segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cisne Negro


Há um drama humano interessante no centro de Cisne Negro que impede o filme de ser completamente ridículo - em especial o conflito psicológico da bailarina, que precisa resolver sua sexualidade e auto-estima pra conseguir interpretar o cisne negro tão bem quanto o branco.

Há outros conflitos interessantes também, como a rivalidade entre as bailarinas e o relacionamento entre elas e o diretor - mas muita coisa aqui já é reciclada de filmes melhores, como Os Sapatinhos Vermelhos ou A Malvada (não ter visto certos filmes certamente vai dar a impressão deste ser mais original do que é de fato).

Enfim, há coisas boas no filme, mas a pretensão de Aronofsky eventualmente esmaga a história e o filme passa a ser mais sobre ele do que sobre o tema do filme em si. Mais sobre a representação do que sobre aquilo que está sendo representado.

O tormento da menina é mostrado de maneira estilizada: conforme ela vai se transformando em sua consciência, seu corpo vai mudando também, se transformando literalmente num cisne negro (sim, é tão ruim quanto soa - se fosse o contrário aposto que ninguém suportaria: a história de uma menina rebelde e perturbada, que vai aos poucos descobrindo sua pureza, seu lado inocente, educado, e no final se transforma num cisne branco!! Ou melhor, numa linda borboleta..!).

Pense no quão primária é essa idéia... O filme se acha genial e complexo, mas o tipo de metáfora usada aqui é tão óbvia e grosseira que qualquer pedestre de inteligência mediana entenderia de cara. Me lembra aquele tipo de associação "inteligente" que se vê nas capas da Veja:

Cisne Negro até poderia ter sido uma viagem ousada, "louca", num sentido David Lynch, mas Aronofsky é limitado, inseguro, e deixa óbvio desde o começo que tudo não passa de uma alucinação. Fica um surrealismo comportado, auto-consciente, "sensato", que avisa o público antes de fazer algo diferente.

Assim como a protagonista, Aronofsky é quadradinho demais pra levar a platéia numa jornada realmente criativa e ousada  - e só assim uma história como essa poderia ter sido contada sem cair no ridículo. As cenas de terror não têm força, pois o filme desde o começo já tem  clima de fantasia - não há o contraste essencial com o real, o familiar, o lúcido - quando reflexos começam a ganhar vida no espelho, nós só estamos indo de uma fantasia pra outra fantasia.

Resumindo a história toda, a mensagem que sobra é a seguinte: não tente ser perfeito - você precisa "se entregar" para o lado negro pra atingir o seu verdadeiro potencial (ou seja, use drogas e faça sexo selvagem). Por trás do filme, existe uma vontade de limitar a vida a apenas 2 alternativas - o selvagem, auto-destrutivo, animal, vs. o inocente, porém reprimido e frígido (o filme não inclui uma 3ª bailarina na história disputando o papel - uma capaz de dançar tanto o cisne branco quanto o negro, mas por pura habilidade, não por ser uma enrustida ou uma vagabunda).

Natalie Portman deve ganhar o Oscar, mas não sei se é pra tanto não. Ela estudou 1 ano de ballet se preparando pro filme, e essa informação externa sensibiliza as pessoas na hora de votar. Mas o que vemos na tela não é nada de outro mundo - ela faz cara de ingênua o filme todo, e não chega a demonstrar a transformação do personagem (Naomi Watts interpretou um papel parecido em Cidade dos Sonhos, mas de uma forma mais convincente e memorável).

Enfim, diverte por sair do comum, pela pretensão, mas não deve ser levado muito a sério.

Cisne Negro (Black Swan / EUA / 2010 / 108 min / Darren Aronofsky)

INDICAÇÃO: Quem gostou de Ilha do Medo, Closer - Perto Demais, Requiem para um Sonho.

NOTA: 6.5

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2ª VEZ:

Revi o filme ontem com mais boa vontade e achei um pouco melhor que da primeira vez. Como drama, vai muito bem durante a maior parte do tempo - é envolvente, bem atuado, bem dirigido, coeso - só descamba mais pro final, quando Aronofsky começa a brincar de filme de terror.

Mas pude observar melhor o que foi que me incomodou:

Desde as primeiríssimas cenas já vemos sinais de alucinação, como no metrô, onde Nina enxerga uma outra garota parecida com ela (ao som de um efeito sonoro sinistro). Neste ponto, ainda nem foi anunciada a produção de O Lago dos Cisnes! As feridas nas costas dela também já aparecem logo nos primeiros minutos de filme, muito antes de qualquer conflito "Cisne Branco / Cisne Negro" começar a perturbá-la. Qual o sentido dessas alucinações então, se o drama ainda nem começou?

Isso é uma boa dica de que o interesse do filme não está de fato no conflito psicológico da personagem, não em fazer a platéia se importar por ela, acompanhando passo a passo o seu drama - e sim na maneira "estilosa" de representar isso visualmente (que também não chega a ser tão genial). Faltam dados e a transformação dela é muito mal contada. Como é que ela chega finalmente ao Cisne Negro? Quais foram as etapas dessa transformação psicológica? O que ela fez (ou sofreu) para mudar? Não vivenciamos isso direito. Vemos a pressão vinda do diretor... Ela começa a se "tocar"... Daí tem a cena que ela briga com a mãe e sai com a amiga pra usar drogas e beijar uns caras... Joga os ursinhos de pelúcia no lixo. E acho que só. Nós só vemos os resultados de sua transformação, mas não as causas. Se você desconsiderar as cenas de alucinação e pensar só no que de fato aconteceu à personagem ao longo do filme, verá que não foi nada de tão épico e fora do comum que merecesse uma ilustração tão pretensiosa.

22 comentários:

Rodrigo Corrêa disse...

Caríssimo Caio,
Concordo em grande parte com a análise, principalmente porque vejo que o que salva o filme da metade pro final é a centralização da história em volta dos transtornos obsessivos da personagem.
Le "gran finale" esperado para o filme c'est ne pas grand, o que decepciona um pouco... A um certo ponto, todo mundo entende que a menina "flew over the cuckoo's nest".
Enfim, ainda assim, acho que é importante observar no filme a natureza da menina obsessiva, assexuada pela mãe. Não vejo conflito sexual na personagem, em linguagem comum, àquele ponto de repressão sexual ela transaria com qualquer um, justamente pela falta de ponto de referência sexual.
Concluindo, o filme é "semi-capaz" de adentrar a fundo na psique como Mullholand Drive, mas bem, acho que garante aí uma ou outra estatueta por "originalidade". Gostei particularmente dos cacoetes da personagem e da auto-flagelação típica dos neurastêmicos.

Tiffany Noélli disse...

Eu me acho completamente leiga em comentar um filme de uma forma certa. As vezes me impressiono de mais e acho tudo muito extraordinário. Pode notar isso, quando eu comento das coisas, rsrs... Mas eu achei esse filme tão bom, voltado para interpretação de Natalie Portman. principalmente quando ela se transforma no Cisne Negro, achei q ela de entregou mesmo nessa cena. Cada um tem uma opinião, e gosto de vc por que sempre é diferente dos comentários obvios do momento. Suas críticas não é de chato cinéfilo de meia idade, que coloca defeito mais nos atores, do que no proprio filme em si. Beijos

Laura Catta Preta disse...

wow! calma aí, o filme poderia ter sido muitas coisas, mas qual o problema dele ser simplista e óbvio e entendido de cara?
Eu digo "amém" pra isso.

ps: eu não suporto os filmes do lynch rs

Caio Amaral disse...

E aí Rodrigooo... O lance da originalidade é o que eu falei... Depende do que vc já assistiu... O filme é uma releitura de Os Sapatinhos Vermelhos... E lembra vários outros filmes, inclusive o Mulholland.

Tiff, realmente a Natalie Portman deve ter se dedicado muito a esse filme... Mas geralmente prefiro interpretações que parecem "sem esforço" - que o ator É o personagem e faz tudo de forma natural, sem esforço. Outra coisa que me frustrou é que não dá pra curtir a dança no filme.. A câmera está sempre tremendo, rodando, e não há 1 única cena de impacto, onde a Natalie arrasa no ballet.

Caio Amaral disse...

Laura, BOA, haha. Sabia que essa pergunta viria de alguém, só não sabia de quem, rsrs.

Primeiro deixa eu esclarecer um ponto: uma coisa é a FORMA com que as idéias são apresentadas - com que clareza, simplicidade ou complexidade. Isso revela apenas o quanto o cineasta está contando com a inteligência da platéia. Quanto a isso, não há problema algum em ser óbvio... Filmes mais complexos são mais estimulantes, mais interessantes, mas a ausência de complexidade apenas não é critério pra falar mal de um filme. '2001' é difícil de entender e é brilhante; 'De Volta para o Futuro' é fácil de entender, e é brilhante (o problema são casos como "A Origem", que são confusos, mas não porque estão contando com a inteligência da platéia, mas fazem isso justamente pra despistar, pra ninguém notar que o cineasta não sabe o que está dizendo..)

Outra coisa é a AVALIAÇÃO que o cineasta faz das próprias idéias - o nível da pretensão dele, e é mais disso que eu estou falando do 'Cisne'. '2001' por exemplo, além de ser difícil de entender, é pretensioso, no sentido de que os conceitos são apresentados de maneira enfática, ao som de trombetas, como se fossem afirmações gloriosas. Só que as idéias por trás de '2001' são realmente geniais. O filme SUSTENTA esse tipo de pretensão, pois os conceitos são muito avançados.

Mas imagine que você vai contar a história do príncipe que virou sapo e precisa do beijo da princesa. E você faz isso de forma pretensiosa.. Mostrando detalhes nojentos da trasnformação, martelando a metamorfose na cabeça do espectador de diversas formas... Como se fosse algo de extrema relevância filosófica. Isso seria um erro - uma busca por um mérito intelectual não merecido.

Imagine uma pessoa feia, desdentada, se vestindo como uma top model, chamando atenção pro próprio físico, sem ter muito a oferecer nesses termos. A Gisele Bundchen não precisa se vestir bem, não precisa ser 'pretensiosa', vai continuar bonita mesmo de jeans e camiseta - mas se ela o fizer, não haverá problema, pois ela pode sustentar a pretensão de um vestido sensual, de maquiagem, etc.

Intelectualmente é a mesma coisa: uma idéia brilhante pode ser tanto pretensiosa quanto não pretensiosa. Uma idéia simples só tem a opção de ser despretensiosa, como num conto da Disney...

A ênfase que o Aronofsky dá às cenas mostra que ele achava que estava criando uma espécie de '2001' (o que é aquela música no final do filme?!!), quando na verdade o que ele tinha era mais a história do sapo..

Laura Catta Preta disse...

não! haha
eu não achei essa pretensão não sustentada, o filme inteiro é mastigado (bem mais que pi) e te digere uma história simples:
uma menina esquizofrênica achando pelo em ovo.

se o filme peca por alguma coisa é por mostrar a história na visão exacerbada dela e mostrar que as coisas não são exageradas assim, sem deixar o público na mesma dúvida que ela.
digo isso pq eu senti falta de ficar na dúvida, tanto que da primeira pra segunda vez eu entendi coisas que tinham ficado mais legais quando eu não sabia ainda.

haha as perguntas óbvias sempre virão de mim :)

2001 é maluco, mas por ser maluco, não por ser a visão de alguém maluco dentro da nave.

Caio Amaral disse...

Pois é, o filme teria sido mais interessante se as coisas acontecessem pra valer... os machucados, as mortes... A platéia concluiria por conta própria que o filme se trata de uma alucinação, etc... Não o próprio filme explicando isso cena a cena... Tira o impacto de toda a violência do filme. Ilha do Medo é um pouco assim também...

hannele disse...

caro caio,
não ví o filme e amei seu comentário pq é exatamente ASSIM que eu pensei que fosse quando ´ví o trailler. É como se ele desejasse te convencer DISTO: seja auto-destrutivo de alguma forma, corra pro outro lado. Tava na cara que era uma críticaT ao "bom-mocismo" e um VIVA!!! Nasceu o que ela deveria ser, liberta! UM freudianismo tão distorcido ou fraco. Uma pena.
Tenho achado uma pena q tudo-qto-é-q-é filme tem tentado mostrar que todo mundo não só tem um lado sórdido como É MESMO sórdido. EU GOSTO DE FILME QUE FALE DE TEMAS PROFUNDAMENTE TOCANTES E REPLETOS DE ESPERANÇA!!!!!!!! VC TEM ALGUM PARA ME RECOMENDAR?
hannele

Caio Amaral disse...

Oi hannele! Fiquei feliz com seu comentário - são raros os que não cultuam a miséria hj em dia.

Olha, ultimamente está difícil viu!! Dos filmes do Oscar, o único realmente positivo acho que é "O Discurso do Rei". E "Minhas Mães e Meu Pai" de certa forma. Os outros me parecem todos do "lado negro", hehe, ou então casos mistos como "A Rede Social", que é uma história de sucesso, porém com certa ironia.

O melhor jeito mesmo acho que é voltar aos clássicos... A Felicidade Não Se Compra (1946), O Sol É para Todos (1962), A Mulher Faz o Homem (1939), E.T. (1982), A Lista de Schindler (1993), Um Sonho de Liberdade (1994), etc.

Da uma olhada na lista do AFI dos filmes mais inspiradores:

http://en.wikipedia.org/wiki/AFI%27s_100_Years...100_Cheers

Abs!!

Anônimo disse...

Vi à pouco o filme. Estava curiosa pois é um filme em que a Natalie Portman tem sido muito elogiada e por ser o mesmo realizador de Requiem for a Drem. Achei um belo filme mas achei, a cima de tudo, a actuação da Natalie brilhante. Se não fosse nada de especial como tu dizes, como explicas que ela seja super elogiaga pelos maiores criticos de cinema e por aqueles que percebem muito de cinema e ainda estar nomeada para os maiores prémios de cinema?
Parece-me a mim que você criou uma certa antipatia por tudo aquilo que a critica aclama. Por exemplo, assim como há gente que gosta de tudo o que a critica elogia você parece não gostar de nada do que a critica gosta. Dá a sensação que você pensa o seguinte: "toda a critica gosta disto, por isso não deve ser bom". Não vi os filmes das outras atrizes nomeadas para os oscares, mas por esta actuação brilhante não é por acaso que a Natalie anda as bocas do mundo e é a favorita ao oscar.

Laura Catta Preta disse...

é, tem até gente que analisa crítica dos outros, vai entender.

Gustavo disse...

coisas que me irritaram no filme:

1) o diretor acha que a plateia é idiota (e pela qtdade de gente idiota que gostou do filme, ele acertou) - repete mil vezes as mesmas coisas, a sensacao da garota é repetida dezenas de vezes nela, na pele, no ambiente, na luz, no som, no espaço... DEUS! É como ator que para dizer "eu fui ali" precisa apontar...
2) os personagens são todos tipificados: a grande "profundidade" que se anuncia nela não passa de um "bem contra o mal" que, lógico, é espelhado por todos os outros personagens.
3) câmera girando. Já entendemos que ela está confusa, não precisa girar tudo
4) Compreendo que a "narradora" do filme é a mocinha e que vemos tudo passando pela ótica dela (e por isso toda a esquizofrenia, exageros e etc). E embarcamos nessa, não é tão ruim a ponto de ser rechaçado. Mas olha... Será que ela assiste muito O Labirinto do Fauno?! Algumas "visões" poderiam ter ficado no suspense. Mais Hitchcock, menos monstros.

Coisas que gostei no filme:
1) Exagerada ou não, a música é LINDA.
2) Natalie Portman está uma delicinha no papel.
3) A questão não dela como mulher frígida ou sexual, mas dela como ARTISTA é muito interessante. A dor de se transformar e se ferir e se doar e se detestar é um ponto intrínseco aos verdadeiros artistas. E é por esse ângulo que pauto minha análise final do filme. É essa a intenção inicial. Não me parece que o diretor queira fazer um tratado sobre a esquizofrenia, ou que queira falar sobre a sociedade, ou as frustrações da mãe, ou o balé, ou dividir o mundo em quem se doa ao sexo e às drogas e quem vive "certinho", ou qualquer outra palhaçada nesse sentido. Ele está falando de CRIAÇÃO. Do artista se fundir com a obra que cria. O resto é pura purpurina, puro "Moulin Rouge".
Mas nesse sentido o tema foi bem abordado, construído e finalizado.
Poderia ter sido feito de outras maneiras? poderia ter sido melhor? tambem poderia ter sido pior.
uma delícia de filme, no geral. Mas longe de ser "o melhor filme de nossas vidas", como uns e outros impressionáveis por aí.

Caio Amaral disse...

Anônimo.. O que eu falei é que a performance dela não é TUDO ISSO que estão falando - não disse que ela está mal no filme.

É que eu gosto de por as coisas em perspectiva... Sem deixar me levar pelo frisson... Em interpretação, coloco sempre num extremo a Meryl Streep em "A Escolha de Sofia", e no outro, a Sofia Coppola em "O Poderoso Chefão 3". Natalie está bem, mas pera lá... É que as pessoas andam acostumadas com tanto lixo que 1 que faz algo mais dedicado, ambicioso, já sai levando tudo que é prêmio.. Mas a unanimidade é mais por ser a Portman.. jovem, bonita, querida por todos, está no auge.. Oscar nunca foi pra melhor atriz e sim pra maior estrela com uma performance respeitável.

De qualquer forma, não existe algo como "a crítica" - existem vários críticos individuais, e muitos são opostos em suas opiniões... Cisne Negro nos EUA teve em torno de 80% da aprovação da crítica. Mas alguns dos melhores críticos, como o Keeneth Turan do LA Times, ou os do The New Yorker e do NY Oberver, foram justamente os que falaram mal.

E mesmo assim, às vezes acontece de estarem todos enganados ué... Só porque a maioria acredita em algo quer dizer que está certo?

E não sou contra a crítica.. Se tivesse isso como um critério fixo, não teria gostado tanto de "O Discurso do Rei" por exemplo.

Caio Amaral disse...

Senhoor quanto comentário brilhante esses dias... Acho que vou começar a seguir meu próprio blog pra acompanhar... rss.

Gu... Obrigado, a parte que não gostamos vc explicou melhor do que eu poderia!

A parte que vc gostou já é algo no filme que não me tocou tanto, talvez porque eu tenho uma visão diferente, e acho que a arte é um produto da mente, da razão... Não vejo motivo algum pra alguém sofrer fazendo arte... Muito pelo contrário... Acho que o motivo mais justificável pra se fazer arte é a vontade de expressar felicidade, beleza, o prazer de existir.. Se eu escuto uma música, vejo um filme, ou alguém dançando, e aquilo é o resultado da ANGÚSTIA de alguém, isso dificilmente será muito inspirador... E dependendo do TIPO de arte, seria uma falta de integridade da parte do artista...

Thiago P. disse...

Será que tem como assinar feed de comentarios? Tá bombando! Engraçado que a gente costuma concordar no gostar ou não gostar do filme mas por razões diferentes... Eu achei o filme bom, nada estraordinario, normalmente eu esperaria mais do Aronofsky mas o que eu gosto dele está presente na primeira parte que eu particulamente acho a melhor parte do filme, depois ele estraga na tentativa de fazer um suspense bobo e desnecessario. Poderia ser um excelente drama, mas não entendi essa dele de tentar embarcar em um suspense,a direção de atores é fraca dá impressão de que eles não sabem o que estao fazendo, aquele diretor do ballet pelo amor de Deus??!! E isso pra mim mostra o quanto ele está perdido por que se voce for ver o forte dos filmes dele é a direção de atores, ele trouxe Elle Burstyn de volta a uma grande atuação no Requiem para um sonho,ressucitou o Mickey Rourke no lutador e fez o Hugh Jackman atuar de verdade em a fonte da vida(por falar nisso ele vai dirigir o novo filme do wolverine) . Teoricamente "deu certo" acho que é o filme mais famoso dele, mas pra mim é o pior... Só por curiosidade, você gostou de A fonte da vida?

Laura Catta Preta disse...

só o thiago pra criticar cisne negro defendendo fonte da vida
(eu gostei)

Caio Amaral disse...

Thiago, concordo com vc em relação ao Cisne... o melhor é a primeira parte... E gostei dos atores... da Barbara Hershey, Mila Kunis e a Natalie obviamente...

Olha o "Fonte da Vida" eu lembro de ter detestado.. Tipo nota 1... rsrs. Já até esqueci dos motivos.. Na época acho que eu não escrevia ainda, hehe. Vc gostou? Há algum sentido "oculto" por trás do filme, ou é aquilo mesmo que está na tela..?

Thiago P. disse...

Gostei daquilo mesmo. É o inverso de o Cisne Negro, achei o começo muito chato, mas depois melhora bastante. Em o cisne eu achei a mãe dela muito boa!

Pedro 2001 disse...

Ah Caio, não concordo com você perante a atuação de Natalie Portman, que isso eu não vi todos os filmes do oscar, de melhor atriz, mais é uma grande atuação, de uma entrega, de uma força, e beleza, que nem sempre vemos em tela. Qual dentre as concorrentes ao oscar, vc acha que merece mais?

Caio Amaral disse...

Oi Pedro.. Não vi a Nicole Kidman nem a Michelle Williams.. Acho que gosto mais da Annette Bening, mas vou ficar feliz também com a Natalie ganhando.

É uma performance muito esforçada sem dúvida.. Mas às vezes acho que falta coerência.. Muitas coisas parecem sair levemente da caracterização.. por exemplo quando ela chega toda maquiada, depois morde o lábio do diretor.. ou quando diz "eu só quero ser perfeita", sussurrando feito a Nicole Kidman.. ou quando rouba as coisas da Winona.. Eu pensava direto "nossa, da onde veio isso.. isso não parece algo que esta pessoa faria.." - o personagem não me soou verdadeiro (isso não acontece quando se vê uma Meryl Streep ou uma Katharine Hepburn - por mais complexa que seja a personagem).. Ainda assim ela tem cenas boas, que de maneira isolada funcionam super bem.. além de dançar de verdade, etc.

Gustavo Braun disse...

"Acho que o motivo mais justificável pra se fazer arte é a vontade de expressar felicidade, beleza, o prazer de existir.."

Olha, essa foi a maior besteira que você já disse em toda a sua vida.
(amo fazer comentários pedantes)

Arte é sobre conflitos. E conflitos trazem dor.

Se arte fosse gente feliz, bonita e tendo prazer de exister, arte seria o Justin Bieber. E mesmo ele sofre pq a garota não quer mais ele.

Ou a Guernica de Picasso é uma ode a alegria? Shakespeare, Baudelaire, Dostoievski, Drummond, hitchcock, o proprio Cisne Negro! A arte é sobre a dor de viver e de morrer, Caio. Pulsão de vida e de morte, Eros e Thanatos.
E a angústia, o erro, a dor, a desesperança... é nessas horas que a pessoa cresce, muda, repensa. É muito mais inspirador do que a felicidade - quem está feliz nao quer mudar.

Caio Amaral disse...

Gu, existem tipos e tipos de arte... Reconheço esse tipo que você está falando, só não acho que seja o melhor.

Não gosto do espírito trágico de Shakespeare ou Dostoievski, mesmo assim posso admirá-los como escritores...

Conflitos, obstáculos, são necessários, mas no tipo de arte que eu prefiro, eles geralmente são superados.. Não servem como uma afirmação trágica sobre a vida.. Servem mais pra enfatizar a capacidade dos personagens.

Muitos dos artistas que eu mais gosto tem visões mistas das coisas... Mas tento olhar a essência do trabalho... "Psicose" pode ter uma mensagem negativa se você olhar pelo lado didático - mas é tudo tão interessante, envolvente e cheio de surpresas, que no fim das contas a experiência é positiva. Como quase tudo do Kubrick também. Nem tudo precisa ser um musical da MGM.