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NOTAS DA SESSÃO:
- Filme tem atitude moralista (no bom sentido).
- "Meu pecado é que eu sempre exigi mais do por do sol!"- diálogos fantásticos!! São filosóficos e cheios de conteúdo.
- Comparação da pesca com Joe "caçando" no trem incrível.
- Estilo sempre divertido, cheio de ideias diferentes - mas ao contrário de alguns filmes que fazem isso de maneira desconectada, só pra chamar atenção, aqui as "excentricidades" do diretor estão associadas ao conteúdo: as imagens da pesca servem pra fazer uma associação abstrata, os gráficos que surgem na tela servem pra clarificar uma ideia, a nudez está justificada pelo tema do filme, etc. Nada soa gratuito e desintegrado.
- Filme é
Idealista, mas expondo o negativo - mostra pra plateia "o que NÃO fazer". Trier é um expert no estudo da maldade. Ele não quer relativizar as coisas e dizer que Joe na verdade é uma boa pessoa. Ela se anuncia como má no início do filme, e o que o filme mostra a seguir é apenas uma tentativa de comprovar isso. Não é uma tentativa de glamourizar a protagonista - mostrá-la como uma mulher sensual e mais "livre" do que você.
- Conversa fantástica sobre cortar as unhas da mão esquerda ou direita primeiro. Diálogos são de uma criatividade e sensibilidade admiráveis. Incrivelmente inteligentes, abstratos e divertidos.
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- Roteiro estruturado e com um objetivo claro. Não explicar por que ela está machucada no começo é uma ótima maneira de manter o interesse ao longo da história toda.
- Interessante que a plateia ri do começo ao fim da sessão. Apesar dos temas sérios e obscuros, Trier no fundo é um "entertainer" de primeira.
- Joe olhando os passageiros do metrô pra lembrar de partes de Jerome - como alguém pensa nessas ideias????
- Interessante ele usar a mesma música que toca em
De Olhos Bem Fechados (um filme também sobre obsessões sexuais). Há tantos paralelos entre Kubrick e Trier.
- Cena da Uma Thurman simplesmente genial!! Me lembra o tipo de situação que o Woody Allen cria, mas o interessante é que aqui o humor não é explícito. Os personagens agem como se fosse tudo sério (o que torna a cena ainda mais absurda e hilária).
- SPOILER: Trier é perverso!! Depois do pai de Joe dizer aquela frase incrível e inspiradora sobre não ter medo da morte, ele puxa o nosso tapete e mostra o personagem vivendo um horror insuportável. É tão esperto que eu quase não me incomodo de ser pessimista.
- Por que todo um capítulo dedicado ao pai na história? Dá a entender que ele deve ter algo a ver com o distúrbio sexual dela, mas ainda não está claro.
- SPOILER: Comparação de sexo com música no final: vontade de levantar e bater palmas no cinema!! Amo a abordagem racional que ele tem para questões ligadas a valores e emoções. Concordo totalmente que os valores que buscamos em arte são equivalentes aos que buscamos no amor. Mas é fascinante como Joe busca as características que admira de maneira separada. Isso pode explicar por que ela é tão promíscua: ela está disposta a ir pra cama com alguém que tenha apenas 1 de seus valores mais importantes, e não exigir os outros. Será que ela acredita que poderia encontrar todos os valores principais numa pessoa só - e que isso seria o amor?
CONCLUSÃO: Um dos filmes mais inteligentes e criativos que já vi.
(Nymphomaniac: Volume 1 / Dinamarca, França, Alemanha, Bélgica, Reino Unido / 2013 / Lars von Trier)
FILMES PARECIDOS: Anticristo, Dogville, De Olhos Bem Fechados.
NOTA: 10