sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Desintegração Positiva (Dąbrowski)

4 comentários:

yan disse...

Boa tarde Caio, estava com dificuldades para me concentrar no que eu preciso estudar pra uma prova e vim procurar algo pra me distrair por enquanto no seu blog e meio que cai de paraquedas nesse tema. Eu venho percebendo isso cada vez mais em minha volta, seja no trabalho ou na faculdade mesmo. Eu me considero uma pessoa bem leiga em diversos assuntos, mas sou curioso ao ponto de ir atrás me informar e entender melhor sobre certos temas, mas no geral não vejo muito disso vindo dos meus colegas, as vezes parece que o normal/comum está bom pra eles.

Por exemplo, a alguns meses atrás te disse que fiquei meio decepcionado porque encontrei muito pouca gente que gostasse de cinema assim como eu (isso num curso de audiovisual) e que a grande maioria não vai atrás das referencias que os professores passam para nós. É até engraçado porque tenho um professor que as vezes pergunta quem já assistiu série X da Netflix e grande parte das pessoas levantam a mão, agora esses dias um outro professor perguntou quem já tinha visto Cantando na Chuva e um outro do Kubrick e quase ninguém levantou a mão. Acredito que isso seja pior na minha geração, porque na minha opinião é muito mais fácil eu conversar com pessoas mais velhas sobre qualquer tipo de filme e música do que com gente da minha idade mesmo (tirando aquele nicho de jovens usuários de letterbox heheh).

Inclusive esses dias eu estava no youtube e tinha uma discussão nos comentários de um vídeo sobre como era 'melhor' na época das locadoras do que hoje com os streamings, justamente porque a variedade de conteúdos era maior e os funcionários sempre sabiam indicar coisas que o público iria gostar. Você como já trabalhou numa locadora, acredita que isso é real ou apenas uma certa nostalgia do passado que muitas pessoas tem?

Caio Amaral disse...

Oi Yan, não sei que relação exatamente vc viu entre o que eu falei no vídeo e o fenômeno dessa geração mais nova parecer menos interessada em cultura, etc.

Eu acho que as locadoras foram uma perda sim, não só pela experiência, que tornava o ato de ver filme um evento mais importante.. mas tb porque os streamings mataram as locadoras muito antes deles terem um catálogo à altura.

Mas eu não atribuiria ao fim das locadoras essa queda na cultura.. pois é um fenômeno que se observa em outras áreas tb.. acho que, pra variar, isso tem mais a ver com mudanças de hábito ligadas a smartphones, redes sociais, YouTube etc.

Alguns analistas tendem a enxergar apenas o streaming como uma competição pros cinemas/locadoras.. mas acho que todo tipo de conteúdo na verdade compete pela atenção do público. E com TANTO conteúdo extremamente estimulante, fácil, atual, personalizado, gratuito, que começou a surgir a partir ali de 2008.. a pessoa que chega num sábado à noite e pensa "vou ver um filme de 50 anos atrás" se torna excêntrica quase. A própria ideia se ser "culto" acho que passou a ser menos valorizada, como se fosse uma qualidade menos necessária hoje em dia pra se obter sucesso em qualquer área. abs!

yan disse...

Sim, concordo contigo, inclusive acho que tem algum texto seu aqui no blog que diz que os streamings iriam recuperar essa parcela de filmes com o tempo, que aos poucos eles iriam adicionando esse tipo de filmes em seus catálogos. Ainda não chegaram a um ponto super satisfatório, mas alguns até que estão se esforçando pra isso como a HBO Max.
E realmente, as redes sociais tomaram um espaço enorme do tempo de lazer das pessoas, eu mesmo no momento estou tentando cada vez menos usar o instagram pra poder focar em outras coisas mais importantes, mas é difícil vencer o algoritmo hehe.

Ainda sobre isso, eu trabalhei com um menino que me disse que não gostava de filmes nem mesmo de séries, segundo ele preferia ficar só no youtube (que não deixa de ser uma espécie de streaming) e não tinha vontade nenhuma de ir no cinema. Foi muito esquisito pra mim que cresceu com essa arte e que no futuro desejo trabalhar em alguma área dentro do audiovisual. É muito louco imaginar como em poucos anos o youtube, tik tok e outras redes sociais simplesmente 'roubaram' a atenção da maioria das pessoas. Tenho até alguns tios que chegam em casa, ligam a TV pra se distrair e depois passam horas no celular, acho que se esse efeito nocivo está presente dessa forma em muitas pessaos da geração passada que passaram boa parte da vida sem esses estímulos, imagina o que isso não vai causar na minha geração que já nasceu praticamente com um celular na mão rs. Abs!

Caio Amaral disse...

Pessoas que dizem coisas do tipo "não gosto de filme", "não gosto de música" de forma categórica, em geral são ignorantes ou não foram expostas a coisas o bastante.. considerando que são artes extremamente fáceis de se consumir, e q são mídias "neutras" que podem projetar praticamente qualquer valor humano, qualquer visão de mundo (inclusive uma visão hostil ao universo artístico ou à propria vida). Se a pessoa cresceu numa família que nunca via filmes e séries, claro que ela terá uma relação mais distante com essas artes, pois ela não terá memórias afetivas ligadas à experiência.. mas ter um desprezo pela arte/mídia como um todo seria bem exótico rs (assim como dizer "não gosto do YouTube").

Já gente que não gosta de ir ao cinema (salas) hoje em dia eu até consigo entender melhor.. principalmente no caso de pessoas mais velhas, com mais manias, ou q simplesmente acham caro, não têm acesso a boas salas, só podem ir de fim de semana nos horários mais cheios etc.

YouTube/redes sociais acho que são uma competição pro cinema assim como foi a TV quando surgiu.. na época o cinema teve que se adaptar pra continuar oferecendo algo superior.. e agora ele deveria passar por uma nova adaptação.. pois com histórias, cineastas e astros tão sem graça quanto os dos blockbusters atuais.. a perda de público pra concorrência faz pleno sentido.. inclusive eu tava pra fazer uma postagem sobre como poderia ser esta 'reinvenção'. Abs!