sexta-feira, 14 de abril de 2017

Velozes e Furiosos 8

NOTAS DA SESSÃO:

- Divertido o racha inicial (embora seja extremamente forçado). É meio clichê a ideia do mocinho ter que competir usando uma ferramenta pior que o rival, e vencer mesmo assim, provando de uma vez por todas sua superioridade. Só que aqui eles empurram esse conceito até os limites, dando um ar de fantasia pra tudo: Vin Diesel está com o carro mais podre de Cuba, e o rival está com o melhor e mais rápido - e mesmo assim Diesel vence!

- Interessante a ideia do Vin Diesel passar pro time dos "maus". Ficamos querendo descobrir o que foi que a Charlize Theron mostrou pra ele pra convencê-lo.

- O filme tem várias ideias divertidas de ação, mas sempre às custas da lógica: Diesel entrando de carro no avião, ou a bola de demolição destruindo vários carros, etc. A cena de luta na prisão é quase surrealista de tão exagerada. Pelo menos o filme mantém o tom leve e divertido, não foca na violência e em sentimentos de ódio como John Wick.

- Difícil lembrar do último filme pra saber se faz sentido o Vin Diesel ter um filho com essa ex ao mesmo tempo em que está num relacionamento estável com a Michelle Rodriguez. Pelo menos o sequestro justifica as atitudes do Vin Diesel e cria uma motivação mais ou menos eficaz (mais ou menos porque essa mulher e essa criança surgiram do nada na história, é um coelho tirado da cartola, não são personagens que fazem parte da narrativa pelos quais realmente nos importamos). Mas acaba prendendo a atenção, até pelo fato do Diesel estar "traindo" os amigos e eles ainda não saberem a razão.

- Falsa a cena em que o Vin Diesel finge parar pra consertar o carro e dá uma "fugidinha", bate o maior papo com a Helen Mirren, e a Charlize Theron não percebe nada pelas câmeras.

- Um exagero essa cena dos carros andando sozinhos em piloto automático. Tudo isso só pra capturar aquela limousine? Os roteiristas pensam assim: "não seria legal se tivesse uma cena onde acontecesse a ideia X envolvendo carros?". E daí eles dão um jeito de enfiar essa ideia na história sem nenhuma preocupação em justificá-la racionalmente.

- É engraçado como cada etapa da trama "exige" que os protagonistas apareçam com seus carros, estejam eles em aviões, na Rússia, no meio do gelo... É como se eles fossem uns Transformers: não há uma identidade pessoal que possa ser separada dos carros. Eles usam carros como se fossem peças de roupas.

- SPOILER: Mal explicada (e previsível) a "ressurreição" do Jason Statham.

- Tirando os absurdos envolvidos (por exemplo o fato do submarino estar navegando numa velocidade altíssima a ponto de alcançar os carros), essa sequência toda do submarino é muito divertida. O filme funciona pois ele é construído em torno de set pieces de ação espetaculares e feitos com muita energia. Infelizmente o desprezo do filme pela realidade destrói parte da magia. A admiração que sentimos pelos personagens fica no plano da fantasia. O filme acaba promovendo o tipo de autoestima e otimismo baseados em misticismo que eu descrevi na postagem Por Que a Esquerda É Mais Inteligente que a Direita.

- Esse é o 8º Velozes e Furiosos mas parece que é a vigésima vez que vejo esse final feliz morno com os amigos todos reunidos num "churrasco" comemorando.

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CONCLUSÃO: Roteiro pouco lógico que serve apenas pra justificar as cenas com carros, mas a premissa é razoavelmente envolvente e as sequências de ação garantem um bom entretenimento.

The Fate of the Furious / EUA / 2017 / F. Gary Gray

FILMES PARECIDOS: Missão: Impossível - Nação Secreta (2015) / Terremoto: A Falha de San Andreas (2015)

NOTA: 6.5

4 comentários:

Marcus Aurelius disse...

Eu ri a sessão inteira. Embora as cenas de ação sejam divertidas, o filme é autoconsciente da sua "canastrice" e as vezes faz de propósito, como a cena onde o Dom pula do carro e os outros carros protegem da explosão do submarino no final, eu ri alto na sala, pena que fui o único.

Quando fiquei sabendo no nome original em inglês, pensei que deixariam o trocadilho explícito "F8", seria interessante.

Isto que tu disse: "Esse é o 8º Velozes e Furiosos mas parece que é a vigésima vez [...]" eu pensei a mesma coisa na hora kkkkkkkkk.

Caio Amaral disse...

Ah sim.. o F8 ficou mais nas entrelinhas né, hehe.

O filme é auto-consciente de certa forma.. mas ainda parece estar tentando promover heroísmo, autoestima em algum nível.. É meio que nem o Sharknado.. que apesar dos exageros óbvios, consigo ver uma boa intenção por trás... Algo que já não senti em King Kong por exemplo.. ou em Círculo de Fogo.. que também usavam esses exageros propositais, mas junto com um tom de cinismo que parecia debochar do gênero.. É uma linha tênue que precisa ser melhor estudada.. abs!

Dood disse...

A longevidade de Velozes seria então essas características e o fato de não se levar a sério?

Caio Amaral disse...

Ah não diria que é isso especificamente.. "Mercenários" cai numa categoria parecida, também não se leva a sério, mas não é um sucesso tão fenomenal quanto Velozes.. Acho que Velozes e Furiosos se destaca de outras franquias pq de fato tem mais "qualidade" --- se vc for pensar no que busca o público alvo, ávido por testosterona, etc.. pra começar tem o Vin Diesel, que com mais de 100 milhões de seguidores no Facebook é provavelmente o ator mais popular dessa geração.. esse tipo de carisma conta muito.. depois tem o fato da série focar em carros, um assunto favorito desse público alvo.. e tem o fato do filme sempre entregar cenas de ação espetaculares, com sacadas originais, etc.. Não acho os filmes bons como cinema, arte, mas acho que são excelentes produtos.. entregam aquilo que o público alvo quer melhor do que ninguém atualmente..