Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme na categoria musical / comédia (e forte candidato ao Oscar depois de ter ganhado o Producers Guild Award semana passada) o filme retrata a amizade inesperada entre um pianista negro altamente refinado (Mahershala Ali) em turnê pelo sul dos EUA nos anos 60, e seu motorista (Viggo Mortensen) um italiano grosseiro que é seu oposto em quase todos os sentidos. O filme foi dirigido por Peter Farrelly, famoso por suas comédias escrachadas como Quem Vai Ficar com Mary? e Debi & Lóide, e que agora surpreendentemente lança um filme com "cara de Oscar".
Apesar da boa qualidade da produção e da performance simpática de Viggo, confesso que não achei o filme isso tudo, principalmente pela superficialidade do roteiro e das caracterizações. Um filme como esse na minha visão exigiria uma sensibilidade extra, um conhecimento mais amplo sobre psicologia, sobre as motivações humanas, sobre conflitos sociais, uma compreensão mais profunda da mente de um artista... E aqui tudo me pareceu um tanto raso, inautêntico, os personagens caricatos, inconsistentes (principalmente o do pianista, que fica variando de personalidade e de caráter ao longo da história e nunca convence como uma pessoa de verdade). Não me pareceu obra de alguém apto pra contar esse tipo de história, e sim o diretor de Debi & Lóide tentando parecer maduro sem realmente dominar o material (no fim o que melhor funciona no filme são as piadas envolvendo o comportamento grosseiro do motorista, comprovando o talento de Farrelly pra esse tipo de humor mais popular).
Ainda assim o filme é bem intencionado e deve agradar quase todo tipo de público, até por promover um certo pacifismo nesses tempos de polarização política, pois além de defender os interesses das minorias (o personagem de Ali é negro e gay), o filme também lança um olhar simpático e tolerante sobre os conservadores (que normalmente são os vilões nos filmes atuais), sugerindo que um homem com atitudes racistas no fundo não é racista de fato, e que com um pouco de diálogo e convivência todos podem se dar bem no final.
Green Book / EUA / 2018 / Peter Farrelly
NOTA: 6.0
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