NOTAS DA SESSÃO:
- Fraca a sequência inicial onde o Thor enfrenta aquele demônio gigante (Surtur). Obviamente o filme está pesando a mão no humor pra imitar Guardiões da Galáxia, mas isso acaba diminuindo a estatura do herói (e do vilão), e deixando tudo com cara de uma brincadeira inconsequente. Não chega a ser um humor mal intencionado como o de Guardiões, feito intencionalmente pra destruir o Idealismo da história (o filme está apenas seguindo tendências) mas ainda assim passa do ponto.
- O filme tem um desprezo completo pela realidade (algo cada vez mais comum nos filmes comerciais atuais) que nos impede de acreditar em qualquer coisa que esteja acontecendo (na verdade o público atual não precisa de realidade pra sentir qualquer coisa, mas isso é assunto pra uma outra postagem). Em vez de tentar criar um universo crível, consistente, fazer a gente acreditar nesse mundo e nesses personagens, o filme parece querer enfatizar o fato de que é tudo uma ilusão. Tudo pode acontecer - portais estão constantemente abrindo e jogando os personagens de um lugar pro outro, personagens às vezes são sólidos, às vezes são hologramas, às vezes são outros personagens disfarçados (Loki pode se transformar em quem quiser a qualquer momento), os mortos podem ressuscitar, o Anthony Hopkins uma hora evapora e não sabemos imediatamente se ele morreu, se foi pra outra dimensão, sem falar na ação do filme: a força dos personagens é sempre ilimitada, aleatória, não temos a menor noção do que eles podem ou não fazer, Thor pode receber golpes inimagináveis sem sofrer 1 arranhão, mas ao mesmo tempo pode ser derrotado por um pequeno aparelho que dá choque, etc.
- Cate Blanchett está divertida de vilã, mas é um personagem extremamente caricato - até a Madrasta Má tinha uma motivação mais elaborada que essa.
- No meio da luta com a Cate Blanchett, o Thor acidentalmente cai pra fora do portal e vai parar num outro planeta, onde ele fica praticamente o resto do filme inteiro. Qual a relevância dessa reviravolta pra trama? É algo totalmente acidental, desnecessário, que só serve pra encher linguiça até o Thor conseguir escapar de lá, e se reencontrar com a Cate Blanchett no final pra mais uma batalha. Tudo que acontece aí parece desimportante: os conflitos com o Jeff Goldblum ou com o Loki, a luta de gladiador contra o Hulk, a amizade com a Valquíria, etc. Não são peças formando um quebra-cabeça maior, desenvolvendo um tema central, e sim eventos jogados pra distrair o espectador até o fim. É a velha ideia de um time de heróis sendo formado pra uma batalha final. Mas não fica claro que o Thor precisa dessas pessoas de fato pra derrotar a vilã (3 poderes incalculáveis somados são mais fortes do que 1 poder incalculável?!). No fim ele sempre tem uma carta na manga que resolve o problema. E de qualquer forma, uma "batalha final" não é algo interessante o bastante pra sustentar o interesse da plateia. O herói não está buscando nada de positivo, atraente, só quer impedir a vilã de agir.
- Como previsto, o final é apenas mais uma luta absurda sem nenhuma noção de realismo, onde a vilã é derrotada por uma "carta na manga" que não causa grande surpresa ou admiração pelo protagonista.
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CONCLUSÃO: Tem um clima divertido, Chris Hemsworth é sempre simpático, mas é extremamente fútil como cinema e entretenimento.
Thor: Ragnarok / EUA / 2017 / Taika Waititi
FILMES PARECIDOS: Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (2017) / Vingadores: Era de Ultron (2015) / Guardiões da Galáxia (2014)
NOTA: 4.0
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