quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Um Divã para Dois

Comédia do diretor de O Diabo Veste Prada sobre uma mulher já na terceira idade que está frustrada com o seu casamento de mais de 30 anos. Após ler um livro de um especialista em relacionamentos, ela convence seu marido a voar até a cidadezinha de Hope Springs no Maine para uma semana de terapia de casal.

Me parecia um pouco inapropriada a ideia de um filme sobre a Meryl Streep apimentando sua vida sexual com Tommy Lee Jones, mas fiquei feliz de ver que Meryl consegue se safar até com isso. Os dois estão adoráveis e o filme funciona pois o foco não é no sexo, mas no lado afetivo (não digo isso por causa da idade deles - seria o mesmo se eles tivessem 30 anos). Este é um casal que realmente se ama, e ao longo do filme percebemos que o que Meryl quer não é safadeza, mas reacender a chama que fez com que eles se apaixonassem.


Por trás disso, é uma história sobre volição - sobre a capacidade de termos metas e de tomarmos as ações necessárias para atingi-las; a ideia de que sua vida pessoal e a sua felicidade estão sob o seu controle (essa é a essência da escola Romântica de literatura). Quando falamos de negócios ou de questões concretas, a maioria das pessoas aceita o conceito de volição, mas nem todo mundo percebe que o mesmo se aplica ao caráter e às questões pessoais. 

O filme não é grande coisa (o personagem do terapeuta é mal explorado e acaba parecendo de fato uma auto-ajuda barata), mas é um romance que inspira e Meryl e Tommy dão profundidade à história. 

Hope Springs (EUA / 2012 / 100 min / David Frankel)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Simplesmente Complicado, Julie & Julia, Alguém Tem que Ceder, Tudo em Família, Terapia do Amor, etc.

NOTA: 6.5

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Rock of Ages: O Filme

Adaptação da comédia musical de rock da Broadway de 2006, a história se desenvolve ao redor de uma casa noturna famosa na Sunset Strip em 1987. A trilha sonora é composta de músicas de vários artistas e bandas dos anos 80 como Bon Jovi, Guns N' Roses e Journey.

Num musical, a atração principal são as canções e as cenas musicais. O primeiro problema de um musical "jukebox" como este é que nenhuma das canções é original (não foram criadas para o filme ou para a peça original), e isso já coloca o projeto num nível abaixo dos musicais que apresentam canções próprias (soa um pouco fácil pegar um monte de hits e costurá-los num enredo simples). Se a história fosse excelente, ou se as sequências musicais mostrassem grande criatividade e talento, talvez isso não enfraquecesse o filme (por exemplo, a música "Singin' in the Rain" já era conhecida antes do filme Cantando na Chuva, mas isso não tira a genialidade do número criado por Gene Kelly). Além disso, a escolha de músicas aqui é meio batida e acaba parecendo mais uma retrospectiva do seriado Glee do que uma homenagem ao rock dos anos 80.


Dito isso, achei o filme divertido, muito bem produzido e agradável de ver. Os personagens são estereótipos mas os atores os fazem com perfeição, o humor funciona e é um dos pontos fortes do filme, os números musicais são bem feitos (o diretor é o Adam Shankman, o mesmo de Hairspray, que parece ser um dos únicos que entendem do gênero), e mesmo sem canções novas, o filme foi feito com entusiasmo e tem um nível de capricho que não se vê todo dia.

Rock of Ages (EUA / 2012 / 123 min / Adam Shankman)

INDICAÇÃO: Pra quem gosta de Glee, de Hairspray, Mamma Mia!, High School Musical 3, Dreamgirls, etc.

NOTA: 7.5

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O Vingador do Futuro

Bem diferente do original com Schwarzenegger, o filme não inclui viagens a Marte e foca mais no lado político da história. Colin Farrell faz um operário de fábrica no final do século 21 que, cansado de sua rotina, procura a Rekall - uma companhia que pode implantar memórias de uma vida mais interessante em sua mente.

Após um começo promissor e uma apresentação muito bem feita do personagem e da situação, o filme vai se tornando cada vez menos envolvente, perdendo o interesse de perseguição em perseguição. E o que vai piorando é o roteiro: o filme pede que a gente invista nossa atenção em uma série de personagens secundários, detalhes mal explicados da trama, mas não nos dá motivos fortes o bastante pra termos interesse no objetivo final da história - especialmente porque ele sugere desde o começo que tudo aquilo que vemos pode se tratar de uma ilusão na cabeça do herói. Assim, o público não vai (e não deve) se preocupar muito com o que está acontecendo na tela (fazendo uma comparação meio absurda, imagine se no começo de Titanic a velhinha fosse apresentada como uma esquizofrênica e tivéssemos motivos para suspeitar de que ela nunca esteve no navio e que sua história na verdade vem de um filme que ela assistiu na juventude; as cenas do desastre teriam o mesmo impacto?). Subjetivismo pode ser um tema interessante para uma discussão intelectual, mas não há nada que destrua melhor um filme de ação.


Além disso, toda a ação do filme gira em torno de um tema de opressão política que não é bem explorado e não parece ser algo de importância ideológica pro protagonista - então mesmo que fosse estabelecido que é tudo real, o drama ainda não seria dos mais interessantes.

O lado bom é que o filme é bem dirigido, as cenas de ação são bem coreografadas, os efeitos especiais são de ótima qualidade e a direção de arte é cheia de ideias interessantes - embora lembre muito Blade Runner, Minority Report e outros do gênero.

Total Recall (EUA, Canada / 2012 / 118 min / Len Wiseman)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Contra o Tempo, Os Agentes do Destino, A Origem, Minority Report,  etc.

NOTA: 6.0

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

360


Filme de Fernando Meirelles que costura várias histórias de pessoas diferentes, nacionalidades diferentes, vivendo seus dramas particulares. O filme vai indo e vindo, saltando de uma história pra outra - muitas delas se encontram em alguns pontos, mas isso não gera uma estrutura compreensível ou alguma forma simples de narrativa. A única coisa que conecta as histórias é um senso de vida negativo, que mostra o homem como um ser essencialmente frustrado - uma marionete de seus conflitos psicológicos, incapaz de moldar seu caráter e sua vida.

Se o filme tivesse 3 histórias a mais ou a menos, 30 minutos a mais ou a menos, pouca diferença faria. O nome 360 sugere um giro completo - isso é no fundo uma tentativa de dar forma a um tipo de filme que essencialmente não tem forma. O fato da última cena do filme ser parecida com a primeira não dá ao filme uma estrutura "circular", tampouco quer dizer que ele fez um retrato completo da humanidade.


Como sempre digo, não sou fã de filmes Naturalistas. Este pelo menos tem personagens e situações moderadamente interessantes, atores conhecidos (o mais memorável é Anthony Hopkins), e Meirelles tenta tornar a direção dinâmica dentro do possível. 

360 (Reino Unido, Áustria, França, Brasil / 2011 / 110 min / Fernando Meirelles)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Babel, 21 Gramas, etc.

NOTA: 5.0

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Ditador

Estrelado e co-escrito por Sacha Baron Cohen e dirigido por Larry Charles (o mesmo de Borat e Bruno), a comédia mostra a viagem à Nova York do General "Aladeen", ditador de um país fictício do Oriente Médio, que se dirigirá à ONU e tentará de tudo para impedir que a democracia chegue ao seu país. Diferente de Borat e Bruno, este não é um pseudo-documentário mas uma comédia convencional - e menos polêmica que o habitual de Cohen, dando a impressão de que ele pretende se tornar o próximo Eddie Murphy ou Mike Myers, fazendo trabalhos mais populares.

Apesar de abaixar o nível em alguns momentos, o humor aqui é bem intencionado, pois é uma tiração de sarro de coisas claramente malignas como terrorismo e misoginia (o interessante é que o filme também tira sarro de ambientalistas e liberais modernos, sugerindo que a ética certa também não é a deles). Em comédias desse tipo, é importante checar se não há algo de moralmente duvidoso no humor e se o alvo das piadas é de fato algo condenável.


Nesse sentido não há nada de errado com o filme. Mas apesar de algumas sacadas divertidas (como versões árabes de canções pop na trilha sonora) em termos de criatividade / imprevisibilidade / precisão / elaboração, as piadas não chegam a ser excelentes (o trailer estraga muitas delas também). A tentativa de introduzir um elemento político no final do filme (comparando o governo americano a uma ditadura) também me pareceu um pouco pretensiosa, embora devolva certa credibilidade e autenticidade à Cohen, que vai se posicionando como o principal comediante no cinema atualmente.

The Dictator (EUA / 2012 / 83 min / Larry Charles)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Borat, Zohan - O Agente Bom de Corte, Zoolander, Austin Powers (trilogia), Um Príncipe em Nova York, etc.

NOTA: 6.5

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Lola

Remake de um filme francês de 2008 (ambos da autoria de Lisa Azuelos), Lola é uma comédia/drama/romance teen onde Miley Cyrus interpreta uma típica adolescente passando pela fase das primeiras paixões, das brigas de colégio, das mentiras para os pais, da descoberta sexual, etc. Demi Moore é a mãe superprotetora de Miley que é recém-divorciada e também passa por sua fase de descobertas (ou redescobertas).

O filme é despretensioso como o título original (uma sigla de internet para "rindo alto"). O ponto fraco talvez seja a ausência de um enredo e de conflitos mais sérios. É basicamente um retrato do estilo de vida de Lola, focando nas amizades, nos relacionamentos e nos conflitos da idade (há algo aqui do espírito dos filmes do John Hughes dos anos 80).



Os personagens são inocentes, honestos, Miley está bem, o filme tem senso de humor, autenticidade, e embora ingênuo, consegue recriar de maneira convincente um universo maravilhoso onde amizades são inquestionáveis, amores verdadeiros estão facilmente ao seu alcance, sentimentos te dão automaticamente as respostas certas, e onde não há erros, diferenças ou brigas sérias o bastante entre as pessoas que não possam ser perdoadas com um sorriso.

LOL (EUA / 2012 / 97 min / Lisa Azuelos)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Hannah Montana - O Filme, Meninas Malvadas, A Garota de Rosa Shocking, etc.

NOTA: 7.0

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A Tentação


Drama que mistura suspense com debate filosófico e conta a história de um homem (Charlie Hunnam) no alto de um prédio que precisa pular ao meio dia em ponto, caso contrário a mulher que ele ama será assassinada. Gavin é ateu e se apaixona por Shana (Liv Tyler) esposa de um fundamentalista cristão (Patrick Wilson). Shana também é religiosa, mas num grau menos fervoroso que o marido. O que começa como uma discussão intelectual amigável sobre religião vira uma questão de vida e morte quando Shana começa a corresponder o interesse de Gavin.

O filme tem certos problemas, como algumas sub-tramas desnecessárias (todo o drama familiar do personagem de Terrence Howard - o detetive que tenta convencer Gavin a não pular) além de uma direção crua, sem estilo, que dá a impressão de um cineasta inexperiente. Por outro lado é um dos dramas mais envolventes que vi recentemente, e todo o suspense emerge do roteiro e do conteúdo da história. São raros os filmes que discutem problemas intelectuais de maneira tão explícita, ainda mais num gênero de suspense, expondo questões filosóficas num contexto familiar, onde qualquer leigo pode se envolver. Muitos acreditam que filmes intelectuais não devem entreter e que filmes que entretêm não devem lidar com questões intelectuais. A Tentação não é um exemplo perfeito dessa união, mas mostra como esses dois mundos podem conviver de forma bem sucedida.



The Ledge (EUA, Alemanha / 2011 / 101 min / Matthew Chapman)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Por Um Fio, Jogos Mortais, Menina Má.com (esse é um dos filmes que eu mais odeio, mas há certas semelhanças na abordagem do tema - a diferença é que Menina Má.com está do lado do mal, do caos, enquanto A Tentação defende valores positivos)

NOTA: 7.0

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Que Esperar Quando Você Está Esperando

Comédia sobre a gravidez (baseado no bestseller de Heidi Murkoff) que conta 5 histórias paralelas na cidade de Atlanta (na linha de Simplesmente Amor e Idas e Vindas do Amor) mostrando as infelicidades do período de gestação. No elenco estão Cameron Diaz, Jennifer Lopez, Elizabeth Banks, Rodrigo Santoro e Chris Rock, entre outros.

O filme tem o clima e a profundidade de uma revista de fofoca - vários famosos, corpos malhados jogados na tela gratuitamente, referências a atualidades como YouTube, programas de dieta na TV, "dança dos famosos", além do tom superficial e das frases de "sabedoria" convencionais que soam mais como tentativas de fazer o espectador se sentir menos culpado por suas irresponsabilidades. Por exemplo, na mensagem de que nunca se está preparado para ter um filho (emocionalmente e financeiramente) - que engravidar é "pular num trem em movimento e torcer para não morrer".


O humor é baixo e envolve muito vômito e todo tipo de piada de banheiro. A atitude geral é: a vida é dura, relacionamentos são complicados, engravidar é uma tortura, então vamos rir da nossa própria desgraça que no fim dá tudo certo. O filme foca nos aspectos concretos e desagradáveis da gravidez e não consegue projetar o lado positivo - a beleza de se gerar uma nova vida (exceto por 1 ou 2 instantes no final - graças mais ao elenco do que ao roteiro) e acaba dando à gravidez a dimensão espiritual de uma grande prisão de ventre.

What to Expect When You're Expecting (EUA / 2012 / 110 min / Kirk Jones)

INDICAÇÃO: Noite de Ano Novo, Coincidências do Amor, Idas e Vindas do Amor, Ligeiramente Grávidos, etc.

NOTA: 5.0

domingo, 5 de agosto de 2012

Katy Perry: Part of Me

Documentário que mostra os bastidores da turnê "California Dreams" de Katy Perry ao mesmo tempo em que conta a trajetória musical da cantora desde que era uma garota comum vivendo numa casa extremamente religiosa, até estourar nas paradas e se tornar uma das artistas pop mais bem sucedidas dos últimos tempos. O filme também explora o relacionamento dela com o comediante Russell Brand e a eventual separação dos dois.

O clímax emocional do filme é durante a apresentação de Katy em São Paulo (o maior público da turnê) onde ela ficou visivelmente emocionada com a reação dos fãs (eu estava lá nesse momento e me lembro da eletricidade no ar - foi um momento incrivelmente verdadeiro e íntimo de Katy - em seu choro contido, estava a prova silenciosa de que ela havia realizado seu "teenage dream" e estava no auge do sucesso).


Gosto de Katy mas o documentário em si não me impressionou muito e não acho que ajuda a defini-la como uma estrela - pelo contrário; a intenção parece ser a de mostrar que ela é uma garota simples e que essa história poderia ter acontecido a qualquer uma. Eles realmente nos convencem de que Katy é uma menina comum - não no sentido de não ser arrogante e ter uma vida normal, mas no sentido dela nem parecer ser uma artista ou ter qualquer talento fora do comum que justifique seu sucesso - uma garota com uma personalidade ainda em desenvolvimento e que até pouco tempo atrás nem tinha um gosto musical definido.

Toda a abordagem me pareceu ir contra a natureza do documentário e eu só ficava me perguntando onde estava a mente brilhante que escreveu um álbum inteiro só de hits. Não parecia ser a mesma pessoa que estava na tela. O cartaz do filme diz "seja você mesma e você poderá ser qualquer coisa" - o filme parecer querer inspirar os fãs escondendo que ela tenha qualquer virtude; dizendo que seu sucesso aconteceu simplesmente porque ela "acreditou" e "foi ela mesma". Não sei se compro muito essa história. Part of Me parece literalmente parte de Katy - gostaria de ter visto a outra parte também.

Katy Perry: Part of Me (EUA / 2012 / 93 min / Dan Cutforth, Jane Lipsitz)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Glee 3D: O Filme, Justin Bieber: Never Say Never, Jonas Brothers 3D - O Show, etc.

NOTA: 6.0