segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Bruna Surfistinha


Foi difícil conseguir ingresso no dia da estréia e dá pra entender por que - Bruna Surfistinha é um dos projetos mais comerciais imagináveis, ainda mais no Brasil: história de fama e sucesso + baseada em fatos reais + mulher bonita + muita cena de sexo. Tem como fracassar?

O filme tem uma estrutura batida de ascensão e queda - mas a parte da ascensão é muito boa, pois o fato de ser a ascensão de uma prostituta torna tudo muito original e divertido. Deborah Secco está tão bem, tão natural, que ela anula qualquer tom de crítica que pudesse haver na história - a gente acompanha o filme como se fosse de fato uma história de sucesso convencional e não houvesse nada de errado em se prostituir. Numa festa de aniversário, já famosa, ela sobe no palco e faz um discurso pros convidados, dizendo coisas do tipo "acreditem em seus sonhos", "não desistam nunca" - não há um tom de ironia aqui, nem nela nem no filme - ela diz isso realmente acreditando que "chegou lá".

O melhor do filme são as partes bem humoradas - quando ela seduz o policial pra se livrar de uma multa, ou então as montagens mostrando os tipos de clientes que ela recebia. Quando ela começa a abusar das drogas e o filme entra na fase da decadência, a energia cai um pouco, mas mesmo aí ouvimos pérolas de Bruna, como a frase instantaneamente clássica que ela grita num corredor cheio de homens "Hoje eu não vou dar. Eu vou distribuir!".

As cenas de sexo são mais ousadas do que eu imaginava; muita gente vai achar o filme pesado. Eu não achei não. Aliás, muito pelo contrário - saí da sala leve, pois o filme me "ensinou" uma coisa importante: que existe muito menos doença no mundo do que eu imaginava... Se ela fez tudo o que fez e ainda está viva, quer dizer que é muito mais difícil contrair doenças do que eu imaginava!

Bruna Surfistinha (BRA / 2011 / 109 min / Marcus Baldini)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Meu Nome Não É Johnny, 2 Filhos de Francisco (mas não leve as crianças).

NOTA: 7.0

6 comentários:

Laura Catta Preta disse...

adorei o post!
e quero mto ver o filme

O Neto do Herculano disse...

Pouco importa se a suposta vida pregressa da personagem seja fake e um bem sucedido produto de marketing; pouco importa que Raquel Pacheco seja o nosso Thierry Gueta e a sua “cinebiografia” o nosso Exit Through the Gift Shop; pouco importa que o roteiro subverta a obra em que se baseia e vitimize sua heroína; pouco importa que a trajetória do programa de R$ 300,00 para executivos vips ao programa de R$ 20,00 em muquifos do centro da cidade seja por demais inconvincente; pouco importa que o Radiohead tenha liberado seu clássico para a trilha sonora (aliás, as “falsas árvores de plástico” de Thom Yorke têm tudo a ver). O pior é terem tido a ousadia de colocar como tema principal “Time of the Season” do The Zombies, num pseudo-striptease meia boca – praticamente um sacrilégio. O único filme em que cabe essa canção é o dinamarquês QUERIDA WENDY de Thomas Vinterberg, com roteiro de Lars Von Trier, onde a música é quase uma personagem.
O erotismo não basta, embora o milhão de espectadores esteja garantido.

Caio Amaral disse...

Vai ver Laura.. Só não gostei mesmo da produção.. Aquela imagem "crua" de cinema nacional... luz branca... aquele som aberto, que os atores conversam no quarto e dá pra ouvir o som do cachorro latindo na rua.. sei lá.. falta um glamour mesmo se passando num puteiro, rss.

E você que comentou depois... Realmente pra mim não importa se o filme subverteu o livro ou não (são artes diferentes, uma não deve nada à outra), nem que banda cedeu qual clássico pra qual cena... Se você tivesse comentado algo do tipo "tal música não FUNCIONA em tal cena, pois enfraquece o striptease, que deveria ter sido um grande momento" - aí sim seria um comentário sobre o filme.. O lande de ir de 300 reais pra 20 me pareceu um pouco forçado mesmo (pois ela poderia ido pra algum puteiro como aquele onde começou), mas depois vi que o lá o "giro" de clientes era muito mais alto.. De repente compensava.. abs.

Laura Catta Preta disse...

é, de repente "tell her no" tem mais ver

Leonardo de Jesus disse...

Gostei bastante do filme. Só a coisa dos 20 reais mesmo que não convenceu, mas na hora nem percebi, só fui pensar nisso depois. Comentei com a minha namorada, que leu o livro, e ela disse que essa cena dos 20 reais na verdade acontece antes dela ir para o flat, o que faz mas sentido. Mas também entendo eles terem mudado a ordem para passar essa ideia de decadência por causa das drogas.
abraço

Caio Amaral disse...

Pois é Leo.. Ainda mais no Brasil.. Só o fato dela ser famosa já garantiria a ela vários tipos de trabalho.. Não precisaria fazer programa de 20 reais.. Poderia ser algo do tipo Geisy Arruda..