- Narrativa bagunçada, apressada - parece que a história começou do meio ou que estamos vendo um trailer. É como se a intenção fosse apenas apresentar os fatos da história: 1) Moisés é colocado no rio, 2) Fulana encontra o cesto - sem criar uma experiência narrativa coerente pra plateia. Os personagens são mal apresentados, mal desenvolvidos, o que impede a gente de se envolver direito no drama.
- A produção tem certo apelo popular, mas não tem nenhum requinte artístico. Sem dúvida eles gastaram bastante dinheiro pros padrões nacionais, mas é tudo muito grosseiro em termos de direção, trilha sonora, interpretações, etc.
- O começo do romance entre Moisés e a Giselle Itié é um pavor (a passagem de tempo com a canção romântica de fundo). Soa infantil demais e irreal.
- Tirando o lado místico, a analogia da semente é bonita!
- As cenas são muito apelativas! Tipo produção da Índia... O Paulo Gorgulho gritando pra Deus que eles são suas ovelhas e depois abrindo a camisa. Parece um monte de gente louca, fanática. O filme só funciona pra quem é religioso e leva isso tudo a sério... Não é feito de uma forma que seja interessante e aceitável para todos (como o clássico de 1956, por exemplo).
- Que bizarro os guardas também conseguirem transformar os cajados em cobras! Quer dizer que Deus também é "colega" dos vilões?
- Acho sempre um absurdo essa parte das pragas. Só é divertido visualmente, quando os efeitos especiais são muito bem feitos (o que não é o caso aqui). Mas não há nada de admirável nas atitudes de Moisés/Deus. É um grupo de bárbaros lutando contra outro grupo de bárbaros. Parece que Deus só quer exibir seus poderes, e não resolver os problemas das pessoas.
- Abertura do Mar Vermelho: é sempre um clímax interessante, mas os efeitos especiais estão muito abaixo do que se espera pros padrões de hoje.
- A ética de Deus é bem discutível... Basicamente ele quer que todos sejam submissos, não questionem nada, a obediência é a maior das virtudes, etc.
- Por que Moisés briga com todos que estavam festejando, dizendo que eles desobedeceram às leis de Deus? Ele não tinha acabado de descer da montanha com os mandamentos fresquinhos? Como eles iriam saber antes quais eram as regras?
CONCLUSÃO: Produção de baixo nível técnico e artístico que só deverá agradar quem for mais religioso e tiver uma memória afetiva em relação à história.
Os Dez Mandamentos - O Filme / Brasil / 2016 / Alexandre Avancini
FILMES PARECIDOS: Deus Não Está Morto / Maria, Mãe do Filho de Deus
NOTA: 3.5
- A produção tem certo apelo popular, mas não tem nenhum requinte artístico. Sem dúvida eles gastaram bastante dinheiro pros padrões nacionais, mas é tudo muito grosseiro em termos de direção, trilha sonora, interpretações, etc.
- O começo do romance entre Moisés e a Giselle Itié é um pavor (a passagem de tempo com a canção romântica de fundo). Soa infantil demais e irreal.
- Tirando o lado místico, a analogia da semente é bonita!
- As cenas são muito apelativas! Tipo produção da Índia... O Paulo Gorgulho gritando pra Deus que eles são suas ovelhas e depois abrindo a camisa. Parece um monte de gente louca, fanática. O filme só funciona pra quem é religioso e leva isso tudo a sério... Não é feito de uma forma que seja interessante e aceitável para todos (como o clássico de 1956, por exemplo).
- Que bizarro os guardas também conseguirem transformar os cajados em cobras! Quer dizer que Deus também é "colega" dos vilões?
- Acho sempre um absurdo essa parte das pragas. Só é divertido visualmente, quando os efeitos especiais são muito bem feitos (o que não é o caso aqui). Mas não há nada de admirável nas atitudes de Moisés/Deus. É um grupo de bárbaros lutando contra outro grupo de bárbaros. Parece que Deus só quer exibir seus poderes, e não resolver os problemas das pessoas.
- Abertura do Mar Vermelho: é sempre um clímax interessante, mas os efeitos especiais estão muito abaixo do que se espera pros padrões de hoje.
- A ética de Deus é bem discutível... Basicamente ele quer que todos sejam submissos, não questionem nada, a obediência é a maior das virtudes, etc.
- Por que Moisés briga com todos que estavam festejando, dizendo que eles desobedeceram às leis de Deus? Ele não tinha acabado de descer da montanha com os mandamentos fresquinhos? Como eles iriam saber antes quais eram as regras?
CONCLUSÃO: Produção de baixo nível técnico e artístico que só deverá agradar quem for mais religioso e tiver uma memória afetiva em relação à história.
Os Dez Mandamentos - O Filme / Brasil / 2016 / Alexandre Avancini
FILMES PARECIDOS: Deus Não Está Morto / Maria, Mãe do Filho de Deus
NOTA: 3.5
5 comentários:
Me perdoe o texto longo, mas garanto que não vai ser prolixo nem enfadonho. Pra quem já frequentou a igreja durante muito tempo, o filme êxodo deuses e reis tenta criar uma narrativa o menos mística possível. A explicação para as dez pragas, as conversas com deus e a abertura do mar vermelho passam longe do descrito na bíblia. Então o filme consegue ser coerente sem ser fantasioso (apesar de na suas anotações, você dizer que o universo ali é fantástico). E para quem não conhece a bíblia, consegue criar uma boa experiência ser exigir muito da plateia.
Já este filme faz exatamente o oposto, exige que você seja uma pessoa religiosa para compreender o enredo, motivações e situações ali ocorridas.
A explicação bíblica para os "milagres" são os seguintes:
- Somente Moisés sabia o nome de deus (javé, Yehovah, yhwh, יהוה), quando perguntou, que nome deveria dizer (por motivos de não direis o nome do senhor em vão), moisés deveria dizer: "eu sou aquele que sou me enviou". Pra mim nunca fez sentido.
- os cajados que viram cobras. Deus transformou o cajado de Moisés por meio do milagre. Algumas igrejas dizem que satã transformou o cajado dos outros dois, outras dizem que eles fizeram um truque de mágica. Mas o que conta é que a cobra de moisés comeu as outras duas. Triunfo de deus?
- Alias, eles não eram guardas, eram "homens sábios". Tipo sacerdotes egípcios.
- Os egípcios eram politeístas que adoravam o rio nilo, o deus da colheita, o deus sol, etc. Deus zoou o barraco fazendo das coisas que eles adoravam as pragas. Como que dizendo que os deuses deles eram ridículos.
- TODOS os egípcios morreram nas dez pragas, ou morreram no mar vermelho, e o único egípcio vivo foi o irmão de moisés. Deus ajeitou a situação para que ele olhasse pro estrago e dissesse "Deus, você é foda". Não é piada, deus poupou a vida dele para que reconhecesse sua insignificância e aceitasse que ELE era o único deus.
- Até hoje me pergunto como a civilização egípcia foi preservada triunfante até o contato com o império romano milhares de anos depois. Parece que deus falhou miseravelmente.
- Quando moisés subiu o monte, os hebreus ficaram sem um líder forte e sem sinal divino, então derreteram seu ouro e criaram uma bezerra para adorar. Moisés ficou puto porque estavam adorando uma imagem de um deus falso, e não porque estavam festejando.
- Moisés foi o homem mais manso da história, e os seus seguidores tinham que demonstrar tais virtudes. Logo, quando moisés foi receber a tábua dos 10 mandamentos, os hebreus tinham que esperar quetinhos sem questionar e falar nada. Independente de saberem ou não as regras.
- Deus quer que obedeçamos a ele simplesmente porque ele sabe o que é bom para seu povo. Os israelitas eram muito rebeldes, então deus começou a ficar mais rígido até virar um ditador sanguinário. Criando mais 600 leis. Mas o engraçado é que tudo por meio de uma pirâmide hierárquica humana, e não de forma direta. SIM, deus inventou a política.
- Jesus mandou as 610 leis e mandamentos tomar no fiofó e criou apenas dois, amar a deus e ao próximo. Deus foi incompetente ao criar leis obsoletas?
- A mais divertida de todas coisas relacionadas a esta história é que os religiosos sempre listam os mandamentos com numerais romanos. Roma não tinha sido fundada ainda. Mas não é só isso, os egípcios foram os inventores da matemática, e não compartilhavam as informações com os escravos, era impossível que os hebreus soubessem o que era numerais, muito menos quanto era 10. As tábuas são uma piada desde a sua concepção.
Quando era pequeno estudava a bíblia com um casal que vinha em casa toda semana. Tinha que aprender estas coisas, pois no dia do Armagedom, deus ia quantificar a quantidade de conhecimento que você "absorveu", cruzar com as informações que ele tinha anotado em um caderno simbólico, colocar em uma balança para jugar se eu era digno da salvação.
Seguramente no Dia do Armagedom você será salvo e eu, depois de ler seu post, certamente ferverei em um caldeirão nos quintos do inferno, detalhe na infância estudei em escola de padres. Cabe aqui um esclarecimento, a escola era mista. :)
Obrigada pela aula!!!
Marlene, vc está sendo sarcástica? Eu só listei algumas informações que nunca falam nesse tipo de filme, e esperam que vc conheça antes de assistir.
Mas se vc falou sério, de nada. Fico feliz que não foi tudo em vão. Eu não acredito mais nessas coisas, mas algumas informações a gente nunca esquece.
Muito legais suas observações, Marcus! Só pelo filme não dá pra gente entender muitas dessas coisas..
Sobre o universo ser fantástico.. só quis dizer que em termos de entretenimento, escapismo, é mais impactante ver uma onda gigante, um tornado, num ambiente realista pro público.. próximo do nosso contexto.. do que um evento desse acontecer milhares de anos atrás, pra personagens extremamente exóticos, com os quais não nos identificamos muito.. Parece uma fantasia acontecendo dentro de uma fantasia, o que tira parte da diversão.. Só nesse sentido que quis dizer.. Mas entendi sim que o filme teve uma visão mais "científica" dos eventos da história.
Marcus não é sarcasmo é admiração mesmo.
Por ter sido educada na religião católica, estudado em escola de padres (portanto tive aulas de religião) ter frequentado missas e mais missas, deveria conhecer mais esta História ou estória, como queiram, nem que fosse por osmose, já que era vizinha de uma Igreja e morava na rua do Seminário. rs rs rs
O tema me encanta e a novela também me encantou, mas admito que conheço pouco.
Agora no que diz respeito ao filme, ficou muitíssimo abaixo das minhas expectativas.
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