Não está tendo o sucesso que se esperava essa adaptação do conto infantil clássico João e o Pé de Feijão, sobre um jovem fazendeiro que recebe feijões mágicos que quando molhados se transformam numa árvore gigante que vai até as nuvens, abrindo um portal para uma terra de gigantes (!!).
A produção é cara (custou 195 milhões de dólares) e está mais pra um O Hobbit do que pra um João e Maria - Caçadores de Bruxas, que também veio nessa onda atual de adaptações de histórias infantis. O filme é todo feito com seriedade (foi dirigido por Bryan Singer, de Os Suspeitos e dos 2 primeiros X-Men), tem um elenco respeitável (Ewan McGregor, Stanely Tucci e o protagonista Nicholas Hoult - que era aquele menininho de Um Grande Garoto). A produção acerta em muitos pontos, mas o resultado não chega a ser empolgante ou memorável.
O roteirista comparou a história com a de Luke Skywalker em Star Wars, porque também é uma jornada épica sobre um garoto se tornando homem. O problema é que, além da história de Star Wars ser mais ampla e universal (foi toda baseada no monomito de Joseph Campbell) imagine o que seria do filme se não fosse pelas caracterizações inesquecíveis de personagens como Han Solo, Princesa Leia, Darth Vader, C3PO... Imagine se tivéssemos apenas Luke, e o resto fosse um monte de reis, princesas e vilões sem personalidades marcantes. É o que acontece aqui. Não há caracterizações fortes, o que deixa a aventura meio vaga e impessoal (é o que venho dizendo que um time forte de protagonistas é tão importante quanto uma boa história). Mas ainda assim é um entretenimento honesto, bem narrado, com cenários diferentes que vão divertir os fãs de fantasia.
Jack the Giant Slayer (EUA / 2013 / 114 min / Bryan Singer)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Branca de Neve e o Caçador, John Carter - Entre Dois Mundos, Fúria de Titãs, Thor, etc.
NOTA: 6.5
domingo, 31 de março de 2013
quinta-feira, 28 de março de 2013
Os Croods
Animação digital da Dreamworks sobre uma família pré-histórica que precisa ir em busca de um novo lar quando desastres naturais ameaçam sua caverna (ou seja, A Era do Gelo encontra Os Flintstones). O conflito principal é entre o chefe da família - que é super-protetor e ensina os filhos a se esconderem em casa e nunca buscarem experiências novas - e a filha que se apaixona por um peregrino inteligente que ensina a eles justamente o oposto; a ter curiosidade e a "perseguir o Sol".
Visualmente o filme é bonito, mas o enredo e a criatividade não estão à altura da parte técnica. Tudo parece artificial, começando pelo início da trama, onde eles vivem num local desértico, mas após um terremoto vão parar praticamente na selva de Avatar, que estava a poucos metros da caverna. Será que ninguém viu aquilo em décadas? Falta um mínimo de bom senso nas situações - os personagens estão constantemente saindo de enrascadas de maneiras improváveis e confusas. Por exemplo: voando numa espiga de milho gigante que explode e vira um foguete - ou no final, quando o pai é erguido por pássaros dentro de um esqueleto coberto de piche (nem tente entender!). Boas sacadas precisam ser simples e plausíveis... O filme é cheio de ideias fracas como essas que em vez de divertir vão dando a impressão que o roteiro foi escrito de qualquer jeito, por gente que acha que não é preciso ser inteligente com crianças.
Os personagens também não são memoráveis, em particular a menina que fica meio apagada no meio dos outros (são praticamente todos o que eu chamo de "heróis envergonhados" - aliás, dei uma revisada nesse texto, deem uma olhada depois). Superficialmente, o filme parece ser bem intencionado e passar uma mensagem positiva, mas é tudo tão baseado em clichês, pré-fabricado e pouco autêntico que no fim a história acaba fazendo o oposto de inspirar.
The Croods (EUA / 2013 / 98 min / Kirk de Micco, Chris Sanders)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de A Era do Gelo, Enrolados, Madagascar, Kung Fu Panda, etc.
NOTA: 4.5
Visualmente o filme é bonito, mas o enredo e a criatividade não estão à altura da parte técnica. Tudo parece artificial, começando pelo início da trama, onde eles vivem num local desértico, mas após um terremoto vão parar praticamente na selva de Avatar, que estava a poucos metros da caverna. Será que ninguém viu aquilo em décadas? Falta um mínimo de bom senso nas situações - os personagens estão constantemente saindo de enrascadas de maneiras improváveis e confusas. Por exemplo: voando numa espiga de milho gigante que explode e vira um foguete - ou no final, quando o pai é erguido por pássaros dentro de um esqueleto coberto de piche (nem tente entender!). Boas sacadas precisam ser simples e plausíveis... O filme é cheio de ideias fracas como essas que em vez de divertir vão dando a impressão que o roteiro foi escrito de qualquer jeito, por gente que acha que não é preciso ser inteligente com crianças.
Os personagens também não são memoráveis, em particular a menina que fica meio apagada no meio dos outros (são praticamente todos o que eu chamo de "heróis envergonhados" - aliás, dei uma revisada nesse texto, deem uma olhada depois). Superficialmente, o filme parece ser bem intencionado e passar uma mensagem positiva, mas é tudo tão baseado em clichês, pré-fabricado e pouco autêntico que no fim a história acaba fazendo o oposto de inspirar.
The Croods (EUA / 2013 / 98 min / Kirk de Micco, Chris Sanders)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de A Era do Gelo, Enrolados, Madagascar, Kung Fu Panda, etc.
NOTA: 4.5
terça-feira, 26 de março de 2013
Anna Karenina
Foi indicado a 4 Oscars (e ganhou o de figurino, merecidamente) essa adaptação do clássico literário de Liev Tolstói roteirizada por Tom Stoppard e dirigida por Joe Wright (Orgulho e Preconceito, Desejo e Reparação). O filme mostra a tragédia da aristocrata russa Anna Karenina (Keira Knightley) que é casada, prestigiada e aparentemente leva uma vida ideal, mas põe tudo em risco pra viver um romance com um oficial sedutor chamado Vronsky.
O filme combina um conteúdo trágico com um estilo exuberante e extremamente sofisticado. Por um lado, a história nos leva a um mundo cruel onde a razão é impotente, sua aparência física e seus impulsos sexuais determinam o curso da sua vida, sua felicidade pessoal depende de você ser aceito pela sociedade, etc. É uma visão negativa de mundo ("universo malevolente" como diria Ayn Rand - que detestava o livro) mas por outro lado tudo é apresentado com uma beleza cinematográfica espetacular. Os cenários, a fotografia, o figurino, a direção - a produção toda é um exercício em perfeccionismo e bom gosto (esse contraste entre o conteúdo pessimista e o estilo suntuoso lembra trabalhos do Kubrick, David Lean e da dupla Michael Powell e Emeric Pressburger).
Wright fez a escolha ousada de situar quase todo o filme dentro de um teatro, dando um toque experimental pra produção (lembrando a gente até de Dogville). Foi isso o que mais dividiu a crítica em relação ao filme, e muitos acusaram o diretor de colocar estilo acima de conteúdo. Realmente falta uma justificativa boa pro filme ser contado dessa forma. Wright disse que queria fazer algo diferente e focar na essência da história - e pensou num teatro pois segundo ele a sociedade russa da época vivia e se vestia "como se estivesse num palco". Mas como é que o público vai chegar a essa mesma metáfora? Pra gente soa algo aleatório; apenas o diretor querendo ser original a qualquer custo. Mas até certo ponto me diverti com a abordagem, pois gosto de fantasia e de tudo que foge do comum e vai pro lado da imaginação, da criatividade (há momentos em que o filme se torna quase um musical, com tudo muito estilizado e coreografado). Claro que não daria pra ser tão tolerante se isso prejudicasse o roteiro e o andamento da história de maneira séria.
Tenho certas implicâncias com a história - a gente nunca sabe por exemplo se o romance entre Anna e Vronsky é baseado num sentimento mais sério, ou se se trata apenas de atração sexual. Isso não justificaria a traição, mas mudaria o sentido da história. Também não sabemos direito por que o relacionamento deles entra em crise. De uma cena pra outra Karenina aparece neurótica, ciumenta, sendo que antes era uma pessoa madura e controlada... Ele deu motivos pra ela agir assim? Ou ela está enlouquecendo? Isso tudo torna difícil de julgar a história moralmente, pois ela pode ter várias leituras diferentes.
Mas não deixa de ser um drama envolvente, atemporal, e cheio de observações ricas a respeito dos relacionamentos e do comportamento humano (ou pelo menos do comportamento humano em seus momentos menos admiráveis). E a produção por si só já faz valer o ingresso.
Anna Karenina (Reino Unido / 2012 / 129 min / Joe Wright)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Desejo e Reparação, Orgulho e Preconceito, A Duquesa, Barry Lyndon, A Filha de Ryan, etc.
NOTA: 8.0
O filme combina um conteúdo trágico com um estilo exuberante e extremamente sofisticado. Por um lado, a história nos leva a um mundo cruel onde a razão é impotente, sua aparência física e seus impulsos sexuais determinam o curso da sua vida, sua felicidade pessoal depende de você ser aceito pela sociedade, etc. É uma visão negativa de mundo ("universo malevolente" como diria Ayn Rand - que detestava o livro) mas por outro lado tudo é apresentado com uma beleza cinematográfica espetacular. Os cenários, a fotografia, o figurino, a direção - a produção toda é um exercício em perfeccionismo e bom gosto (esse contraste entre o conteúdo pessimista e o estilo suntuoso lembra trabalhos do Kubrick, David Lean e da dupla Michael Powell e Emeric Pressburger).
Wright fez a escolha ousada de situar quase todo o filme dentro de um teatro, dando um toque experimental pra produção (lembrando a gente até de Dogville). Foi isso o que mais dividiu a crítica em relação ao filme, e muitos acusaram o diretor de colocar estilo acima de conteúdo. Realmente falta uma justificativa boa pro filme ser contado dessa forma. Wright disse que queria fazer algo diferente e focar na essência da história - e pensou num teatro pois segundo ele a sociedade russa da época vivia e se vestia "como se estivesse num palco". Mas como é que o público vai chegar a essa mesma metáfora? Pra gente soa algo aleatório; apenas o diretor querendo ser original a qualquer custo. Mas até certo ponto me diverti com a abordagem, pois gosto de fantasia e de tudo que foge do comum e vai pro lado da imaginação, da criatividade (há momentos em que o filme se torna quase um musical, com tudo muito estilizado e coreografado). Claro que não daria pra ser tão tolerante se isso prejudicasse o roteiro e o andamento da história de maneira séria.
Tenho certas implicâncias com a história - a gente nunca sabe por exemplo se o romance entre Anna e Vronsky é baseado num sentimento mais sério, ou se se trata apenas de atração sexual. Isso não justificaria a traição, mas mudaria o sentido da história. Também não sabemos direito por que o relacionamento deles entra em crise. De uma cena pra outra Karenina aparece neurótica, ciumenta, sendo que antes era uma pessoa madura e controlada... Ele deu motivos pra ela agir assim? Ou ela está enlouquecendo? Isso tudo torna difícil de julgar a história moralmente, pois ela pode ter várias leituras diferentes.
Mas não deixa de ser um drama envolvente, atemporal, e cheio de observações ricas a respeito dos relacionamentos e do comportamento humano (ou pelo menos do comportamento humano em seus momentos menos admiráveis). E a produção por si só já faz valer o ingresso.
Anna Karenina (Reino Unido / 2012 / 129 min / Joe Wright)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Desejo e Reparação, Orgulho e Preconceito, A Duquesa, Barry Lyndon, A Filha de Ryan, etc.
NOTA: 8.0
quarta-feira, 13 de março de 2013
Oz: Mágico e Poderoso
Dirigido por Sam Raimi (das trilogias Evil Dead e Homem-Aranha) o filme é uma prequel do livro O Maravilhoso Mágico de Oz de L. Frank Baum e indiretamente do filme O Mágico de Oz de 1939 (é claro que a ideia é parecer uma prequel do filme, só que os direitos de O Mágico de Oz não são da Disney, portanto eles tiveram que ser bem cautelosos nas referências - até o tom de verde da bruxa teve que ser outro por questões legais!).
A produção é de primeira classe e visualmente o filme é incrível, o que já se percebe antes mesmo da história começar, durante a sequência de créditos. Assim como na adaptação de 39, o filme começa em preto e branco e só fica colorido quando chega em Oz - mas agora além de colorida, a imagem se alarga e a tela fica widescreen (me perguntei por que não começaram em 2D e esperaram pra ativar o 3D também nessa hora - teria sido um choque a mais!).
A história é interessante, principalmente na primeira parte, quando Oz é apresentado como um mágico ambicioso num pequeno circo do Kansas. O personagem lembra muito John Hammond (o criador do Jurassic Park no filme) - ambos vivem enganando o público com seus truques (lembre-se que Hammond começou com um circo de pulgas) até que se frustram e passam a querer algo mais - criar algo realmente grande e maravilhoso, que não seja apenas uma ilusão.
A diferença (e esse é um dos motivos pelo qual não achei essa história tão boa) é que em Jurassic Park Hammond realiza seu sonho e e cria algo de fato fantástico, enquanto Oz nunca deixa de ser um charlatão. Ele até acha uma utilidade prática pros seus truques, mas aquela expectativa criada no começo da história (quando ele não pode curar a menina paralítica) nunca é de fato satisfeita. E toda a desonestidade assumida acaba dando ao personagem um caráter meio cômico e duvidoso - não é um herói pelo qual você torce e se importa (até porque James Franco tem cara de cínico - não sei se ele é bom pra expressar emoções mais honestas).
Também acho que as bruxas más poderiam ter dado vilãs mais ameaçadoras (a transformação da Mila Kunis nunca chega a convencer - tanto fisicamente quanto emocionalmente). Mas apesar desses problemas o filme entretém, é bem dirigido, agradável para os olhos e ouvidos. Tem elementos familiares o suficiente pra nos levar de volta ao universo de Oz, mas qualidades e ideias novas o bastante pra não parecer uma exploração vazia do clássico. E de quebra tem a música da Mariah "Almost Home" que achei bem divertida.
Oz the Great and Powerful (EUA / 2013 / 130 min / Sam Raimi)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de O Hobbit, Alice no País das Maravilhas, A Fantástica Fábrica de Chocolate.
NOTA: 7.0
A produção é de primeira classe e visualmente o filme é incrível, o que já se percebe antes mesmo da história começar, durante a sequência de créditos. Assim como na adaptação de 39, o filme começa em preto e branco e só fica colorido quando chega em Oz - mas agora além de colorida, a imagem se alarga e a tela fica widescreen (me perguntei por que não começaram em 2D e esperaram pra ativar o 3D também nessa hora - teria sido um choque a mais!).
A história é interessante, principalmente na primeira parte, quando Oz é apresentado como um mágico ambicioso num pequeno circo do Kansas. O personagem lembra muito John Hammond (o criador do Jurassic Park no filme) - ambos vivem enganando o público com seus truques (lembre-se que Hammond começou com um circo de pulgas) até que se frustram e passam a querer algo mais - criar algo realmente grande e maravilhoso, que não seja apenas uma ilusão.
A diferença (e esse é um dos motivos pelo qual não achei essa história tão boa) é que em Jurassic Park Hammond realiza seu sonho e e cria algo de fato fantástico, enquanto Oz nunca deixa de ser um charlatão. Ele até acha uma utilidade prática pros seus truques, mas aquela expectativa criada no começo da história (quando ele não pode curar a menina paralítica) nunca é de fato satisfeita. E toda a desonestidade assumida acaba dando ao personagem um caráter meio cômico e duvidoso - não é um herói pelo qual você torce e se importa (até porque James Franco tem cara de cínico - não sei se ele é bom pra expressar emoções mais honestas).
Também acho que as bruxas más poderiam ter dado vilãs mais ameaçadoras (a transformação da Mila Kunis nunca chega a convencer - tanto fisicamente quanto emocionalmente). Mas apesar desses problemas o filme entretém, é bem dirigido, agradável para os olhos e ouvidos. Tem elementos familiares o suficiente pra nos levar de volta ao universo de Oz, mas qualidades e ideias novas o bastante pra não parecer uma exploração vazia do clássico. E de quebra tem a música da Mariah "Almost Home" que achei bem divertida.
Oz the Great and Powerful (EUA / 2013 / 130 min / Sam Raimi)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de O Hobbit, Alice no País das Maravilhas, A Fantástica Fábrica de Chocolate.
NOTA: 7.0
sábado, 9 de março de 2013
Dezesseis Luas
Apesar de ter sido um fracasso nos EUA, veio anunciado como "o próximo Crepúsculo" esse romance adolescente misturado com fantasia que conta a história de Lena, uma garota misteriosa e com poderes sobrenaturais que chega numa cidadezinha do Sul dos EUA e começa um romance com Ethan, um garoto local, trazendo problemas para ambos.
Infelizmente a produção é de gosto duvidoso (efeitos especiais estranhos, cenários feios, cabelos feios...) e a história não é das melhores, insistindo demais nas burocracias do mundo dos bruxos. Tenho certos problemas com filmes sobre bruxos, vampiros, etc, pois muitas vezes os conflitos são muito distantes da nossa realidade. Lena, ao completar 16 anos, irá descobrir sua verdadeira natureza - se ela irá para o lado da luz ou das trevas. Depois tem que descobrir como desfazer uma antiga maldição, mas pra isso alguém que ela ama terá que morrer... Ou seja, é difícil se por na pele da menina, pois na vida real não exite nenhum paralelo para isso - uma situação onde forças externas determinam se você é bom ou mau, ou leis aleatórias que te obrigam a fazer grandes sacrifícios...
Mas isso tudo ainda não explica o fracasso do filme. Crepúsculo também não tinha o melhor dos roteiros e a melhor das produções, mas foi um sucesso pois acertou num ponto: no casal central (ou no trio central). Aqui parece que pegaram de propósito atores menos fotogênicos, menos carismáticos, achando que a plateia se identificaria mais com pessoas normais. Errado! Pelo menos pra esse tipo de filme (um romance escapista, maior que a vida). As meninas não querem ver uma garota que se pareça de fato com qualquer outra. Elas querem ver seus conflitos e inseguranças projetadas numa menina atraente, elegante, desejada... Era divertido ver Bella tropeçando, se fazendo de enrustida - isso abria uma porta pras meninas se identificarem com uma garota que no fundo era uma referência. Não era de fato uma desastrada. Enfim, quem diria que um dia eu estaria sentindo falta dos acertos de Crepúsculo, mas a verdade é que esse filme veio mostrar que seu sucesso não foi à toa.
Beautiful Creatures (EUA / 2013 / 124 min / Richard LaGravenese)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou tanto de Crepúsculo que qualquer coisa na linha já está valendo.
NOTA: 4.5
Infelizmente a produção é de gosto duvidoso (efeitos especiais estranhos, cenários feios, cabelos feios...) e a história não é das melhores, insistindo demais nas burocracias do mundo dos bruxos. Tenho certos problemas com filmes sobre bruxos, vampiros, etc, pois muitas vezes os conflitos são muito distantes da nossa realidade. Lena, ao completar 16 anos, irá descobrir sua verdadeira natureza - se ela irá para o lado da luz ou das trevas. Depois tem que descobrir como desfazer uma antiga maldição, mas pra isso alguém que ela ama terá que morrer... Ou seja, é difícil se por na pele da menina, pois na vida real não exite nenhum paralelo para isso - uma situação onde forças externas determinam se você é bom ou mau, ou leis aleatórias que te obrigam a fazer grandes sacrifícios...
Mas isso tudo ainda não explica o fracasso do filme. Crepúsculo também não tinha o melhor dos roteiros e a melhor das produções, mas foi um sucesso pois acertou num ponto: no casal central (ou no trio central). Aqui parece que pegaram de propósito atores menos fotogênicos, menos carismáticos, achando que a plateia se identificaria mais com pessoas normais. Errado! Pelo menos pra esse tipo de filme (um romance escapista, maior que a vida). As meninas não querem ver uma garota que se pareça de fato com qualquer outra. Elas querem ver seus conflitos e inseguranças projetadas numa menina atraente, elegante, desejada... Era divertido ver Bella tropeçando, se fazendo de enrustida - isso abria uma porta pras meninas se identificarem com uma garota que no fundo era uma referência. Não era de fato uma desastrada. Enfim, quem diria que um dia eu estaria sentindo falta dos acertos de Crepúsculo, mas a verdade é que esse filme veio mostrar que seu sucesso não foi à toa.
Beautiful Creatures (EUA / 2013 / 124 min / Richard LaGravenese)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou tanto de Crepúsculo que qualquer coisa na linha já está valendo.
NOTA: 4.5
terça-feira, 5 de março de 2013
Hitchcock
Filme biográfico sobre Alfred Hitchcock que foca na relação dele com sua esposa Alma Reville (que era uma editora talentosa e colaborava nos roteiros de seus filmes) durante a produção de Psicose, que se tornaria um de seus trabalhos mais famosos. Me lembrou o filme da Marilyn Monroe (Sete Dias com Marilyn) pois se passa num universo parecido e tem o mesmo tipo de estética e nível de qualidade. Não chega a ser um grande filme, mas acaba sendo interessante por causa do assunto (para os que se interessam por cinema pelo menos).
Só não simpatizei mais porque, como em muitos filmes do gênero, há aquela tentativa de diminuir o protagonista. De mostrar não o grande gênio que ele foi, mas o homem falho por trás do gênio. A maneira em que isso é feito é sugerindo que o sucesso de Psicose foi mais mérito de Alma Reville do que do próprio Hitchcock (o que eu não acredito), e também pela representação dele como um sujeito sinistro, que espiava suas atrizes se trocando no camarim e imaginava Ed Gein (o assassino em série que inspirou o personagem Norman Bates) conversando com ele durante a produção. Tudo o que vi e li até hoje sobre Hitchcock (e olha que há muitas entrevistas e documentários sobre ele) sugere um cara educado, com ótimo senso de humor (até meio infantil, no bom sentido), que detestava qualquer tipo de problema e conflito na vida real. Não é bem isso que vemos na performance de Anthony Hopkins (que apesar de ótimo ator acho que tem um rosto pesado demais, não transmite esse espírito brincalhão de Hitch).
De qualquer forma é uma produção bem cuidada, com bons atores (com destaque pra Helen Mirren no papel de Alma). Hitchcock foi um dos melhores diretores de todos os tempos e tinha uma personalidade única, seria difícil fazer um filme entediante sobre ele. Ainda não é a biografia que ele merece, mas é uma história interessante sobre o processo criativo, sobre integridade artística e os eternos conflitos das mentes inovadoras.
Hitchcock (EUA / 2012 / 98 min / Sacha Gervasi)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Sete Dias com Marilyn, J. Edgar, Capote, etc.
NOTA: 7.0
Só não simpatizei mais porque, como em muitos filmes do gênero, há aquela tentativa de diminuir o protagonista. De mostrar não o grande gênio que ele foi, mas o homem falho por trás do gênio. A maneira em que isso é feito é sugerindo que o sucesso de Psicose foi mais mérito de Alma Reville do que do próprio Hitchcock (o que eu não acredito), e também pela representação dele como um sujeito sinistro, que espiava suas atrizes se trocando no camarim e imaginava Ed Gein (o assassino em série que inspirou o personagem Norman Bates) conversando com ele durante a produção. Tudo o que vi e li até hoje sobre Hitchcock (e olha que há muitas entrevistas e documentários sobre ele) sugere um cara educado, com ótimo senso de humor (até meio infantil, no bom sentido), que detestava qualquer tipo de problema e conflito na vida real. Não é bem isso que vemos na performance de Anthony Hopkins (que apesar de ótimo ator acho que tem um rosto pesado demais, não transmite esse espírito brincalhão de Hitch).
De qualquer forma é uma produção bem cuidada, com bons atores (com destaque pra Helen Mirren no papel de Alma). Hitchcock foi um dos melhores diretores de todos os tempos e tinha uma personalidade única, seria difícil fazer um filme entediante sobre ele. Ainda não é a biografia que ele merece, mas é uma história interessante sobre o processo criativo, sobre integridade artística e os eternos conflitos das mentes inovadoras.
Hitchcock (EUA / 2012 / 98 min / Sacha Gervasi)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Sete Dias com Marilyn, J. Edgar, Capote, etc.
NOTA: 7.0
sexta-feira, 1 de março de 2013
Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer
John McClane (Bruce Willis) está de volta nesse quinto episódio da série Duro de Matar onde ele viaja pra Rússia pra ajudar seu filho Jack que está preso. No processo, acaba arrumando encrenca com criminosos russos e se mete numa trama política que é desinteressante e vaga demais pra gente se importar. A história também é sobre John tentando se reaproximar do filho, que não quer saber muito dele.
O problema é que além da trama ser ruim, o filme também não funciona nesse nível mais pessoal - não há uma química interessante entre Bruce Willis e o filho, e você não torce por uma reconciliação entre eles. Se você parar pra pensar, quase todo grande filme é sobre um relacionamento fascinante - relacionamentos entre homens e mulheres, amigos, pais e filhos, colegas de trabalho, patrões e empregados, animais e donos - ou até entre vilões e heróis. Quase tão importante quanto ter uma boa história pra contar, é saber colocar na tela personagens que funcionem juntos, que se complementem, sejam necessários um para o outro (às vezes a história nem é tão boa, mas se você tem bons relacionamentos na tela, o filme já se torna assistível).
John McClane aqui é um herói experiente, já de certa idade... Tudo o que você quer é vê-lo provar que ainda é o velho McClane, que não está ultrapassado. Ao seu lado, você quer personagens que enfatizem suas qualidades, não que as diminuam. No Duro de Matar 4 (que foi ótimo) o parceiro de Willis era o Justin Long - um garoto magrelo, nerd, atrapalhado, que ficava perfeito ao lado de Willis, pois estava sempre chocado e apavorado com as coisas que ele fazia. Aqui você tem um cara durão, atraente, muito bem treinado... Willis não parece significante ao lado dele; não tem muito a ensiná-lo, e as coisas que faz não parecem mais tão impressionantes... É um time que simplesmente não empolga - indo atrás de um objetivo não muito envolvente.
Foi decepção tanto de crítica quanto de bilheteria nos EUA. Parece uma produção mais barata e mal cuidada se comparada com a última (que era do diretor Len Wiseman, da série Anjos da Noite, que é competente e tem certa classe). Espero que não seja fatal, seria um final indigno pra série.
A Good Day to Die Hard (EUA / 2013 / 98 min / John Moore)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Os Mercenários, Esquadrão Classe A, G.I. Joe: A Origem de Cobra, etc.
NOTA: 4.0
O problema é que além da trama ser ruim, o filme também não funciona nesse nível mais pessoal - não há uma química interessante entre Bruce Willis e o filho, e você não torce por uma reconciliação entre eles. Se você parar pra pensar, quase todo grande filme é sobre um relacionamento fascinante - relacionamentos entre homens e mulheres, amigos, pais e filhos, colegas de trabalho, patrões e empregados, animais e donos - ou até entre vilões e heróis. Quase tão importante quanto ter uma boa história pra contar, é saber colocar na tela personagens que funcionem juntos, que se complementem, sejam necessários um para o outro (às vezes a história nem é tão boa, mas se você tem bons relacionamentos na tela, o filme já se torna assistível).
Foi decepção tanto de crítica quanto de bilheteria nos EUA. Parece uma produção mais barata e mal cuidada se comparada com a última (que era do diretor Len Wiseman, da série Anjos da Noite, que é competente e tem certa classe). Espero que não seja fatal, seria um final indigno pra série.
A Good Day to Die Hard (EUA / 2013 / 98 min / John Moore)
INDICAÇÃO: Quem gostou de Os Mercenários, Esquadrão Classe A, G.I. Joe: A Origem de Cobra, etc.
NOTA: 4.0
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