
Tempo de Guerra (Warfare / 2025 / Alex Garland, Ray Mendoza) — Só assisti a 40 minutos e fui embora do cinema. É daqueles filmes desconstruídos que te jogam no meio de uma situação sem introduzir os personagens, sem nunca estabelecer motivações pessoais, propósitos, obstáculos — e esperam que você continue assistindo só por respeito à tragédia real que ele retrata, não por um real envolvimento narrativo.
Pecadores (Sinners / 2025 / Ryan Coogler) — O tipo de subversão de gênero misturada com comentário social que eu esperaria de um cineasta como Jordan Peele, não de Ryan Coogler. Vem nessa onda de filmes autorais desajeitados que, na tentativa de se provarem "não-formulaicos" e de atender à atual demanda por obras originais, jogam fora todos os princípios narrativos — inclusive os que não deviam.
G20 (2025 / Patricia Riggen) — Leva o troféu "tão ruim que é bom" de 2025. A única explicação que consigo dar para esse filme é a seguinte: era um roteiro dos anos 90, estilo Força Aérea Um, que foi engavetado na época por ser absurdo demais, e que agora decidiram reescrever, inverter os gêneros dos protagonistas e transformar em uma paródia de filmes woke. O problema é que, no fim, o roteiro foi entregue a alguém sem um pingo de senso de humor, que dirigiu tudo de maneira séria.
Como Ganhar Milhões Antes que a Avó Morra (2024 / Pat Boonnitipat) — Dramédia tailandesa semi-naturalista que, por um lado, me desagrada por ser baseada em uma visão malevolente de mundo e em uma ética de culpa e dever, mas, por outro, tem minha simpatia por tentar contar a história mais agradável possível dentro dessas premissas, focando em personagens gostáveis e em uma versão "higienizada" do horror existencial que normalmente acompanha esse tipo de enredo.
Black Mirror (2011—) T7.E1 "Common People" — Nem todos os episódios da 7ª temporada me agradaram, mas este primeiro é um excelente exemplo do que Black Mirror faz de melhor: pegar conceitos inovadores de ficção científica para gerar reflexão, alertar o espectador e fazer comentários culturais ácidos (é aquela rara crítica ao "capitalismo" no entretenimento que consegue trazer pontos válidos sem distorcer totalmente a realidade).
Reagan (2024 / Sean McNamara) — Outro dia vi um vídeo do Andrew Klavan onde ele disse algo pertinente: não é possível substituir os atuais artistas de Hollywood por conservadores, apenas por outros artistas (que talvez até acreditem no conservadorismo, mas essa seria uma questão à parte). Reagan é um filme que parece feito por conservadores, não por cineastas. O resultado é sofrível, e se depender do "dream team" que Trump escolheu para liderar Hollywood (Mel Gibson, Jon Voight, Stallone), veremos cada vez mais dessa estética.
Desconhecidos (Strange Darling / 2024 / JT Mollner) — Tenta, através do estilo e de desconstruções narrativas, tornar interessante um conteúdo que, por si só, não renderia um filme satisfatório. Imagine a mesma história contada de forma linear e pergunte-se: algum dos personagens se tornaria gostável? Os eventos da trama e a conclusão gerariam algum prazer ou significado?
Vitória (2025 / Andrucha Waddington) — Se O Outro Lado da Rua (2004) foi uma espécie de versão Naturalista de Janela Indiscreta, Vitória seria um "remake" ainda mais simplificado de O Outro Lado da Rua. E o problema não é o filme não ter uma trama ágil, suspense, etc. Se fosse como Ainda Estou Aqui, que compensa a narrativa mais esparsa/Naturalista com ótimas atuações, questões políticas/históricas interessantes, não haveria problema. Mas Vitória não oferece essas qualidades que sustentam os melhores filmes Naturalistas. Ele tenta prender o espectador pelo aspecto "thriller", mas tem a energia que se espera de um filme brasileiro estrelado por uma senhora de quase 95 anos. Quem foi assistir no embalo do Oscar, esperando outro grande destaque nacional, provavelmente saiu decepcionado — mas com pena de admitir, por respeito a Fernanda Montenegro.
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ResponderExcluirNão fiquei motivado pra ver no cinema. O trailer me deu a impressão de ser aquele típico filme de "gênero" brasileiro, que na verdade é puro Naturalismo com apenas algumas alusões a um gênero popular. Mas as reações têm sido positivas né? Talvez vá além dessa minha impressão...
ExcluirO mais irônico é que Minecraft não tem nenhuma história em si para explorar, personagens etc... por ser um jogo sem enredo, no final qualquer coisa com base na Lore (Universo) poderia ir de uma bomba a algo minimamente assistível.
ResponderExcluirConforme o cinema passa da era dos quadrinhos para a era onde qualquer IP conhecido vira filme, essa questão se torna mais comum, né? Há IPs que partem de uma boa base narrativa (livros, quadrinhos) outras IPs que apenas sugerem uma narrativa (Super Mario) mas não têm uma trama específica, e outras IPs que você precisa construir do zero o enredo, pois elas só oferecem um personagem ou ambientação (Barbie, Jungle Cruise, Monopoly, etc.). Nesses casos, a responsabilidade do roteirista é bem maior.
ExcluirA Barbie pelo menos tem um Lore (Universo), mesmo que ela pegue emprestado de outras fontes (como o caso de contos de fada) e de enredos similares (Super Heróis como o longa animado Super Princesa). Ela ainda tem uma estrutura em seu tempo de criação de elementos aproveitáveis. Se você assistir a série animada Life in the Dreamhouse você consegue sacar isso, ela tem uma construção própria, mesmo que sejam embasado em produtos que atribuem algo a ela. Se fosse seguido essa fórmula no filme o resultado teria sido menos desastroso.
ExcluirÉ, quanto mais elementos no universo, mais sugestões existem para possíveis tramas... não é tão difícil, no caso de Barbie, imaginar histórias focadas nela, que aproveitem o Ken, a casa, etc. Mas o roteirista ainda precisa criar uma trama, bolar cenas do zero, diálogos... No caso do Minecraft, pelo que vc falou, há menos elementos desse tipo, deixando tudo bem em aberto.
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