quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Amor e Outras Drogas


Um filme bem acima da média e que demonstra um ponto importante - de que não é preciso gostar da "mensagem", nem mesmo dos personagens, pra se gostar de um filme - que a avaliação estética está acima da nossa reação emocional primária a ele. Muitas vezes me atacam aqui no blog dizendo que fui injusto, que há uma diferença entre o filme ser bom ou ruim e o meu "gosto pessoal". Sim. O problema é que quase todos os filmes hoje em dia são ruins esteticamente - restando apenas nossa "empatia" particular pela história como única ferramenta de avaliação.

Jake Gyllenhaal é um jovem ambicioso, extrovertido, "conquistador" (pense no Tom Cruise dos anos 80 - aliás o filme todo lembra produções daquela época, no bom sentido) e trabalha na Pfizer vendendo remédios (o filme é uma grande propaganda da Pfizer, mas totalmente apropriada e justificada pela história, assim como Náufrago fez com a FedEx). Ele conhece a Anne Hathaway, uma paciente com Parkinson, e os dois começam um relacionamento de sexo vazio que aos poucos vai se tornando mais complicado (ambos aparecem praticamente nus, o que é bem raro hoje em dia).

Por que não gosto da "mensagem" do filme? Porque não simpatizo pelos personagens - não me identifico com o amor deles, que é o tipo de amor "cínico" predominante hoje em dia, onde as pessoas se unem pelo desprezo compartilhado que sentem pela vida (sou mais Meg Ryan nesse aspecto).

Mas isso não importa, pois o filme é uma história bem contada - clara, inteligente, divertida, uma história de amor honesta com personagens reais, boas cenas, bons diálogos, tecnicamente impecável. Enfim, não é um novo clássico, mas é um filme rico, bem escrito, atuado e dirigido (por Edward Zwick, de Tempos de Glória e O Último Samurai). Se tivesse atores mais feios certamente seria indicado a alguns Oscars.

Amor e Outras Drogas
Love & Other Drugs (EUA, 2010, Edward Zwick)

Orçamento: US$ 30 milhões
Bilheteria atual: US$ 76 milhões
Nota do público (IMDb): 6.6
Nota da crítica (Metacritic): 5.5
Assista o trailer

INDICAÇÃO: Quem gostou de O Solteirão, Amor Sem Escalas, Jerry Maguire, etc.

NOTA: 7.5

4 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Confesso que veria o filme de qualquer jeito, só pelo elenco! adoro o par central e seu texto me animou mais pra conferir essa obra!

abraço

Caio Amaral disse...

Olá Cristiano! Então vai ser um prato cheio pra vc, pq eles estão ótimos mesmo e o filme é totalmente voltado pra personagem. Abs!

Laura Catta Preta disse...

Ai Caio, não gostei :(
Achei a química dos dois absurda de boa, mas fiquei meio constrangida com a história.
Eles resolvem se envolver e encarar o obstáculo que é uma doença muito séria, mas ele faz bem o que ela disse: querer que ela melhore pra conseguir amar ela.
aí eles se afastam, e ele decide ir atrás de novo e justamente quando as coisas iam começar a ficar feias que nem aquele marido na unconvention falou, o fime acaba e mostra vários momentos bonitos deles.
ou seja, ele decide ficar com ela pro resto da vida sem nunca ter nunca convivido com a doença dela de verdade enquanto o filme corre.
não comprei o romantismo gratuito, acho que o filme aborda a doença muito de leve com medo de cair da categoria comédia romântica.

Caio Amaral disse...

Laura então, como disse, não simpatizo pelo romance, mas isso não me impediu de gostar do filme de um ponto de vista narrativo / estético.

Quanto ao lance da doença... Achei ótimo que o filme não pede pra platéia ter dó dela, nem tenta disfarçar e fingir que a doença não é um problema tão grave... O filme é meio brutal nesse aspecto. Aquela cena que ela vai ao encontro das pessoas com Parkinson e sai toda feliz, e ele por outro lado ouviu o cara na convenção e já começou a hesitar - é esse tipo de sinceridade crua que eu achei tão incomum e admirável no filme. Os personagens podem estar confusos e errados - mas o FILME é lúcido e mostra essa 'confusão' com clareza e inteligência