Filme biográfico sobre Alfred Hitchcock que foca na relação dele com sua esposa Alma Reville (que era uma editora talentosa e colaborava nos roteiros de seus filmes) durante a produção de Psicose, que se tornaria um de seus trabalhos mais famosos. Me lembrou o filme da Marilyn Monroe (Sete Dias com Marilyn) pois se passa num universo parecido e tem o mesmo tipo de estética e nível de qualidade. Não chega a ser um grande filme, mas acaba sendo interessante por causa do assunto (para os que se interessam por cinema pelo menos).
Só não simpatizei mais porque, como em muitos filmes do gênero, há aquela tentativa de diminuir o protagonista. De mostrar não o grande gênio que ele foi, mas o homem falho por trás do gênio. A maneira em que isso é feito é sugerindo que o sucesso de Psicose foi mais mérito de Alma Reville do que do próprio Hitchcock (o que eu não acredito), e também pela representação dele como um sujeito sinistro, que espiava suas atrizes se trocando no camarim e imaginava Ed Gein (o assassino em série que inspirou o personagem Norman Bates) conversando com ele durante a produção. Tudo o que vi e li até hoje sobre Hitchcock (e olha que há muitas entrevistas e documentários sobre ele) sugere um cara educado, com ótimo senso de humor (até meio infantil, no bom sentido), que detestava qualquer tipo de problema e conflito na vida real. Não é bem isso que vemos na performance de Anthony Hopkins (que apesar de ótimo ator acho que tem um rosto pesado demais, não transmite esse espírito brincalhão de Hitch).
De qualquer forma é uma produção bem cuidada, com bons atores (com destaque pra Helen Mirren no papel de Alma). Hitchcock foi um dos melhores diretores de todos os tempos e tinha uma
personalidade única, seria difícil fazer um filme entediante sobre ele. Ainda não é a biografia que ele merece, mas é uma história interessante sobre o processo criativo, sobre integridade artística e os eternos conflitos das mentes inovadoras.
Hitchcock (EUA / 2012 / 98 min / Sacha Gervasi)
INDICAÇÃO: Pra quem gostou de Sete Dias com Marilyn, J. Edgar, Capote, etc.
NOTA: 7.0
5 comentários:
Já tinha tido um filme para a HBO, que retrata uma pobre figura de Hitchcock tarado. Mesmo se fosse verdade, o pessoal deveria focar na carreira desse que foi um gênio. Igual aquelas teoria de Chaplin, com menor de idade... Acho lamentável eles citarem isso! Quero muito ver esse filme com o Hopkins.
Ouvi falar desse filme da HBO.. Chama "The Girl" não é? Quero ver. Mas a maioria dos filmes biográficos tem esse olhar cínico... daí quando a pessoa não cometeu nenhum crime nem fez nada realmente condenável, eles 'revelam' que ela tinha distúrbios emocionais, etc. Rs.
Muito bom Caio, como sempre concordo sempre com suas observações. É um bom filme, mas não retrata nem um pouco a alma de nosso gênio do cinema.
Esperamos ainda por um filme melhor.
Pelo menos a caracterização dele não era em 3D rsrs.
Gostei do que vc falou, não é um grande filme mas é interessante.
Não fiquei com a impressão de que o mérito era da mulher, pelo contrário, saí pensando que ele foi um gênio multi tasker, que adaptou, bancou e ainda soube vender o filme, e ela, mesmo sendo brilhante, fez o mínino necessário para parecer que estava envolvida.
Legal Marciano.. Sem dúvida haverá outros, até pq esse filme e o The Girl parecem focar em períodos curtos da vida dele.
Oi Laura..! Então, eles mostram o Psicose praticamente fracassando, todo mundo detestando o filme, daí vem ela e "salva" o projeto, reeditando tudo, etc.. Nesse ponto que achei que o filme passou essa impressão. Mas claro, é só um detalhe.. somando esse com outros, achei que o filme cria um retrato menos glorioso do Hitch (do que imagino ser a realidade).
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