NOTAS DA SESSÃO:
- O filme não apresenta direito a protagonista. Não sabemos nada sobre ela. No começo ela serve apenas pra posar de vítima e expor a maldade dos homens, agradar o público "feminista", etc. E o retrato dos homens é caricato, exagerado. Não há um esforço pra incluir homens bons na história em contraste com os maus, ou explicar o que motiva cada personagem em particular a ser cruel. É como se eles fossem maus simplesmente por serem do sexo masculino.
- A protagonista é maliciosa, cheia de ódio e ressentimento por trás dessa aparência plácida, o que torna a situação ainda mais desagradável (pois temos que torcer por ela apesar de ser uma figura extremamente antipática).
- A narrativa tem um toque meio naturalista, não-objetivo - cenas começam pela metade, terminam antes do fim, há trechos silenciosos onde nada acontece... O cineasta não se esforça pra criar uma narrativa estruturada, lógica - fica apenas mostrando cenas aleatórias onde mulheres são vítimas de homens. A mensagem política é colocada acima de considerações cinematográficas.
- É tudo muito artificial quando a Katherine é estuprada pelo empregado. Ele tinha um desejo tão incontrolável assim por ela? Correria o risco todo de ser pego? E a reação dela também é totalmente artificial, além de torná-la mais antipática. Não entendemos por que ela gostou de ser estuprada. Não há contexto algum pra esse comportamento. Por que ser abusada sexualmente pelo marido era horrível, mas ser estuprada pelo empregado é bom? E isso bagunça o tema inicial do filme que era a opressão das mulheres... A partir de agora não vemos mais a Katherine como vítima. Qual o propósito da história então?
- Katherine se torna uma pessoa completamente imoral. Não só por estar se relacionando com um estuprador, mas também pelo caráter que ela demonstra quando, por exemplo, deixa a empregada levar a culpa pela bebida desaparecida (quando foi ela que bebeu tudo), ser humilhada pelo velho, etc.
- SPOILER: Além do conteúdo da história ser ruim, é tudo meio mal contado. Como o velho descobriu que a Katherine está tendo um caso com o empregado? Como a Katherine mata o velho depois? Ela o envenenou? Já tinha planejado tudo? Não vimos nada disso! Ela o matou simplesmente por ele ter prendido o estuprador? Ela vai correr o risco do marido descobrir que ela assassinou o pai dele (afinal a empregada viu tudo)? O diretor parece querer apenas chocar, mostrar a protagonista fazendo coisas monstruosas, como se isso em si fosse cool, sem nenhuma preocupação por coerência, clareza, realismo psicológico, etc.
- SPOILER: Os personagens são todos irreais, inconsistentes. Katherine diz que não pode mais viver sem o amante, quando não vimos os dois fazendo nada além de sexo algumas vezes. Depois quando o marido volta de viagem, não faz o menor sentido ela começar a rir, tirar o amante do armário, zombar da situação na cara dele. Ninguém age assim quando sua vida está em risco. Não faz sentido também o empregado ficar perturbado/culpado quando morre o marido... Primeiro porque foi em auto-defesa. E além disso, esse empregado desde o começo é um estuprador violento sem nenhum senso de ética. De onde surgiram esses valores agora? O filme é apenas um conflito mal elaborado entre pessoas odiosas (depois chega aquela mulher detestável também pra morar na casa com a criança, trazer mais conflito, etc).
- SPOILER: O final todo é uma bobagem. Ela assassinar o garotinho sufocado (ninguém percebe que ela já matou 3 pessoas na casa?). Ela e o amante não podiam simplesmente fugir, irem viver num outro lugar? Ela precisa tanto assim do dinheiro? Não fica claro o tamanho da ameaça, qual a motivação por trás de tudo - então essa matança parece sem sentido, forçada, só porque o cineasta gosta de glamourizar a maldade. E Katherine não é uma vilã carismática como nos filmes da Bette Davis, ou vilãs de novela, etc... Nesses casos, as vilãs eram glamourosas, inteligentes, mas tinham uma "falha trágica" bem estabelecida (ganância, etc). Tínhamos um senso de que o filme era explicitamente contra os valores da vilã (apesar dela ter elementos atraentes), e a favor dos valores dos personagens inocentes. Mas aqui, nem existem esses personagens inocentes pra termos um referencial do positivo. São todos imorais... E o fato da Katherine começar a história como mocinha, vítima, deixa meio ambíguo se devemos compreendê-la ou condená-la. A linha entre bem e mal fica borrada, algo que não acontece nos exemplos que citei.
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CONCLUSÃO: O elemento sensacionalista torna o filme ligeiramente divertido de assistir, mas no fim é uma história malevolente e mal escrita (tanto o diretor quanto a roteirista são estreantes em longa, o que é geralmente um mau presságio).
Lady Macbeth / Reino Unido / 2016 / William Oldroyd
FILMES PARECIDOS: The Handmaid's Tale (Série de TV, 2017) / Grave (2016)
NOTA: 4.0
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