Últimos filmes vistos (e não criticados):
Cafarnaum (2018) - 7.0
A Favorita (2018) - 5.5
Guerra Fria (2018) - 5.0
sábado, 26 de janeiro de 2019
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Vidro
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Aqui você entra no cinema esperando uma história dramática com super-heróis, ação, efeitos especiais caros, mas na maior parte do tempo o filme se passa num hospital, em ambientes pequenos, com os heróis sentados em cadeiras, divagando sobre seus problemas psicológicos (o filme custou só 20 milhões de dólares). E o conteúdo não é tão rico assim a ponto do filme se manter interessante só na base de diálogos. SPOILER: Pra piorar, o grand-finale que eles ficam anunciando, que seria uma sequência de batalha na inauguração do maior prédio da cidade, é cancelado de última hora e o filme acaba resolvendo o clímax num estacionamento comum de um prédio, usando poças d'água e elementos nada épicos como forma de intensificar a ação.
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Glass / EUA / 2019 / M. Night Shyamalan
NOTA: 4.0
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
Green Book: O Guia
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Apesar da boa qualidade da produção e da performance simpática de Viggo, confesso que não achei o filme isso tudo, principalmente pela superficialidade do roteiro e das caracterizações. Um filme como esse na minha visão exigiria uma sensibilidade extra, um conhecimento mais amplo sobre psicologia, sobre as motivações humanas, sobre conflitos sociais, uma compreensão mais profunda da mente de um artista... E aqui tudo me pareceu um tanto raso, inautêntico, os personagens caricatos, inconsistentes (principalmente o do pianista, que fica variando de personalidade e de caráter ao longo da história e nunca convence como uma pessoa de verdade). Não me pareceu obra de alguém apto pra contar esse tipo de história, e sim o diretor de Debi & Lóide tentando parecer maduro sem realmente dominar o material (no fim o que melhor funciona no filme são as piadas envolvendo o comportamento grosseiro do motorista, comprovando o talento de Farrelly pra esse tipo de humor mais popular).
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Green Book / EUA / 2018 / Peter Farrelly
NOTA: 6.0
sábado, 19 de janeiro de 2019
Homem-Aranha no Aranhaverso
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Como ficção-científica o filme não pretende ser levado tão a sério (o conceito dos multiversos não chega a ser aprofundado - não entendi, por exemplo, por que apenas os Homens-Aranha começam a se multiplicar e a se encontrar por aí, e não todos os cidadãos). Obviamente a ideia é mais pro filme poder passar a mensagem coletivista de que qualquer um pode ser um herói hoje em dia, que não precisamos ter grandes virtudes, que o importante é trabalhar em grupo, respeitar a diversidade, etc. É um produto dessa era "pós-idealista" que vivemos, onde o foco é a mensagem inclusiva, a desconstrução dos antigos conceitos de heróis, etc. Como já discuti em postagens como Idealismo Corrompido, não sou fã dessa vertente do cinema atual, mas pra quem gosta de quadrinhos e não se incomoda com essas questões filosóficas, o filme é muito bem realizado, ágil, e certamente deve agradar.
Spider-Man: Into the Spider-Verse / EUA / 2018 / Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman
NOTA: 6.0
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
A Esposa
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O filme conta a história da esposa de um escritor famoso, e os questionamentos dela a respeito de seu papel na relação, onde o marido parece receber todas as glórias, todo o reconhecimento, enquanto ela é vista apenas como "a esposa", embora contribua muito mais para o sucesso dele do que as pessoas imaginam. A trama lembra outros filmes recentes como Colette (onde Keira Knightley é uma escritora talentosa mas o marido leva o crédito) ou Grandes Olhos (onde Amy Adams é uma pintora talentosa mas o marido leva o crédito). Apesar de não ser tão forte em termos de roteiro, direção, o filme acaba ganhando a simpatia da crítica até por causa da mensagem feminista, que celebra a superioridade da mulher enquanto expõe a natureza exploradora e egoísta do homem (filmes que defendem os interesses de grupos considerados oprimidos acabam tendo uma grande vantagem competitiva nas premiações hoje em dia). Deve agradar principalmente ao público feminino, casais maduros - quem gostou de filmes como 45 Anos com a Charlotte Rampling, por exemplo.
The Wife / Reino Unido, Suécia, EUA / 2017 / Björn Runge
NOTA: 6.0
domingo, 6 de janeiro de 2019
WiFi Ralph: Quebrando a Internet
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Me pareceu consideravelmente melhor que o primeiro esta sequência de Detona Ralph que leva os protagonistas Ralph e Vanellope numa aventura pelo mundo da internet através de uma conexão de WiFi que é instalada na máquina de fliperama onde eles viviam confinados até então. Apesar de ser uma animação da Disney sem a Pixar, o roteiro e o tom do filme acabam lembrando bem mais os filmes da Pixar, cujo grande talento sempre me pareceu ser a capacidade deles de estabelecerem um universo (ex: o mundo dos brinquedos em Toy Story, o fundo do mar em Procurando Nemo, as emoções em Divertida Mente) e extraírem a maior quantidade de piadas e sacadas inteligentes envolvendo as regras e convenções desse universo, que sempre se relacionam de maneira divertida com as coisas que vivemos no mundo real - e nesse caso os roteiristas puderam se esbaldar em ideias ainda mais que o de costume, porque de todos os universos já explorados pelo estúdio, nenhum me parece mais vasto e cheio de possibilidades do que a Internet em si, o que permite ao filme apresentar uma infinidade de cameos, referências à cultura pop, além de fazer uma série de comentários e críticas relevantes pros dias de hoje (a obsessão das pessoas por likes e views, a falta de respeito nas seções de comentários, etc).
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Está indicado ao Globo de Ouro que acontece hoje à noite (6 de Janeiro) concorrendo na categoria de Animação contra os favoritos Homem-Aranha no Aranhaverso e Os Incríveis 2.
Ralph Breaks the Internet / EUA / 2018 / Phil Johnston, Rich Moore
NOTA: 7.0
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Os Garotos Selvagens
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Um dos filmes mais surpreendentes e originais que já vi. Mas que fique claro que não é pra todos os gostos: é um filme altamente simbólico, surrealista, onírico, com elementos sexuais que podem incomodar alguns. Escrito e dirigido pelo francês Bertrand Mandico (que até então vinha desenvolvendo seu estilo em curtas), o filme reproduz de maneira impressionante o visual de filme dos anos 50 (e às vezes dos anos 70/80) e conta uma história misteriosa sobre descoberta sexual envolvendo 5 garotos numa ilha deserta, que lembra um pouco O Senhor das Moscas (1963), passando por Querelle, misturado com as obras mais surreais do David Lynch ou Jodorowsky.
Não costumo ter muito ânimo pra filmes tão interpretativos, mas esse aqui é daqueles que conseguem criar algo tão diferente de qualquer coisa já vista, com tanta imaginação, capricho técnico, surpreendendo cena após cena (e ao mesmo tempo mantendo certa coerência temática, dando sempre a impressão de que o autor tem algo específico e interessante a dizer, não está apenas fazendo coisas aleatórias pra brincar com o espectador ou exibir seu estilo), que acaba sendo uma experiência fascinante, mesmo sem o auxílio de recursos narrativos mais convencionais. Foi eleito o melhor filme do ano pelos críticos da prestigiada Cahiers du Cinéma.
NOTA: 8.5
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