O filme passa a estranha sensação de ser algo feito pra ser exibido em faculdades, telecursos ou algo do tipo (a direção, os atores - é tudo meio antiquado mas tentando parecer moderno). Outro fator que enfraquece o filme é a falta de valores positivos na história. O protagonista tem um caráter duvidoso, é retratado de maneira ambígua. Ao mesmo tempo em que o filme o glamouriza, ele faz uma crítica à sua ambição (enfatizando seus aspectos negativos) que me parece inadequada pro propósito da história. Ao longo do filme surgem várias questões que deixam o espectador na dúvida de se Gustavo Franco fez bem de fato para o país, ou se é uma espécie de anti-herói. Você não sente que ele é alguém com um sonho nobre fazendo de tudo para realizá-lo (como você sente num filme como Steve Jobs, por exemplo) - fica mais a impressão de um homem de baixa autoestima buscando poder a qualquer custo, querendo subir na vida pra conquistar mulheres, controlar os outros (ele é fã de Napoleão, etc). É como se os produtores quisessem ter dado um tom meio House of Cards pro filme pra torná-lo mais "cool", porém isso acaba deixando tudo com um tom moralmente duvidoso. A estrutura do roteiro também é insatisfatória... O Real já "dá certo" bem no meio do filme, e a partir daí não há muito mais o que esperar... O filme termina num bate boca inconclusivo entre Gustavo e um petista durante a CPI, e fica a cargo dos letreiros finais explicar o que aconteceu depois. Teria funcionado melhor como documentário pois as pessoas por trás da produção pareciam estar mais interessadas no aspecto político / econômico do filme do que em fatores cinematográficos (como ficção não funciona nem como um bom filme, e nem serve pra esclarecer o Plano Real termos econômicos pro público leigo).
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(Brasil / 2017 / Rodrigo Bittencourt)
FILMES PARECIDOS: Margin Call - O Dia Antes do Fim (2011)
NOTA: 4.0
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