domingo, 1 de dezembro de 2024

Diagnósticos e Remédios Psiquiátricos

Depois de cerca de quatro anos experimentando uma série de medicamentos e terapias, além de testar ficar sem nada, resolvi voltar a tomar os remédios que usei entre 2012 e 2020, que já tinham se provado eficazes (Prozac + Risperidona). Em 2020, parei com eles porque me acostumei tanto com o efeito que comecei a achar que não precisava mais ou que eles não estavam mais funcionando. Foi só parando e, agora, voltando a tomar, que percebi o quanto eles eram benéficos para mim.

A grande surpresa nisso tudo foi perceber o quanto meu estado mental "normal" hoje, sem nenhum medicamento, é atípico e desconfortável. Filosofia, terapia, alimentação, sono, autoajuda, meditação, autoconhecimento — quando eu buscava bem-estar apenas por meio dessas coisas, era como tentar aliviar uma perna quebrada com homeopatia. Essas práticas são ótimas quando você já tem uma base mínima de bem-estar biológico, mas, na minha visão, elas não conseguem criar essa base.

Já fiz tratamentos com Prozac (Fluoxetina), Risperidona, Escitalopram, Venvanse e Wellbutrin (Bupropiona). No meu caso, o remédio que realmente dá "match" e parece fazer a diferença é o Prozac — o que sugere que, por algum motivo, eu tenho baixos níveis de serotonina no cérebro. Nunca tomei Prozac sem estar também tomando Risperidona, o que dificulta entender o papel de cada remédio isoladamente, mas o Prozac tem um efeito tangível, quase imediato, que não me parece possível atribuir à Risperidona.

E qual é o diagnóstico? Qual a causa desses desconfortos que me levam a tomar remédios? Bem, aí as coisas começam a ficar mais complexas. Já cogitaram que eu tivesse Asperger (TEA) ou TDAH — mas, quando passei por uma avaliação neuropsicológica em 2021, essas hipóteses foram descartadas (embora a avaliação não fosse específica para medir TDAH).

Isso não anula o fato de que, desde criança, eu tenho características psicológicas atípicas e uma série de sensibilidades e desconfortos que me empurram na direção dos transtornos de personalidade do grupo C — sintomas como ansiedade social, traços de TPOC, distimia — características não incomuns em pessoas com alta Conscienciosidade e Neuroticismo no teste Big Five. Mas, no meu caso, não parecem configurar um transtorno real.

A única coisa "diferente" que a avaliação neuropsicológica apontou foi um quadro de "superdotação" (que nada mais é do que os 2% da população que se saem melhor em um conjunto de testes cognitivos — nada tão raro quanto se pensa). Estudos modernos sugerem que pode haver uma relação entre superdotação e as sensibilidades e desconfortos que mencionei, mas isso ainda não é amplamente reconhecido pela ciência.

Estou registrando isso aqui não só para que vocês me conheçam melhor, mas também porque acredito que pode haver uma conexão entre perfis psicológicos, níveis de serotonina no cérebro, preferências artísticas, gostos, personalidade, etc. Portanto, se você se identifica com muitas de minhas experiências, é possível que tenha um "set-up" mental parecido e que, eventualmente, possa se beneficiar desse relato.

4 comentários:

Dood disse...

Depois de ler o seu texto, acabo me identificando muito com o seu relato. Este ano completa 20 anos desde a minha primeira crise depressiva, que foi desencadeada por um impacto emocional: a perda do direito a uma pensão que custeava minha faculdade de informática. Já passei por situações como tomar remédios e abandonar tratamentos com neurologistas. Por convicções pessoais, decidi não retornar aos tratamentos, acreditando que podia relativizar minha saúde mental.

Sempre fui visto como estranho e esquisito socialmente, uma pessoa de poucos amigos, o que até me espanta: como alguém assim pode ter amigos tão fiéis? Ao mesmo tempo, é comum eu causar um ruído tão grande nos ambientes que as pessoas acabam se afastando de mim. Por isso, sempre me senti mais confortável falando na internet.

Nos comentários da última postagem, mencionei como surgiu a possibilidade de superdotação. O primeiro insight veio de uma psicóloga, filha de uma vizinha, mas, na época, por conta de várias fofocas que tratavam minha personalidade de forma pejorativa, eu e minha mãe não demos atenção. Ela até disse: 'Meu filho é normal'. Nunca desconfiei de ser superdotado, até porque, na adolescência, fui encaminhado a psicólogos por dificuldades de aprendizado. Hoje, com um olhar mais crítico, diria que o que me limitava era um ambiente escolar inadequado, apesar de estudar em escola particular.

O último impacto foi em outubro do ano passado, quando um neurologista aposentado do SUS, que atende na minha região, apontou a possibilidade de superdotação. Ele disse que meus comportamentos, principalmente minha forma de falar, afastam as pessoas, gerando preconceito. Isso me fez refletir, mas também fiquei desconfiado. No entanto, o discurso dele sobre as características e dificuldades de superdotados acabou me convencendo, pois ele mencionou como esses indivíduos costumam ser incompreendidos, sonhadores e, por vezes, solitários.

Dois fatores me fizeram buscar mais informações sobre isso: meu último estágio depressivo, no qual cheguei a estar convicto de me suicidar, e a busca por detecção de algum transtorno no meu filho. Suas atitudes e personalidade muitas vezes são comparadas às minhas. Ele já tomou risperidona desde muito jovem, e tudo isso mexe muito comigo.

Caio Amaral disse...

Se um dia tiver a possibilidade de fazer uma avaliação neuropsicológica, pode ser interessante pra medir algumas dessas coisas. Mas no meu caso, foi um processo bem tortuoso, de forma que comecei a desistir dos "rótulos" (AHSD, TDAH, etc.) e a ser um pouco mais pragmático, focando nas minhas dificuldades específicas e no que poderia diminuí-las. Essa é uma área ainda um pouco nebulosa na medicina, e profissionais passando diagnósticos equivocados (ou por falta de conhecimento, ou pra ganhar likes) é o que não falta.

No seu caso, acho que o mais importante é evitar esses estágios depressivos... Independentemente do perfil cognitivo, seu estado emocional é algo que pode ser melhorado certamente. abs!

Dood disse...

O negócio é que não foi feito por um especialista da internet, mas sim por um médico mesmo. O cara é aposentado do sus, dá consulta por vocação. Essa avaliação por cima me deixou muito emocionado, chorei e tudo. Eu no fundo estava perdido, sabia que tinha minhas crises, irritação e uma vibe depressiva. E sempre tive essa sensação de não pertencimento a nada, aliás convivo com gente assim na internet. Então eu sei que tinha potencial, ser inteligente, mas você ser demitido pela circunstância que eu fui e estar desempregado tua auto estima vai no chão. E sempre soube que tinha uma falha de comunicação, porque mesmo no meu trabalho estava estagnado. Somente um supervisor viu realmente meu talento, ele foi responsável por levantar muitos da empresa . Só que quando chegou a minha vez eu fui demitido, triste.

Caio Amaral disse...

Que bom, se até os experts cometem erros nessa área, imagina os doutores de Instagram hehe. Cada um no fim tem que se responsabilizar por sua própria investigação, ver o que faz sentido considerando todo seu histórico de vida, cruzando todas as evidências, pegando segunda opinião, ouvindo as pessoas que te conhecem bem, etc. O propósito no fim é o bem-estar, é eliminar os obstáculos que podem ser eliminados pra ter uma vida mais saudável, etc.