sábado, 1 de outubro de 2016

O Lar das Crianças Peculiares

NOTAS DA SESSÃO:

- Por que de uma hora pra outra coisas fantásticas começam a acontecer? Qual a explicação pro sobrenatural na história?

- Jake é um "herói envergonhado" - não tem nada de especial, atraente como protagonista. A relação dele com o pai também é artificial e a viagem deles pra ilha parece improvável.

- O começo do filme sugere que Jake irá descobrir um lugar mágico, encantador, mas quando ele chega no outro mundo, é um ambiente melancólico, sem cor, com personagens sinistros e infelizes (o que são esses gêmeos horríveis com pano na cabeça?). É o que falo na postagem das "tendências irritantes" - filmes pra jovens hoje em dia competem pra ver qual soa mais sombrio (como se isso fosse sinal de qualidade).

- Os poderes das crianças são as ideias mais divertidas do filme (a menina colocando a mão no bule pra ferver a água, a outra crescendo cenouras, etc).

- A ideia do lar pra crianças com poderes lembra muito X-Men, Harry Potter, o que impede a história de soar mais original.

- As regras do universo do filme são meio mal explicadas. Não entendi direito eles precisam viver sempre num mesmo dia.

- O protagonista não tem objetivo (o romance com a menina é um tédio, ele não quer voltar pra casa, também não quer realizar algo na fenda, nenhuma relação interessante se desenvolve ao longo da história...). O filme é apenas uma apresentação do universo criado pelo autor. O problema é que não há nada de muito atraente nesse lugar pra gente querer permanecer nele (nem visualmente é tão interessante assim). E também não é um lugar assustador de onde nós queremos que o herói escape. O herói sai de sua vida comum e vai parar num lugar que não é nem fantástico nem terrível... é apenas "peculiar" com diz o título, cheio de coisas esquisitas. Mas é uma situação morna, não uma grande aventura.

- Vou repetir aqui o que escrevi sobre Song of the Sea: fantasia só equivale a entretenimento e magia quando associada a temas positivos: virtude, felicidade, diversão, realização de sonhos, solução de problemas, etc. Ela não torna encantadora uma história melancólica sobre personagens comuns.

- Herói típico da atualidade: tímido, não faz nada de impressionante na história, a única coisa especial que ele tem é algo puramente genético que ele nem sabia. E o poder específico dele não é legal: a habilidade de ver monstros que pros outros são invisíveis (mais uma vez a história valorizando o sombrio, o melancólico).

- SPOILER: Nada prático "ressuscitar" o navio fantasma pra servir como meio de transporte. Com tantos poderes eles não podiam simplesmente ir voando ou algo do tipo? (Provavelmente sim, mas daí não seria "sombrio").

- As regras vão ficando cada vez mais confusas (em que tempo eles estão, eles estão dentro da fenda, fora da fenda, quem sobrevive fora da fenda, o que pode ser visto fora da fenda pelas pessoas comuns, etc?). Mas o maior problema nem é esse, e sim que emocionalmente a história não funciona. Não estamos torcendo pro herói realizar algo, reencontrar com o avô, ficar com a menina, superar alguma dificuldade, etc.

- SPOILER:  A meia hora final é ruim. Tudo confuso, feio visualmente, sem carga dramática, com ideias fracas (a batalha dos esqueletos, o menino colocando o coração naquele elefante de pano, ou mesmo a ideia final do Jake viajar anos pra reencontrar os amigos, como se eles tivessem desenvolvido um grande laço afetivo).

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CONCLUSÃO: Personagens fracos e história fraca. Mais uma adaptação desses livros adolescentes genéricos que querem lançar uma nova franquia.

(Miss Peregrine's Home for Peculiar Children / Reino Unido, Bélgica, EUA / 2016 / Tim Burton)

FILMES PARECIDOS: Alice Através do Espelho (2016) / Divergente (2014) / Dezesseis Luas (2013) / Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos (2013) / Percy Jackson e o Mar de Monstros (2013) / série Harry Potter

NOTA: 4.5

6 comentários:

Anônimo disse...

Você tem uma lista de filmes com heróis "desavergonhados"?

Caio Amaral disse...

Hehe.. ainda não, mas dou várias dicas na lista 100 Grandes Filmes:

http://profissaocinefilo.blogspot.com.br/2015/07/100-grandes-filmes.html

Anônimo disse...

Esse filme está sendo alvo de controvérsia nos Estados Unidos, não tanto pela história em si, mas pelo hábito de Tim Burton de escolher elencos exclusivamente brancos. Holywood gosta muito de se apresentar como palmatória do mundo, mas isso é coisa que nos dias de hoje ninguém pode fazer impunemente.

Caio Amaral disse...

Eu li algo a respeito e achei ridículo... O Samuel L. Jackson é um dos personagens que mais aparecem no filme... E mesmo que não fosse, não haveria problema algum.

Marcus Aurelius disse...

Caio, diz que não matou o blog por favor....

Caio Amaral disse...

Rs, não Marcus..! Ando ocupado essas semanas pois estou gravando meu curta-metragem.. mas tô tentando não perder as principais estreias.. vi Bridget Jones e tô entrando agora pra ver Inferno.. vou ver se posto amanhã sobre o Inferno pelo menos se der.. abraço!!