Não tinha gostado do trailer por causa da ênfase nos palavrões e no humor vulgar (o próprio título já é um trocadilho de gosto duvidoso). Pensei que fosse ser um caso de Idealismo Corrompido - o filme exagerar nesse lado baixo como um pedido de desculpas pelo aspecto mais inocente da história (já que isso anda fora de moda). Mas no fim quase tudo que tinha de grosseiro no filme estava no trailer e o resto não chegou a me incomodar (toda vez que a Kéfera tirava algum objeto do traseiro eu apenas dava uma revirada de olho, mas em seguida dava pra voltar pro clima da história).
A Kéfera está excelente no filme - carismática, espontânea, engraçada, bonita (nunca acompanhei ela no YouTube e os poucos vídeos que vi não me impressionaram muito pelo conteúdo, mas aqui pra mim ficou claro que ela nasceu pra estar em frente às câmeras e que ela pode ter uma carreira de sucesso como atriz se fizer boas escolhas).
Achei o filme nostálgico porque ele lembra coisas infantis dos anos 80/90, filmes da Xuxa, etc, daqueles com efeitos especiais mal feitos e todas aquelas coisas "politicamente incorretas" divertidas que não são permitidas mais hoje em dia, o que dá a impressão de realmente estarmos vendo algo fora de seu tempo (a menina por exemplo alisa o cabelo pra impressionar os colegas de classe, e isso é mostrado com total naturalidade, o que certamente irritará muita gente; há também uma certa erotização de menores de idade, o que era comum há umas décadas atrás mas não mais hoje em dia).
Claro, há algumas cenas constrangedoras (as dancinhas são sempre uma tortura), e também não dá pra fazer grandes elogios ao filme em termos estéticos, mas dentro de sua proposta acho que ele diverte e funciona. Se eu tivesse filhos iria preferir levá-los pra ver este filme do que a maioria das coisas lançadas pra crianças recentemente.
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É Fada / Brasil / 2016 / Cris D'Amato
FILMES PARECIDOS: Hannah Montana: O Filme (2009) / High School Musical (2006) / O Diário da Princesa (2001) / Sonho de Verão (1990) / Lua de Cristal (1990)
NOTA: 6.5
12 comentários:
kkkkkkkk o trocadilho com o título, não tinha percebido essa....
Aliás, muito interessante a sua crítica sincera, só vi os outros metendo o pau no filme meio que indo na inércia coletiva. Em certos aspectos os críticos só sabiam citar outros ao infinito, sem exprimir sequer uma única gota de pensamento próprio.
No caso do Brasil, acho um experimento interessante levar youtubers para as telonas, já que a internet é uma mídia de "pensamento livre" e independe da televisão e de subsídios públicos. Também acredito que estes youtubers estão mais alinhados com a mentalidade dos jovens do que os atores da globo, que neste caso estão vivendo em um outro Brasil. Pois apesar das críticas, o filme tem se saído muito bem entre seu público alvo.
Entretanto, a questão do MinC me incomoda. Sinto que a "liberdade" que um filme de youtuber teria é limitada. Espero que se algum deles resolver fazer mais um filme, utilizem de financiamento privado e criem um precedente no cinema brasileiro, libertando-se da influência da esquerda que permeia os filmes nacionais.
O Tiago Belotti postou um texto hj dizendo que tem muita gente fazendo crítica negativa do filme sem ter nem assistido.. só pq o assunto tá em alta e esse tipo de post atrai visualizações.. daí apenas repetem o que os outros estão dizendo.. o Tiago tb detonou o filme, mas pelo menos assistiu, hehe. É normal jovens rejeitarem esse tipo de produção.. principalmente homens.. a maioria ta numa fase precisando provar que é cool.. q são adultos, descolados.. e um filme desses é a antítese do q é cool, hehe, ainda mais na atmosfera cultural de hoje. Sim, o lance do financiamento privado seria incrível pro cinema nacional.. estou fazendo minha parte, meu curta foi financiado de maneira 100% privada, kkk.. abs!
Eu não vi o filme, mas já imaginava que as críticas estavam tão negativas porque há uma noção de que essa é a opinião de que as pessoas devem ter, e que ver elas sendo enfatizadas pela crítica deve der um senso se afirmação pra quem pensa assim.
Não vi o filme e não pretendo ver por falta de tempo e dinheiro, mas sempre que é o caso eu venho no seu blog. É muito bom para ter uma noção do filme, porque sua opinião é sempre singular de uma forma e objetiva também. Continue o bom trabalho!
Acesso muito seu blog, gostaria de ver uma crítica do episódio 4 San Junipero de Black Mirror. Tem no Netflix
Oi Karla tudo bem?? Eu nunca assisti Black Mirror, não precisa ver desde o começo pra entender? abs.
Oi. Tudo bem. Não precisa cada episódio é uma história diferente com outros personagens em outra epoca, pode assistir qualquer episodio que nenhum depende do outro. Esqueci de avisar que esse eh da terceira temporada.
Oi Anderson, obrigado pela mensagem! Tudo que cai nessa categoria de filme meio juvenil, Disney, que reafirma os "padrões", etc, vira alvo de enormes ataques na internet.. basta ir no YouTube no clipe do Justin Bieber "Baby" e avaliar a quantidade de dislikes.. certamente não tem a ver com a qualidade da música, com as habilidades do artista, etc.. e sim com o fato de que esse é um dos estereótipos que mais repelem as pessoas hoje em dia.. o jovem bonitinho, bom moço, mainstream, popular, etc. E vira um bullying escancarado, sem pudor, pois as pessoas sentem que não há problemas em atacar os privilegiados. Ou seja, nesses casos tento sempre separar o que é uma rejeição ao filme de fato, à má qualidade dele.. e o que é apenas uma reação negativa desproporcional a esse arquétipo que as pessoas amam destruir..
Opa Caio quanto tempo.
Fiquei surpreso com sua crítica inesperada do filme da Kéfera, até esperava que você fosse pular como fez com o filme infantil Cegonhas: A História que Não te COntaram
Gostei da sua crítica justamente porque você não acompanha o fenômeno Youtuber e não alimenta um sentimento de ódio digamos assim por eles. E você pode analisar melhor sobre o filme.
Citar como semelhantes o Lua de Cristal e Sonho de Verão (esse último tinha como pretexto expor as Paquitas - assistente de palco da Xuxa de biquini). Até porque gosto de coisas assim (fazer o quê? Sou meio orfão de produções nacionais tranqueiras, acho mais sinceras que esse pseudo cinema naturalista que contaminou o segamento).
Vou pegar quando sair em vídeo.
Karla, assisti ao episódio San Junipero e achei uma das coisas mais inteligentes, criativas e ao mesmo tempo deprimentes que vi nos últimos tempos.. no começo estava detestando o romance, achando a menina má atriz, o personagem antipático.. mas quando comecei a entender o que estava acontecendo na história, e a história virou algo maior que um romance, fiquei fascinado pela trama.. mais ou menos como no filme "Ela", só que essa história é ainda mais surpreendente, ousada e ambiciosa em termos de narrativa, de ideias, etc. Só não achei melhor pq realmente a história é extremamente melancólica, faz uma abordagem fria, deprimente da morte, etc (ou seja, o Senso de Vida não é dos melhores). Mas como um episódio de uma série, achei brilhante. Abs.
Haha.. oi Dood.. Cegonhas não vi mesmo.. me pareceu meio comum e esquecível.. sei lá.. agora um filme estrelado por uma YouTuber (algo ainda novo).. massacrado impiedosamente pela crítica.. minha curiosidade foi maior, kkk. Também acho mais sincero esse tipo de filme "tranqueira" do que os naturalistas. Abs!!
Eu achei San Junipero uma das coisas mais fofas e mais tristes que já assisti. Mesmo assim eu acho que o episódio acabou com final feliz. Talvez por causa do tipo de tom dos outros episódios. A última vez que chorei tanto em um romance gay foi no Segredo de Brookback Moutain esse sim eu acho final triste :-((
Karla, eu tive um sentimento meio misto em relação ao final feliz do episódio.. sei lá.. eu tava achando super legal a ideia da garota querer morrer.. não ir praquele lugar.. não vejo a morte como algo que deve ser temido, então tava achando ela mais sensata, corajosa.. daí quando ela resolveu ir pra San Junipero achei meio frustrante.. mas enfim.. pelo menos "o amor venceu", hehe ;)
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