Lembra muito Argo esse filme chileno indicado ao Oscar que conta a história da campanha que tirou Pinochet do poder em 1988. O filme é contado pelo ponto de vista do publicitário René (Gael García Bernal), que é contratado pra dirigir a campanha do "Não" (o povo votaria Sim ou Não para Pinochet). A sacada é que em vez de ficar denunciando a ditadura e mostrando os horrores do passado, René busca uma outra estratégia: focar no futuro, mostrando uma visão otimista do Chile - as pessoas usando roupas coloridas e dançando na rua como num comercial da Coca-Cola.
O roteiro perde um pouco da força no terceiro ato (poderia intensificar os obstáculos e ter um clímax menos previsível), mas no geral funciona perfeitamente bem, tem uma história envolvente, ao mesmo tempo séria e divertida, tecnicamente é interessante (a fotografia é como se fosse um vídeo envelhecido da década de 80 - uma maneira inteligente de dar uma cara retrô pra produção sem ter que gastar milhões com reconstituição de época, o que também permite que eles utilizem imagens de arquivo no filme de maneira imperceptível).
Mas o coração do filme está no personagem de Gael. Quando vemos ele pensativo, deitado no meio de seu trenzinho de brinquedo, percebemos que aquilo tudo tem um significado muito maior pra ele. A visão de mundo de sua campanha parece ir além de uma estratégia de marketing - é como se ele estivesse lutando por um sonho pessoal. Gael tem uma combinação de traços masculinos com um olhar inocente que mesmo sem mover um músculo ele já sugere a essência do personagem. Ele está frequentemente com um olhar distante, desconectado, mas não de tristeza ou apatia, e sim o de uma criança vivendo num mundo próprio, mais interessante do que aquele ao seu redor.
No (Chile, França, EUA / 2012 / 118 min / Pablo Larraín)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Argo, Tudo Pelo Poder, Diários de Motocicleta.
NOTA: 7.5
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