sábado, 4 de fevereiro de 2012

J. Edgar


Bom filme biográfico dirigido por Clint Eastwood sobre J. Edgar Hoover, que foi chefe do FBI durante 5 décadas. O filme mostra a carreira dele de maneira integrada com a vida pessoal, revelando um homem que era independente, ambicioso e ao mesmo tempo cheio de questões mal resolvidas e vulnerabilidades na intimidade.

Mostrar as vulnerabilidades é algo positivo; torna a história mais universal e as conquistas mais interessantes - o que eu não gosto é quando o filme começa a querer diminuir as virtudes dele (atendendo ao gosto dessas pessoas que adoram descobrir podres por trás de celebridades). São 2 coisas diferentes.

Toda a velhice e morte de Edgar são mostradas com um tom de decadência, como se o fato dele morrer representasse uma derrota, o pagamento pelos pecados - uma sugestão cínica de que suas conquistas e ambições não serviram pra nada. Esse tom de crítica é apropriado num filme como Lawrence da Arábia, que é sobre um homem brilhante e que realizou grandes coisas, mas que ao mesmo tempo era altamente perturbado e maluco (e isso é muito bem ilustrado na história).

J. Edgar é apresentado como um homem ambicioso, honesto, idealista e que apenas tinha uma vida íntima mal resolvida - tinha um caso gay enrustido com seu homem de confiança, a mãe era dominadora - mas longe disso torná-lo um homem infeliz ou detestável. Se na vida real Hoover era mau caráter, racista, chantagista, tinha um lado negro, o filme não demonstra isso a ponto de justificar o tom ambíguo (e um filme não pode esperar que o público entre na sala com informações históricas especiais).

O "podre" que o filme mais enfatiza é o fato dele ter inventado que prendeu pessoalmente alguns bandidos famosos da época, tudo pra ganhar popularidade e engrandecer sua imagem. É uma distorção de fato questionável - ele devia querer reconhecimento por seus méritos reais, que eram muito maiores do que ter participado de uma ou outra apreensão - mas o filme querer dar a impressão que ele era um vigarista por conta disso não faz sentido.

Enfim, algumas coisinhas técnicas atrapalham, como a maquiagem que não convence, mas o resultado final é positivo e o filme acaba funcionando, principalmente como um estudo interessante de personalidade. Infelizmente foi mal de bilheteria e não teve indicações ao Oscar.

J. Edgar (EUA / 2011 / 137 min / Clint Eastwood)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Frost/Nixon, O Aviador, Uma Mente Brilhante.

NOTA: 7.0

2 comentários:

renatocinema disse...

Quero assistir ao filme. Apesar das falhas que você apresenta o resultado final sendo positivo....me deixou ainda mais ansioso.

Caio Amaral disse...

Vá sim.. é melhor que alguns que estão indicados ao Oscar. Abs!