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- Um show de cinema desde a primeira cena. Robert Zemeckis voltou a se provar um dos melhores diretores vivos... Em termos de domínio da linguagem cinematográfica, ele é um mestre do porte de um Spielberg ou Scorsese.
- Os personagens e a história no entanto não são dos mais interessantes. O filme é um tanto impessoal. Não discute questões de verdadeiro interesse pro espectador. O romance é previsível, sem muitos conflitos, intensidade, intimidade. O personagem do Brad Pitt é meio apático. A maior emoção demonstrada é quando ele beija a Marion Cotillard pra fingir pra vizinha que estava espiando - e depois descobrimos que não tinha ninguém na janela. É uma maneira ótima de revelar um sentimento de forma visual - ainda assim, o conteúdo é morno e não é tão estimulante quanto a técnica.
- Fantástica a cena de sexo no carro. Zemeckis tem esse dom de usar a tecnologia sempre a favor da história, pra aumentar a dramaticidade e o valor artístico de uma cena.
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- Surpreendente a cena do tiroteio na festa! Embora não haja uma trama envolvente, o filme é cheio de momentos interessante (como o do baralho, por exemplo, ou o parto no meio do bombardeio).
- Depois dessa missão, o roteiro fica com uma "barriga"... Um período longo onde a história fica sem nenhum gancho, meio parada. Só em 1 hora de filme mais ou menos surge a suspeita de que a Marion Cotillard seja uma espiã. Aí sim o filme fica mais envolvente e ganha um conflito digno, gerando uma série de ações que o Brad Pitt tem que fazer até o inevitável clímax.
- Adoro que a palavra "lie" esteja destacada sutilmente no título do filme no pôster original.
- Só acho que o Brad Pitt está mentindo muito mal pra esposa (pra quem foi treinado pra isso).
- Interessantes as tentativas dele de confirmar a identidade da Marion. A cena em que ele vai visitar o cara na prisão é bem tensa.
- SPOILER: Excelente a cena do piano quando ele descobre a verdade sobre a esposa. Mais um exemplo de como contar a história visualmente, de maneira criativa. E isso dá um gancho bem envolvente pra conclusão.
- Muito bom o final, que basicamente é uma sequência de fuga. Queremos que eles escapem, mas ao mesmo tempo sabemos que a história não tem como ter um final feliz.
- O desfecho é satisfatório... Trágico, porém a Marion se redime e a gente sai com a sensação de que aconteceu a melhor coisa possível dentro daquele contexto. Bons finais são assim - soam inesperados e inevitáveis ao mesmo tempo.
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CONCLUSÃO: História um pouco morna e impessoal, mas cinematograficamente é o trabalho de um mestre.
Allied / Reino Unido, EUA / 2016 / Robert Zemeckis
FILMES PARECIDOS: A Travessia (2015) / Ponte dos Espiões (2015) / O Jogo da Imitação (2014) / Argo (2012)
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