- Misterioso e intrigante o começo (o flashback com os assassinatos sem revelar os personagens). A cena do garotinho montando o quebra-cabeça é excelente e uma ótima apresentação do personagem.
- Ben Affleck está bem no papel e o personagem é bem delineado, tem aquela combinação ideal de vulnerabilidades e forças que fazem alguns dos heróis mais interessantes (acho divertido que ele tem habilidades quase sobrenaturais, mas ainda assim convincentes pois são justificadas pela caracterização do personagem - o autismo, a criação do pai, etc. - acaba sendo bem mais empolgante do que esses filmes de super-heróis que de fato têm super poderes).
- Uma das melhores direções e fotografias do ano (nada de altamente virtuoso ou que chame atenção para si, mas dá pra ver que a equipe tem uma noção de narrativa acima da média).
- O elenco coadjuvante é muito bom (J.K. Simmons, John Lithgow...). A relação entre o Ben Affleck e a Anna Kendrick é positiva e atraente (no começo ele é grosso com ela, não se dão bem, mas sabemos que eles são compatíveis, torcemos por uma amizade, etc).
- Ótimo roteiro - todas as cenas são interessantes, avançam a história, enriquecem os personagens, sempre acontece algo de surpreendente que modifica a situação e cria um pequeno clímax dentro de cada cena, etc.
- Demais o detalhe de quando ele volta pra casa transtornado e erra o "timing" da entrada na garagem (que antes era milimetricamente pensado).
- Muito bom quando ele começa a agir e a matar os bandidos, salvar a mocinha, etc. O filme criou bastante expectativa em relação às habilidades do herói, então não víamos a hora dele começar o "show".
- O roteiro é bom porque mesmo que você não entenda nada de finanças, dos detalhes mais técnicos da trama (como eu por exemplo) o filme continua prendendo a atenção num nível mais essencial.
- Bons os flashbacks mostrando o Affleck criança sendo "treinado" pelo pai. É quase um milagre que esse roteiro seja original, e não baseado num livro. Não se vê mais hoje em dia histórias sólidas como essa, ricas em detalhes, etc, sendo criadas diretamente para o cinema.
- SPOILER: O único problema do filme na minha opinião é o final. Os flashbacks começam a ficar confusos demais pra entender (o motivo do herói ter sido preso no passado, etc), mas principalmente a surpresa envolvendo o irmão acaba soando forçada, uma coincidência total que não gera um significado interessante pro filme. Ao longo da história, não foi construído um conflito interessante entre os 2 pra isso parecer um clímax necessário e emocionalmente satisfatório. É uma surpresa que meio que "vem do nada" e deixa a gente desconfiado da trama. Como ação pelo menos a sequência na casa funciona.
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CONCLUSÃO: Raro exemplo (hoje em dia) de um entretenimento que se leva a sério e tem boa qualidade cinematográfica.
The Accountant / EUA / 2016 / Gavin O'Connor
FILMES PARECIDOS: O Jogo da Imitação (2014) / Argo (2012) / Jack Reacher: O Último Tiro (2012) / O Fugitivo (1993)
NOTA: 7.8
2 comentários:
Caio, a escolha da sequência dos flashbacks no final foi mesmo ruim, acho que erraram na montagem, rs. Eu liguei os pontos depois, mas fiquei confuso no início tb.
Desconfiei desde o início que o cara contratado para eliminar os empresários era o irmão do contador... Pelas habilidades dele, e porque os minutos se passavam e não falavam mais nada sobre o irmão quando adulto, sendo que deveriam falar pq ele teve um papel importante na infância do contador. Então nem essa surpresa eu tive no final.
Mas mesmo assim o filme é ótimo! Estava com saudades de ver um filme de ação inteligente.
Oi Rodrigo..! Eu sou bem desligado pra essas coisas e nunca adivinho as reviravoltas antes, hehe. Só quando é muuuito clichê mesmo. Mas que bom que valeu a dica então!!
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