo o sentido a influência da cultura pop na opinião popular. Tremo só de imaginar como vai ser os próximos anos, tantas histórias coletivistas, heróis desconstruídos e moralmente ambíguos. Me questiono quais heróis as crianças admiram hoje em dia e como elas os enxergam.

Pelo que eu sabia a Hillary não é liberal, ela até está adotando características do socialismo para deter o Trump.

Caio Amaral disse...

AH uma coisa é as pessoas traçarem um paralelo entre o senso de exclusão da Elsa com o senso de exclusão de quem é gay.. No caso dela isso acontece por causa da magia dela, não por conta da personalidade, etc... Não precisa tornar ela lésbica por causa disso... É que nem dizer: o Dumbo sofre preconceito da sociedade por ser diferente dos outros elefantes.. muitos gays se sentem como o Dumbo.. então vamos achar um namorado pro Dumbo, kkk. Mas enfim, agora fiquei com vontade de rever o Frozen com esse olhar de procurar homens querendo enfiar espadas na Elsa, hahah.

Marcus, esse artigo é bem interessante sobre o assunto da influência da cultura pop na política. inclusive cita essa história do Morgan Freeman ter sido o primeiro presidente negro antes do Obama, hehe.
http://tradutoresdedireita.org/hype-conservadora-por-que-ser-autentico-e-mais-importante-do-que-ser-descolado/




Anônimo disse...

Visões otimistas do futuro se tornaram mais raras, porque muitas dos prognósticos otimistas sobre o que deveria ser a época em que vivemos acabaram se revelando irreais. Por exemplo, em 1966, Herman Kahn e Norbert Wiener, dois especialistas nesse tipo de antecipação, falavam de um ano 2000 onde os americanos trabalhariam muito pouco, e, mesmo quando desempregados, desfrutariam de uma renda anual elevada, e o grande problema seria como ocupar o tempo livre das pessoas de forma saudável:
http://paleo-future.blogspot.com.br/2007/02/what-to-do-with-all-this-leisure-time.html

Caio Amaral disse...

Minha impressão é a de que os filmes futuristas apenas refletem o presente de uma cultura. Quando o país está num momento de otimismo, progresso, sucesso, ele tende a fazer projeções otimistas do futuro.. De Volta Para o Futuro 2 é muito mais um retrato do espírito dos anos 80 do que uma projeção de 2015. Os Jetsons também reflete a atmosfera dos anos 50. Já em tempos mais turbulentos e cínicos como o fim dos anos 60, começo dos anos 70, faziam sucesso projeções sombrias do futuro, como Laranja Mecânica, No Mundo de 2020 (Soylent Green).. Diria que agora a cultura está passando por uma dessas fases menos otimistas.. mas não porque as projeções positivas do passado não se concretizaram. Se a gente for pensar por aí, praticamente todos os prognósticos pessimistas dos filmes também se revelaram irreais.. abs!