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terça-feira, 2 de março de 2010

A Fita Branca


Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, em 2009, A Fita Branca é o novo filme do provocador cineasta alemão Michael Haneke (Caché, Violência Gratuita). Contada em preto e branco, a história se passa num vilarejo alemão poucos meses antes do início da Primeira Guerra Mundial, onde misteriosos atos de violência começam a ocorrer levantando suspeitas sobre os moradores da vila - especialmente sobre as crianças.

Sutil e com ritmo bem lento (e 2 horas e 25 minutos de duração), o filme é um comentário sobre o autoritarismo, a violência e a opressão. O conceito de Haneke é que essas crianças, acostumadas com a punição e à obediência cega dentro de suas próprias casas, são a semente do nazismo. Pra mim, isso soa como uma explicação barata e meio infantil. Uma afirmação grande, mas bobinha demais pra servir de base pra um filme tão bonito e ambicioso. É como aquele filme do Oliver Stone sobre George W. Bush, que dava a entender que todos os erros do presidente eram consequência da falta de amor do pai. Sei, sei.

A impressão que eu tive é que Haneke queria fazer o seu Dogville. Ele e Lars von Trier têm carreiras parecidas... Eles fazem parte de um mesmo universo filosófico, olham o mundo através da mesma lente - uma lente escura que quer revelar o caos e a crueldade humana. Só que eu acho Trier mais talentoso, mais profundo e mais divertido. Seus filmes são intensos, estimulantes. De qualquer forma, é um filme sobre ideias interessantes, é bem dirigido, e é visualmente impecável.

Indicado a 2 Oscars: Melhor Filme Estrangeiro (Alemanha) e Melhor Fotografia.

Das Weisse Band - Eine Deutsche Kindergeschichte (AUS/ALE/FRA/ITA, 2009, Michael Haneke)

NOTA: 6.5

domingo, 22 de novembro de 2009

Do Começo ao Fim


Pra quem não conhece, esse é o polêmico filme sobre os irmãos gays que vivem uma relação incestuosa. Desde que o trailer caiu na internet, virou a promessa de um Brokeback Mountain brasileiro; um filme que iria quebrar tabus e transformar o cinema nacional.

Mas acabou sendo uma das experiências mais dolorosas e constrangedoras que eu já passei numa sala de cinema. Não me lembro de um caso mais extremo onde um trailer tão forte resultou numa coisa tão horrorosa. Até me cansa pensar sobre o filme, porque tem tanta coisa errada nele que pra dizer como ele poderia ter funcionado seria preciso escrever uma teoria completa do cinema.

O filme tem 2 problemas principais: roteiro e direção. Mas isso, pra citar um amigo meu, é como chegar pra alguém e dizer "só mudaria 2 coisas em você: sua personalidade e sua aparência"! Tudo na tela está errado, principalmente o elenco. Os atores talvez não sejam tão péssimos como estão aqui, mas se o texto é forçado, se os enquadramentos estão errados, se a luz e a trilha sonora vão contra a cena, o que os coitados podem fazer?

E o problema não é só o que está na tela, mas principalmente o que não está. Cadê a história? Cadê os conflitos? Cadê a parte onde os dois começam a desenvolver a sexualidade? Cadê a reação dos pais quando pegam os filhos juntos pela primeira vez? Cadê os amigos e conhecidos da família - e o que eles acham disso tudo? A mãe, que serviria como o centro emocional da história, é eliminada logo no primeiro ato. Nunca vi um filme que fugisse tão furiosamente do próprio assunto que escolheu tratar. E o impensável - não há nenhuma cena de sexo! É um roteiro acéfalo, subdesenvolvido, medroso. Um fracasso tão completo que provavelmente não irá agradar nem ao público gay que já estava completamente vendido. O filme vai realmente do começo ao fim, sem em nenhum momento passar pelo meio.

Do Começo ao Fim (BRA, 2009, Aluízio Abranches)

INDICADO PARA: Fujam deste filme e não comentem com ninguém.

NOTA: 2.5