Simpatizei com o filme, apesar da abordagem Experimental. A falta de uma trama estruturada e a linguagem obscura impedem o Paradigma Idealista de existir, mas o filme não chega a cair no tédio, pois há sempre temas ambiciosos sendo discutidos, ideias originais surgindo na tela, e há certo valor de entretenimento nas escolhas excêntricas de Coppola. Num caso meio "Picasso", é aquele tipo menos comum de Experimentalismo que não parece apenas um disfarce para falta de talento e conteúdo. Há criatividade o bastante em Megalópolis para sentirmos que Coppola poderia ter narrado essa história de maneira mais tradicional e entregue algo interessante — ainda que o filme não tenha muita profundidade intelectual (tirando a comparação básica dos EUA com o Império Romano, o filme não traz grandes insights sobre política, cultura). É como se Coppola tivesse tentado criar seu A Revolta de Atlas, uma obra épica que pretende discutir temas atemporais, solucionar os grandes conflitos da civilização, mas sua megalomania estivesse além de sua real capacidade de cumprir a tarefa. Isso não quer dizer que Megalópolis seja uma obra vazia, charlatã (como penso de O Brutalista). Apenas que as qualidades do filme estão em outro campo, não no intelectual/filosófico. Parece mais um musical extravagante onde Coppola despejou centenas de ideias que foi acumulando ao longo de décadas. O resultado não é muito coerente, mas as ideias não são desinteressantes. Em textos como A Importância de Ideias e Inspiração ou Mentalidade Clichê eu discuto qualidades artísticas importantes que Megalópolis tem de sobra, e que faltam muito no cinema atual. São qualidades "hemisfério direito do cérebro". É uma pena que Coppola pareça achar que o artista de verdade é aquele que ignora em grande parte seu hemisfério esquerdo.
Quanto aos paralelos com A Nascente, deixei um comentário em vídeo:
Megalopolis / 2024 / Francis Ford Coppola
Satisfação: 6
Categoria: Não Idealismo (Experimentalismo / Filme de Autor)
Filmes Parecidos: Babilônia (2022) / A Viagem (2012) / Satyricon de Fellini (1969) / Southland Tales: O Fim do Mundo (2006) / Sinédoque, Nova York (2008)
Nenhum comentário:
Postar um comentário