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- Naturalismo: O filme é um retrato tedioso da rotina de pessoas comuns sem nada de especial - o protagonista é um motorista de ônibus numa cidadezinha esquecida que sonha em se tornar um poeta (e pelas coisas que ele escreve não fica claro que ele tem qualquer talento), a namorada vende cupcakes mas sonha em ser uma estrela da música country (quando obviamente não tem a menor vocação pra isso). É quase como se o filme tivesse tirando sarro das ambições dessas pessoas, ao mesmo tempo em que demonstra carinho por elas, por acreditar que essa é condição de toda a humanidade. O sentimento por trás do filme é o de que somos todos perdedores, pessoas medíocres com expectativas ilusórias em relação à vida que nunca iremos atingir.
- O filme não quer contar uma história, criar uma experiência positiva pro espectador, se contenta apenas em fazer pequenas observações a respeito do comportamento humano, pra mostrar a "sensibilidade" do cineasta. Mas repare que todas essas observações reforçam o tema de que o ser humano é um fracassado: os homens feios no ônibus tentando dar a impressão de que são desejados por mulheres, o colega de trabalho que não perde uma oportunidade pra falar de seus problemas, o cara no bar apaixonado por uma mulher que o rejeita, o bar decadente que coloca fotos de sub-celebridades na parede pra tentar ganhar certo glamour, etc. A "sensibilidade" do cineasta no fim consiste em sua habilidade de observar o lado patético do ser humano.
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- O filme fica criando uma série de padrões e coincidências aleatórias: o nome do protagonista é Paterson, a cidade se chama Paterson, na estante há um livro com o nome Paterson. A namorada sonha que tinha engravidado de gêmeos, e a partir daí o protagonista vê uma série de gêmeos na cidade. A garotinha fala em cachoeira, e no jantar há um quadro com uma cachoeira na parede. Isso é uma tolice só pra dar a sensação de que o filme tem estrutura, "rimas internas", como nas poesias - mas na prática é uma "forma" totalmente desconectada de propósitos narrativos, da experiência do espectador. É como um cara com TOC que acende a apaga a luz dezenas de vezes pra se dar uma falsa sensação de ordem, quando sua vida na verdade é uma zona.
- O cineasta não sabe que há um limite pra quantas vezes você pode mostrar planos de cachorro num mesmo filme pra tirar reações "fofinhas" da plateia.
- O relacionamento do casal é deprimente. Ele escreve poesias dizendo o quanto a namorada é vital pra ele, mas na prática não vemos essa admiração ou apego. Ele parece vê-la como a loser que ela é. Por exemplo, a reação dele quando ela diz que vai comprar um violão pra se tornar artista country, ou quando ele prova a torta que ela fez e acha horrível, mas não fala nada pra não magoá-la. O protagonista nunca diz o que pensa. Ri de piadas no bar quando não acha a menor graça. É um cara reprimido, frustrado, que vive na mediocridade e não faz nada pra sair dela.
- Qual o sentido do encontro com o oriental no banco? Mais coincidências, padrões aleatórios, pessoas tolas, momentos embaraçosos. E no fim a semana acaba, volta a ser segunda-feira, e a chatice toda irá recomeçar.
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CONCLUSÃO: História tediosa feita por alguém que despreza as pessoas, a vida e a plateia.
Paterson / EUA, França, Alemanha / 2016 / Jim Jarmusch
FILMES PARECIDOS: Flores Partidas (2005)
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