NOTAS DA SESSÃO:
- Produção, fotografia, figurinos - tudo muito bom.
- Alicia Vikander está ótima! Algo em Eddie Redmayne me incomoda um pouco. Ele tem um sorriso feminino, doce, mas que dá uma impressão de falsidade pois não combina com a dureza de seu olhar. Ele se daria muito bem fazendo papéis de vilões - desses que têm uma cara de bonzinho escondendo a maldade por trás. De qualquer forma, acaba sendo eficiente um ator tão exótico como Redmayne fazendo o papel de um transsexual - alguém que desafia nossos conceitos de identidade.
- Surpreendente a reação da Alicia quando vê o marido de vestido! Ela age com a maior tranquilidade e o aceita sem hesitar.
- Meio forçado ele querer ir na festa vestido de mulher! Ele era um cara convencional até pouquíssimo tempo atrás! Não tinha uma personalidade transgressora, ousada. A descoberta da identidade feminina dele aconteceu de uma hora pra outra - não é que ele já se via assim desde criança e só faltava se assumir pros outros. Ele não iria trocar de identidade tão rapidamente, se expor na sociedade sem ter passado por um processo de aceitação primeiro.
- Também é um pouco falso as pessoas na festa reagirem a ele como se fosse uma mulher belíssima, quando na verdade Eddie não fica tão atraente assim como mulher. O espectador tem que lembrar: "é só um filme".
- Impressionante a interpretação do Eddie Redmayne quando o amigo o beija na festa pela primeira vez! Mas é estranho a esposa ficar revoltada por ele ter beijado um homem! Se ela reagiu tão bem ao fato dele virar um travesti, por que essa surpresa agora?
- SPOILER: Chocado que o Henrik beijou a Lili sabendo que ela era o Einar.
- Por que nunca vemos a Alicia pintando os quadros da Lili? Isso parece tão central na história. O Eddie posa pra ela, ou ela faz tudo de memória?
- A relação do casal é bonita - o apoio genuíno que um dá pro outro, principalmente a maneira como a esposa lida com a situação. A personagem da Alicia Vikander acaba sendo mais fácil da gente se identificar do que o do Redmayne, até porque não sabemos muito sobre ele. É uma figura distante, misteriosa, que gera pouca empatia (embora a performance seja fantástica). As emoções dela já são mais transparentes e gostáveis. Sem falar que ele é desonesto às vezes. Por exemplo, quando o Hans chega na casa e ele está vestido de Lili: ele não está apenas se apresentando como mulher. Ele está tentando ser uma outra pessoa, com outra personalidade, outro passado, fingindo que não conhece o Hans, literalmente mentindo.
- Interessante o trecho em que ele vai procurar ajuda de médicos e todos acham que ele é louco. A história é bem estruturada, não fica monótona e sempre levanta discussões interessantes. Mas acho um pouco difícil de ficar animado com a decisão dele de mudar de sexo, não só pela natureza da cirurgia, mas pelo fato dessa descoberta ter vindo de uma hora pra outra, sem muito preparo do roteiro. Não era um grande sofrimento para ele antes ser homem. Ele parecia viver muito bem. Se fosse alguém deprimido, desajustado, talvez a cirurgia também soasse pro público como a "única esperança", como ele diz. Mas pra gente parece uma decisão apressada, perigosa, que não teve tempo de amadurecer.
- Alguns aspectos da história são mal explorados. Einar não tinha amigos, família, clientes? Quando ele vira Lili ninguém sente falta?
- SPOILER: Não esperava que ele iria morrer! Mas não é totalmente trágico, pois ele realizou seu sonho e estava feliz no fim. O final é forte e tem um tom positivo apesar de tudo.
CONCLUSÃO: Drama com um tema complicado e um personagem central nem sempre gostável, mas bem realizado, interessante e com performances impressionantes de Eddie Redmayne e Alicia Vikander.
The Danish Girl / Reino Unido, EUA, Bélgica, Dinamarca, Alemanha / 2015 / Tom Hooper
FILMES PARECIDOS: Carol / O Jogo da Imitação / A Teoria de Tudo / Kinsey - Vamos Falar de Sexo / Meninos Não Choram
NOTA: 7.0
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