Causou agitação no festival de Cannes esse filme do francês Leos Carax sobre um homem misterioso que vaga por Paris numa limousine assumindo vários personagens ao longo de um dia: primeiro ele é um empresário rico, em seguida veste uma peruca e vira uma velha mendiga, depois um duente nos esgotos da cidade - e assim por diante, até que o filme acaba. Por que ele faz isso? Não sabemos. Qual a moral da história? Nenhuma.
O critério do diretor parece ser: vale tudo - desde que não faça sentido, seja bizarro e imprevisível (o imprevisível eu gosto - pelo menos torna a sessão menos chata). É o tipo de filme que muitos críticos adoram pois permite que eles escrevam textos pretensiosos dando suas interpretações da história - e ninguém pode provar o contrário.
Mas o próprio diretor deixa claro que ele não quer dizer nada. Na entrevista que deu pra revista Indiewire, além de dizer que não se considera um cineasta (o que dá pra entender), ele diz que passou pouquíssimo tempo pensando no filme - o processo todo levou 2 semanas. Segundo ele, seu filme é muito simples; até uma criança pode entender (ou seja, não há nada de intelectual - o "sentido" do filme é apenas a experiência de observar os eventos na tela). É um exemplo perfeito de Experimentalismo.
O problema é que ele não é interessante como os filmes do Buñuel ou do David Lynch, que geralmente têm um tema reconhecível e mostram uma boa dose de inteligência no meio da loucura. Aqui é nonsense do começo ao fim e a coisa fica entediante (se uma pessoa séria e lógica chega pra você e diz algo absurdo, você fica automaticamente intrigado e quer entender - se o mesmo é dito num hospício, não há por que dar atenção).
Holy Motors (França, Alemanha / 2012 / 115 min / Leos Carax)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Cosmópolis, Film Socialisme, Um Filme Falado, etc.
NOTA: 3.5
3 comentários:
Caio, o seu comentário é o único dos quais eu li que admite que Holy Motors é um grande nada. Não é à toa que fez sucesso em Cannes, rs. Pra não dizer que achei o filme totalmente descartável, gostei da cena do musical com as gaitas e a cena do duende(?) - essa pela bizarrice.
Ah, meu Deus, vi há pouco o tal de Cosmópolis e já não gostei. Esse parece pior!
Oi Rodrigo! Me diverti com algumas cenas também.. Mas juntando tudo pra mim não forma um filme.
Stella, gostei mais do Holy Motors porque pelo menos ele é um grande absurdo sem pretensões.. O Cosmópolis quer discutir economia, tem um conteúdo filosófico discutível que eu discordo totalmente.
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