NOTAS DA SESSÃO:
- Divertida a cena do veado ressuscitando após o atropelamento. O filme começa bem - apesar de alguns clichês (o pai que só trabalha e não dá atenção pra filha, etc) o filme consegue criar um universo convincente (a maneira como os primeiros ataques zumbis vão sendo mostrados nos noticiários, o clima de confusão, etc).
- O primeiro ataque no trem é divertido, bem dirigido. Os zumbis são impressionantes fisicamente, as reações dos passageiros são boas. Legal a ideia de cobrir a janela com jornais pra que eles não sejam vistos (a sacada de que os zumbis são estimulados pela visão apenas).
- Um dos problemas desse tipo de filme é a monotonia - depois do primeiro ataque, não há muito mais pra esperar, a história perde um pouco a energia. A gente sabe que daqui pra frente será apenas uma série de situações onde os mocinhos são quase pegos pelos zumbis, escapam, há um momento de descanso, e daí tudo acontece de novo (o fato do filme se passar quase todo no trem contribui também pra isso). A história não está caminhando pra algo maior, pra um confronto final que será mais interessante do que os que já vimos, não há um plano pra acabar com as infecções, etc.
- Algumas manobras do roteiro pra gerar ação são meio forçadas. Não faz muito sentido o pai se separar da filha e ela ir parar naquele banheiro num outro vagão. É só pra ele ter que ir resgatá-la e se redimir, provar que é um bom pai.
- Alguns valores irritantes: o filme promove altruísmo, auto-sacrifício. Por exemplo, quando a filha exige que o pai salve os outros passageiros, não pense apenas neles. O filme fica criando uma série de situações desagradáveis onde alguém precisa escolher entre se salvar, ou arriscar a própria vida pra salvar outra pessoa.
- Outro ponto fraco do filme é que não há protagonistas interessantes. O pai é meio patético, a menina também não tem muita personalidade. A história funciona mais na base da ação física.
- Falsa a ideia da senhora abrir a porta de propósito e deixar os zumbis entrarem.
- Esse culto ao auto-sacrifício vai tornando tudo uma chatice. E claro, onde há altruísmo e auto-sacrifício como valores, tem que haver também uma certa dose de anti-capitalismo: o filme sugere que o apocalipse zumbi no fim é tudo culpa de investidores, homens de negócios gananciosos, etc.
- SPOILER: No fim o pai é mordido e se sacrifica pra salvar a filha, provando de uma vez por todas que é uma "boa pessoa" (só que depois de 20 cenas de sacrifício, ninguém mais se impressiona).
- Meio pretensioso todo esse final (a menina chorando no túnel, como se fosse um filme sério de holocausto, etc).
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CONCLUSÃO: Algumas cenas de ação bem feitas, mas os personagens são desinteressantes e a história é uma competição tediosa pra ver quem se sacrifica mais pelo outro.
Train to Busan / Coréia do Sul / 2016 / Yeon Sang-ho
FILMES PARECIDOS: Guerra Mundial Z (2013) / O Hospedeiro (2006)
NOTA: 5.5
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