sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Cinquenta Tons Mais Escuros

NOTAS DA SESSÃO:

- Bonita a canção dos créditos iniciais (é mais um caso em que o álbum é melhor que o filme).

- Meio cômica a cena na galeria de arte - as pessoas indo numa exposição pra ver fotos de uma mulher linda (quando a triste realidade é que um fotógrafo só é considerado artista quando registra crianças famintas na África, rostos enrugados de idosos, etc).

- Ridícula a razão do Grey e a Anastasia voltarem! Ele simplesmente diz pra ela "minha mãe era viciada em crack", e de um segundo pro outro todo o comportamento dele parece justificado! Psicologia mais tosca que já vi.

- Os diálogos são infantis. O pior é quando eles ficam citando autores famosos, livros clássicos, pra dar a impressão pra plateia de que eles não são apenas corpos bonitos.

- Preguiça do que esses personagens representam, dos valores por trás desse tipo de relacionamento, do culto às aparências, ao materialismo, dessa garota submissa que não faz nada e é o centro do universo, tem todos babando por ela por causa de seu sex appeal (ela é considerada genial no trabalho só por causa de uma sugestão tola que dá na reunião).

- SPOILER: O roteiro é um tédio. O romance não tem nenhum conflito (até as manias do Grey deixarem de ser um problema, já que a Anastasia parece estar curtindo ser espancada). O filme não faz a gente ficar preocupado com algo, torcendo por algo. Os 2 resolvem voltar, e a partir daí ficamos apenas assistindo tudo dar cada vez mais certo: eles transando o tempo todo, resolvendo morar juntos, dar uma festa, se casar... Os únicos obstáculos são os invejosos que tentam atrapalhar a relação de vez em quando (o chefe da Anastasia, a Kim Basinger, a ex do Grey que parece uma assombração). Mas nada realmente preocupante que forme um enredo.

- SPOILER: Pra não falar só mal do filme, acho bonita a cena em que o Grey se ajoelha diante da Anastasia pra não deixar ela ir embora (um cara como ele se colocar numa posição submissa é realmente a maior prova de amor, rs).

- SPOILER: O que é essa cena do helicóptero?!?!?! Parece que mudaram o canal e pegamos um outro filme pela metade! É uma reviravolta absurda, aleatória, totalmente desconectada do resto do filme! Só pra ter um momento de crise / preocupação (já que o roteiro não fornece isso com conflitos reais) pra daí o haver um final feliz depois. A família está acompanhando as notícias do acidente pela TV?! E de repente o Grey entra pela porta??? Onde foi esse acidente? Não foi em outro estado? Como ele saiu do meio da selva, voltou pro apartamento rapidamente (sem telefonar) e tudo antes do noticiário ter qualquer informação? Essa com certeza leva o prêmio da sequência mais insana do ano.

- O confronto final com a Kim Basinger parece cena de novela mexicana. As frases são inacreditáveis: "Você me ensinou a trepar. Ela me ensinou a amar!".

- O filme trata a cena do anel de noivado como se fosse um clímax, mas eles já estão comprometidos há muito tempo! Está tudo dando certo desde que o filme começou. Eles já foram morar juntos, ele já pediu ela em casamento e ela aceitou... O ato dele dar um anel é mais do mesmo, apenas confirma o que já sabemos há horas. O pior são as pessoas suspirando no cinema - e perceber que a cena funciona sim como um clímax pro público alvo do filme - pras futuras esposas-profissionais-blogueiras-de-Instagram que mal podem esperar pra ver o tamanho do brilhante no anel.

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CONCLUSÃO: Simpatizo pela tentativa de retratar um romance perfeito - mas o roteiro é péssimo e a ideia do filme do que é perfeição me deprime.

Fifty Shades Darker / EUA / 2017 / James Foley

FILMES PARECIDOS: Divergente (2014) / A Culpa É das Estrelas (2014) / Sex and the City: O Filme (2008) / Crepúsculo (2008)

NOTA: 3.5

9 comentários:

Anônimo disse...

..."dessa garota submissa que não faz nada e é o centro do universo, tem todos babando por ela por causa de seu sex appeal (ela é considerada genial no trabalho só por causa de uma sugestão tola que dá na reunião)."
Resumindo, uma Mary Sue.

Caio Amaral disse...

Não sei exatamente a definição de Mary Sue.. não é quando um personagem é perfeito em tudo, tem uma série de habilidades exageradas? Aqui o filme nem foca muito nas habilidades dela.. ela simplesmente tem a atenção de todos, é paparicada por todos.. tipo a mentalidade de um bebê de 2 anos, que se vê como o centro do universo só por existir.. não por ter qualidades de fato especiais..

Anônimo disse...

Também é considerada como Mary Sue uma personagem que monopoliza as atenções em sua história, sem grandes motivos para isso. A Bella Swan do "Crepúsculo" é uma das personagens mais freqüentemente citadas como Mary Sue, mesmo sem habilidades muito notáveis.

Marcus Aurelius disse...

Olá Caio, o que tu falou a respeito da galeria de arte, de que um fotógrafo só é considerado artista se tirar tais fotos, é bem o que eu penso. Mas de outra forma, o fotografo que registra a mulher linda não é menos ou mais artista do que o outro, pois continua sendo apenas um registro, um click.

Da mesma forma eu vejo os manipuladores de foto, não aqueles de revista de modelo, mais artistas que os fotógrafos nesse caso, pois estão utilizando técnica e habilidade para recriar ou materializar uma imagem conforme a sua visão fazendo algo além de apenas um click.

Caio Amaral disse...

A Anastasia e a Bella do Crepúsculo são casos bem parecidos nesse sentido..

Marcus, eu discordo um pouco da opinião da Ayn Rand de que fotografia não é arte.. Acho que, dependendo da fotografia e do fotógrafo, pode ou não ser (assim como tinta numa tela pode ou não ser arte dependendo do que você faz com ela).. há infinitas escolhas que o fotógrafo tem que fazer em termos de escolha de conteúdo, lente, luz, ângulo, enquadramento, etc.. e acho q tudo isso somado pode sim transmitir uma visão particular de mundo, revelar algo além da realidade bruta que estava lá.. então é um caso meio complexo.. é preciso diferenciar também o fotógrafo que apenas sai por aí registrando o que já está disponível (nesse caso o aspecto artístico se revelará mais através do estilo).. daqueles que produzem o conteúdo que irão fotografar (pense um David Lachapelle por exemplo).. daí a fotografia vai bem além do "click".. Muitos fotógrafos também tratam suas próprias fotos.. Quando há uma divisão de trabalho (um fotografa, o outro revela, outro edita, etc), daí fica mais difícil dizer que parte é arte e que parte não é.. mas eu ainda consideraria o fotógrafo o artista primário, afinal é ele que irá dirigir todos os outros profissionais.. assim como o diretor de um filme orienta o editor, os atores, o compositor, pra que no fim o filme expresse a sua visão..

Marcus Aurelius disse...

Então Caio, antes mesmo de conhecer Ayn Rand eu já tinha uma idéia "primitiva" a respeito de fotografia X arte, ela só ajudou a evoluí-la. Eu entendo da seguinte forma, se o fotógrafo faz mais do que apenas tirar um registro com filtro de Instagram, como fazer um jogo de espelhos, ilusões de óticas, manipular a iluminação, retirar ou acrescentar elementos, tirar a foto num ângulo não convencional, fotografar miniaturas com lente macro, etc (assim como as montagens de câmeras de filmes dos anos 40 pra trás) eu não o vejo mais como um fotógrafo mas como um "manipulador de imagem/foto" (uso essa expressão por desconhecer o termo técnico apropriado), porque o que vai sair na foto é diferente do que um registro fotográfico "cru" onde a única coisa que o fotógrafo fez foi deixar a imagem em preto e branco. Ou seja, se o fotografo capturou algo que não é a realidade, então ele é um manipulador.

Com relação à divisão de trabalho eu sou completamente leigo e nem sabia que existia isso, então a comparação com o diretor de cinema eu compreendo mas por não conhecer não concordo nem discordo.

Caio Amaral disse...

Sim.. tb acho.. começa a virar arte na medida em que a foto vai além do registro documental de um momento.. e o artista realmente manipula a imagem de forma que isso demonstre técnica, expresse seus valores e seu senso estético pessoal, etc.

Dood disse...

Nunca me interessei pela série de filmes, sei lá me pareceu algo do nível Crepúsculo só que com um tom mais pro erotismo visual.

Acho engraçado como fazem piadas desse filme, só não sei se a imagem abaixo é real:

https://scontent.fqnv1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/16711524_1880761908805387_5344933206071311976_n.jpg?oh=8d64b2e390b2476cb235f14f8f47dc8a&oe=593B0105

Caio Amaral disse...

Kkk... não duvido!! Pena q não é em 3D o filme pra ajudar né, rs.