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ANOTAÇÕES:
- A ideia da prisão é curiosa, diferente, mas se a intenção do filme for fazer qualquer tipo de crítica social, é uma enorme besteira, afinal nada nessa prisão tem qualquer semelhança com o funcionamento de uma sociedade. É uma situação tão fora da realidade quanto a premissa de A Centopéia Humana (a diferença mais evidente entre a prisão e o mundo real, é obviamente o fato de que numa sociedade, comida e riquezas não são "propriedades coletivas" que caem do céu, numa quantia fixa, limitada, pra serem distribuídas aleatoriamente entre as pessoas - no mundo real, as pessoas precisam produzir, trabalhar, e consomem proporcionalmente ao que produzem e ao que têm de riquezas a oferecer; e a vida real não é um jogo de "soma zero", onde pra um ficar satisfeito, o outro precisa passar fome).
- Regras mal explicadas: não entendemos direito por que existe essa prisão, qual sua função, quem pode ir pra lá, etc.
- O fato do protagonista ter ido pra lá voluntariamente parece incompreensível e impede a gente de se identificar totalmente com ele, temer pelo que irá acontecer. Não é uma pessoa inocente colocada à força numa situação terrível, tipo Jogos Mortais, Distúrbio (2018), o que gera mais tensão.
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- É um filme mal intencionado - faz a gente acompanhar personagens decadentes, passando por situações desagradáveis do começo ao fim. Não há nenhuma emoção positiva no filme. Ninguém pra admirar, nada pra torcer ou desejar, nada de bonito pra ver. É apenas uma tentativa infantil de expor os males do "capitalismo".
- Não temos como saber se o plano dos 2 faz sentido. Se fazer a panacota chegar intacta ao primeiro andar realmente os libertaria. As regras foram mal explicadas, então não ficamos envolvidos pela ação, torcendo pra dar certo.
- SPOILER: Menos sentido ainda faz a ideia de mandar a garotinha de volta na plataforma, em vez da panacota. O que isso irá provar? O que de fato irá mudar na prisão? Serão todos soltos? Pela velocidade com que sobe a plataforma, dava a impressão que seria impossível uma pessoa sobreviver à subida. Mas se é possível, eles mesmos não poderiam fazer isso e matar todo mundo chegando lá em cima? E escapar? Essa teria sido a primeira ideia de todas se o filme fosse coerente (uma das vantagens de se fazer filmes "simbólicos", é que você não precisa escrever uma trama de fato inteligente).
- SPOILER: Claro que o filme acaba de maneira abrupta, sem explicar nada. Muito mais fácil deixar o filme aberto a interpretações, deixar o espectador imaginando que o diretor tem algo genial em mente, do que ter que mostrar isso no filme em si (leia: Simbolismo e Filmes Interpretativos).
El Hoyo / The Platform / Espanha / 2019 / Galder Gaztelu-Urrutia
NOTA: 2.0