quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Doutor Estranho

NOTAS DA SESSÃO:

- Meio desnecessária essa ideia da cidade toda se dobrar. Parece que os cineastas viram A Origem e acharam "cool" o efeito e resolveram enfiar aqui de algum jeito.

- Boa a cena da cirurgia, o nível de precisão do protagonista... Benedict Cumberbatch está ótimo como de costume.

- Interessante as coisas que ele começa a aprender com a Tilda Swinton sobre outras dimensões, etc (embora tudo lembre muito Matrix). Embora o papo seja místico, os diálogos têm mais objetividade que o de costume.

- Os efeitos especiais são ótimos (as viagens "psicodélicas" que ele tem provocadas pela Tilda Swinton). Os túneis lembram bastante Contato, 2001, etc.

- O humor do filme é na medida certa e em geral funciona (a piada da senha do Wi-Fi, etc).

- O filme tem uma estrutura diferente dos filmes de super-heróis. Já passou mais de 1 hora de filme e ele ainda nem se tornou o "Doutor Estranho". O filme foca mais no processo de transformação, na busca dele pela cura (um objetivo pessoal com o qual podemos nos identificar), e não numa missão rotineira de salvar a cidade, etc. E o treinamento é divertido (a cena em que a Tilda larga ele no Everest, ou o momento em que ele usa a capa pela primeira vez, etc).

- Algumas coisas são meio esquisitas na trama: essa história das pessoas se machucarem e daí terem que ir pro hospital pra serem operadas pela Rachel McAdams através de um método convencional (sendo que elas têm poderes incríveis). A ideia dos espíritos saindo do corpo e lutando também soa estranha e desnecessária pra história.

- A segunda parte do filme tem menos força. Depois que ele já se transformou no herói e o foco passa a ser a destruição do vilão (que é muito pouco marcante), o interesse diminui.

- SPOILER: O duelo final com o Dormammu também é péssimo. Não temos uma referência da força do vilão, qual o tamanho do obstáculo, etc. Essa história do Doutor Estranho manipular o tempo gera uma série de dúvidas, e além disso fica parecendo uma saída fácil. Nada que o herói faz com seus poderes mágicos parece mais impressionante em termos de habilidade do que a primeira cena do filme, por exemplo, onde ele extraiu a bala do cérebro do paciente. O perigo que a Terra está correndo também não é muito claro.

- SPOILER: O filme acaba e o herói continua com a mão machucada, sem atingir seu objetivo principal que era voltar a trabalhar. As coisas que aconteceram no primeiro ato e as expectativas criadas pelo filme parecem ter sido meio esquecidas (inclusive a personagem da Rachel McAdams), então o desfecho é um pouco insatisfatório.

------------------

CONCLUSÃO: Acima da média da Marvel em termos de narrativa, conteúdo, atuação, mas a história vai perdendo o interesse ao longo da narrativa.

Doctor Strange / EUA / 2016 / Scott Derrickson

FILMES PARECIDOS: Thor (2011) / Homem de Ferro (2008)

NOTA: 6.5

4 comentários:

Marcus Aurelius disse...

De todos os filmes do universo Marvel, este foi o que eu mais gostei, e o mérito é todo para a parte "civil" da história. Eu lá todo emocionado, quase chorando com a história do Doutor, a apresentação da figura cética e profissional dele, a contraparte mística criando um conflito interno, a carreira e os sonhos dele arruinados e de repente corta pra uma cena de ação que não termina nunca... E o pior foi como tu disse, o filme esquece de resolver tudo isso e meio que ignora completamente a primeira metade.

Talvez se o diretor tivesse mais liberdade e focasse mais no drama pessoal, este estaria entre os meus favoritos. No fundo gostaria que não fosse um filme de herói ou fosse mais no estilo de "Corpo Fechado".

Senti o mesmo que "Esquadrão Suicida", onde o a história toda tem uma certa direção, mas por obrigações contratuais ela deve seguir pra outra.

Caio Amaral disse...

Por um momento também pensei isso, que tava com potencial pra ser o melhor filme da Marvel.. mas da metade pra frente já comecei a ficar em dúvida.. não saberia dizer quem são os responsáveis pela parte boa, pela parte ruim.. o diretor tem certa competência pra filmes de terror, mas ele também fez O Dia em que a Terra Parou que foi um dos piores remakes que eu já vi.. então tendo a não dar muita moral pra ele, rs. abs

Anônimo disse...

Porque fazem tantos filmes de super-heróis hoje em dia? Demanda de um público infantilizado? Nunca gostei de super-heróis, nem quando era criança. Preferia histórias que tivessem humor. Super-heróis me pareciam figuras com roupas esquisitas e poderes absurdos, geralmente se metendo demais no que não era da conta deles.

Caio Amaral disse...

Descobriram uma mina de ouro aí né.. o gênero fantasia sempre foi dos mais populares.. existem milhares de histórias prontas pra serem adaptadas (os roteiristas não precisam pensar tanto).. os filmes podem ter um número infinito de sequências, reboots..