segunda-feira, 20 de maio de 2019

John Wick 3: Parabellum

Até uns anos atrás era comum se dizer quando um filme era ruim, vazio, sem história, focado apenas em ação, que assisti-lo era “tão chato quanto assistir outra pessoa jogando video game”. Ironicamente, assistir outras pessoas jogando video game se tornou uma atividade altamente popular na cultura (talvez até pelo cinema comercial ter se tornado tão morno e desinteressante nas últimas décadas) então os filmes agora não têm mais problema em parecerem um game vazio em história, personagens, focado apenas em ação bruta. Pelo contrário, eles parecem estar indo cada vez mais nessa direção, justamente porque agora existe um público enorme cujo passatempo favorito se tornou assistir outras pessoas jogando video game, e que desenvolveu a capacidade incrível de passar horas e horas olhando bonecos dando tiro em outros bonecos.

O que me leva a outro elemento que me intriga em John Wick - todo esse culto à dor e à violência presente na história; fico pensando de onde vem esse prazer de ver alguém matando dezenas de pessoas anônimas, como se a visão de alguém sendo morto na tela gerasse uma satisfação automática, independente de qualquer contexto dramático ou narrativo. Essa não é uma tendência nova, claro, afinal muitos faroestes antigos (ex: Josey Wales, o Fora da Lei e outros do Clint Eastwood) mostram que sempre teve público pra esse tipo de produto.
John Wick 3 é lindamente fotografado e algumas cenas de ação são muito bem coreografadas e dirigidas (há algo de genial na cena em que John Wick usa um livro grosso e pesado pra assassinar o adversário, simbolizando o desprezo por conteúdo desse tipo cinema - livros aqui são apenas objetos ocos que servem pra dar porrada). A produção é de primeira, mas se você é do tipo que precisa de uma variedade mais rica de estímulos pra se ver preso a uma história, a experiência provavelmente será monótona e tediosa, apesar da agitação física ocorrendo na tela.

John Wick: Chapter 3 - Parabellum (EUA / 2019 / Chad Stahelski)

NOTA: 4.0



3 comentários:

Anônimo disse...

Num mundo onde Sharknado já está no quinto filme da franquia, só pode existir um público que realmente não liga mais a mínima se há alguma história que faça sentido. E que nem mesmo acha que a coisa deixa de ser divertida por conta da repetição.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Sim.. embora Sharknado eu coloque numa categoria diferente, pois o considero de fato uma comédia.. é tipo um "Todo Mundo em Pânico", então vc não julga um filme assim pela verossimilhança, etc..

Dood disse...

Comédia involuntária?