sábado, 6 de março de 2010

Direito de Amar


Estréia na direção do estilista Tom Ford, Direito de Amar (financiado por ele próprio) é sem dúvida um dos filmes de maior bom gosto estético que eu já vi. É tudo tão chique que é a primeira vez que eu vejo um ator sentado numa privada ainda parecer elegante. Tudo é um prazer estético, desde a fotografia granulada, até os figurinos hiper bem cortados, a música, as sardas de Julianne Moore, a simplicidade da fonte nos créditos iniciais (a única coisa de mau gosto mesmo no filme é o título em português).

E também é a primeira vez em muito tempo que eu vejo uma novidade técnica; uma ferramenta incrível de direção que nunca tinha me passado pela cabeça. Tom Ford usa cor assim como outros diretores usam música ou tamanho de enquadramento. Não como algo estático e fixo durante o filme todo, mas como algo que deve ser aumentado ou diminuido conforme a necessidade de cada cena, acentuando os momentos desejados. Filmes como Deserto Vermelho ou Reds já usaram cor pra transmitir idéias e sentimentos, mas aqui isso é usado de uma forma diferente: numa mesma tomada, nós vemos a saturação da imagem flutuar pra cima e pra baixo, esquentando e esfriando a cena de acordo com o sentimento do personagem, como nuvens passando em frente ao Sol. E o mais impressionante é que o efeito disso não é apenas intelectual, a entrada da cor realmente intensifica a emoção das cenas!

O drama gira em torno de um professor universitário gay, em 1962, que perde o namorado num acidente de carro logo no começo do filme e passa a viver sozinho. Ou seja, não é um filme para as grandes massas. Além da temática gls, o filme é sobre idade, morte, solidão, nada pra ir curtir no Domingo com a família. Mas não é um filme depressivo; as imagens e as performances de Colin Firth e Moore fazem dele um prazer que supera a seriedade do tema.

E pasmem, o rapaz da foto acima é Nicholas Hoult, o nerdzinho de Um Grande Garoto:

Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Colin Firth).

A Single Man (EUA, 2009, Tom Ford)

INDICADO PARA: É um filme difícil de classificar, mas acho que é pra quem gosta de filmes maduros e visuais, como Longe do Paraíso ou mesmo o Beleza Americana (esquecendo o lado teen).

NOTA: 8.0

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