terça-feira, 3 de agosto de 2010
O Bem Amado
Achei o filme frustrante, pois ele parte de uma premissa excelente pra uma comédia mas não desenvolve muito bem todo o potencial cômico da história. Pra quem não viu a novela, O Bem Amado é sobre Odorico Paraguaçu (Marco Nanini, um pouco exagerado demais no papel) um prefeito malandro que inaugura um cemitério na cidadezinha de Sucupira mas não pode fazer a grande inauguração da obra pois ninguém morre na cidade (sua reputação depende disso!). Ou seja, é uma premissa lógica que provoca uma inversão completa de valores e cria uma situação perfeita pra piadas, pois Odorico precisa desesperadamente que morra alguém. Mas o filme não explora muito bem a situação. Ele não procura as piadas naturais dessa história - vira mais um filme sobre "ironias do destino", sobre o azar de Odorico. Um retrato cínico da decadência moral, do "jeitinho brasileiro". E o filme também tem pretensões intelectuais, criticando explicitamente a política nacional.
Pegue a trama do clássico de Mel Brooks Primavera para Hitler - um produtor de teatro malandro descobre através de seu contador que pode ganhar mais dinheiro com um fracasso absoluto do que com um sucesso - ele precisa então produzir a pior peça de todos os tempos. Aqui há uma inversão de valores igual à de O Bem Amado. Mas Primavera consegue espremer o melhor da situação. Ele desmembra a história em partes - a busca pelo pior roteiro, a busca pelo pior diretor, a busca pelo pior elenco - e o clímax, logicamente, é a apresentação da peça para os críticos (as cenas são diferentes, mas a fonte do humor é sempre a mesma inversão de valores). O Bem Amado devia ter feito algo semelhante - o clímax natural dessa história seria a inauguração "espetacular" do cemitério, que nunca ocorre aqui dessa forma. Eu teria feito um enterro fantástico, transmitido ao vivo pela televisão, com música, dança, mulheres sensuais carregando o caixão... Mas enfim, podemos guardar a idéia pra um outro filme.
(BRA, 2010, Guel Arraes)
INDICADO PARA: Quem gostou de O Auto da Compadecida, Romance, etc.
NOTA: 6.5
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2 comentários:
Uma das maiores porcarias que eu ja vi, olha que eu sempre gostei do Guel Arraes, pra mim seus dois melhores filmes curiosamente são os que menos fizeram sucesso (Caramuru e Romance). Fui cheio de espectativa pois depois de Romance esperava uma evolução ou na pior das hipóteses algo do mesmo nivel. O filme é uma ode ao mau gosto, cheio de cenas bregas no estilo de Lisbela e o Prisioneiro, mas naquele caso pelo menos a trama era inventiva e os personagens carismaticos. Marco Nanini sempre roubou a cena nos filmes do Guel Arraes como coadjuvante (inclusive o cangaceiro do Auto da Compadecida e o ator famoso em Romance), como protagonista estava absurdamente estranho estava muito parecido com o Lineu da Grande Familia (exceto pela fala). De resto é uma trama falha que vai acumulando absurdos pra justificar uma história vaga e repleta de subtramas desinteressantes (Como o caso da filha do prefeito, que entra e sai da historia quando bem entende e sem fazer a menor diferença). Não sei se pode interessar alguem ou se resitirá ao tempo, achei seu senso de humor fraco e extremamente datado, não serve de referência pra nada, exceto como um bom exemplo de que mal gosto é cumulativo.
Eeeeeeeeeeeepa!
Tem coisa minha nesse comentário aí!
Cheguei tarde :(
Eu gostaria de acrescentar que achei o filme muito esquisito, parece que ninguém prestou atenção nele enquanto fazia: nem no roteiro, nem nos atores e muito menos na edição.
Ah, aquele outro filme chama "Em busca de confusão" (Bad Attitudes, 1991)
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