É o que falei na minha última postagem sobre Idealismo - aquilo que descrevi como uma das atitudes mais perversas de todas: quando os anti-idealistas se infiltram num gênero idealista pra destruí-lo de dentro.
Minha reação vendo o filme me lembrou daquela personagem de Vampiros de Almas que está convencida de que seu tio não é mais seu tio, mas um impostor que se apoderou de seu corpo. "Ele tem a mesma aparência que o tio Ira, a mesma voz, o mesmo comportamento, e lembra das mesmas coisas que ele. Mas ele não é o tio Ira, há algo faltando!".
E o problema com os anti-idealistas é que, como eles não são motivados por um verdadeiro senso de paixão pela arte, pelo entretenimento, pelo desejo de encantar o público, eles nunca são tão empenhados e talentosos quanto os idealistas. Então além deles destruirem a obra espiritualmente, eles a destroem esteticamente, entregando um trabalho comum, esquisito, inferior (exceto claro na parte mais concreta da produção, nos efeitos especiais, etc, que são sempre incríveis no caso de Star Wars).
Entre os diversos absurdos que vi no filme (como Luke Skywalker fazendo piadas nonsense como se estivesse num show de stand-up, ou quando ele joga fora o sabre de luz feito uma casca de banana, ou o Yoda niilista que taca fogo num templo milenar dos Jedi), vou destacar 1 que chegou a ser cômico de tão ruim: a cena em que a Rose Tico (a primeira "heroína" esquerdista/justiceira-social da saga pelo que me lembro) comete um ato de auto-sacrifício pra salvar o Finn - que por sua vez estava no meio de um ato de auto-sacrifício próprio (SIM, ela se sacrifica para impedi-lo de se sacrificar, gerando um final com sacrifício duplo, pague-1-e-leve-2).
É triste ver John Williams, Mark Hamill, Carrie Fisher se submetendo a isso, dando um ar de oficialidade pra um filme que de Star Wars só tem a embalagem.
**** Depois dessa postagem cheguei a rever o filme e publiquei minhas anotações habituais comentando as cenas em detalhes: Star Wars: Os Últimos Jedi (anotações)
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Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi / EUA / 2017 / Rian Johnson
NOTA: 3.5
11 comentários:
A Disney realmente adora atos de auto-sacrifício, quantos filmes tiveram esse tipo de clímax na última década. Acho que nenhum superou "A Princesa e o Sapo", que teve um ato triplo de auto-sacrifício, com Naveen, Tiana e Charlotte abrindo mão de seus sonhos:
https://www.youtube.com/watch?v=uFlY3s-wy7M
Pedro.
Star Wars se tornou mais um desses produtos culturais esticados muito além da conta, pelo simples fato de ter uma grande fanbase e continuar vendendo bem. Do ponto de vista artístico, seria melhor que tivessem ficado mesmo na trilogia original, que mesmo assim incluiu coisas controversas como os ursinhos de pelúcia espaciais conhecidos como ewoks. Quando se começa a esticar demais essas séries, a descaracterzação se torna quase inevitável.
Pedro.
oi Pedro.. verdade.. esses filmes têm muito mais a ver com os bilhões garantidos que eles vão faturar.. do que com a visão original da série.. o problema agora é que não houve apenas uma queda na qualidade (isso já tinha acontecido até na trilogia dos anos 2000 que era dirigida pelo George Lucas).. agora há também uma tentativa de subverter os valores da série original.. isso é o que achei o mais odioso.. abs!
Caio, já viu isso? Eu quase vomitei lendo a lista. Me entristece o rumo que as coisas andam tomando...
https://omelete.uol.com.br/quadrinhos/lista/os-flintstones-20-temas-polemicos-abordados-pela-hq/1/
Rsss... é quase um clichê já esse tipo de coisa... que nem esses artistas que pegam princesas Disney e as colocam em situações do dia a dia, sem maquiagem, etc... é o q disse na postagem sobre Idealismo... a necessidade dos anti-idealistas de estarem sempre ao redor dessas instituições comerciais... pra poderem envenená-las...
A pergunta é : Até quando vão esticar a franquia do star Wars? Daqui a pouco vira James Bond com trezentos filmes e um.....reboot.
Já basta o ultimo "piratas do caribe" que foi uma bosta e agora esse filme?
Enquanto tiver dando grana a Disney não larga o osso.
Pode se tornar uma religião e continuar a existir por milênios quem sabe.. passar a lucrar com o dízimo e outras coisas fora os filmes, etc, rs.
Já há quem trate Star como religião:
https://en.wikipedia.org/wiki/Jediism
Como cinema, infelizmente o caminho da Disney deverá ser o da exploração até que o público dê sinais reais de cansaço. Podemos nos dar por felizes de que, ao menos, isso já esteja começando a acontecer com a franquia Frozen, depois do longa original o curta Frozen Fever não despertu nenhuma paixão,e agora o "curta longo" (de 21 minutos!) "Olaf's Frozen Adventure" que A Disney pôs nos cinemas antecedendo o novo longa da Pixar, Coco, foi tão rejeitado pelo público que a empresa precisou tira-lo das salas de exibição. As pessoas começam a perceber que a franquia se tornou só um pretexto pra comercializar mais tralhas.
Pedro.
Ouvi falar já desse "Jediism", rs.
Acho q esses estúdios estão todos em decadência.. com as fórmulas desgastadas.. e que tá na hora de surgir um novo movimento, tipo o dos Movie Brats nos anos 70 pra tornar as coisas interessantes de novo..
Engraçado que Mark Hammil falou que não gostou do filme, depois veio com outra conversa: http://www.hqfan.com.br/2017/12/star-wars-os-ultimos-jedi-mark-hamill.html
Mark Hamill está certíssimo.. vi uma entrevista recente no YouTube tb onde ele diz isso.. que esse não é o mesmo Luke Skywalker que ele costumava interpretar.. Antes o problema fosse apenas com o personagem dele, rs.
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