Apesar da Marvel supostamente ter encerrado uma era com Vingadores: Ultimato, o que vemos aqui é a velha fórmula ainda em vigor - mais um filme excessivamente familiar, sem grandes ideias, que se parece com 20 outras coisas que vimos recentemente. Na trama, Peter Parker está dividido entre salvar o mundo, ser o herói que todos esperam que ele seja (embora ele não queira mais essa responsabilidade) e curtir suas férias na Europa, perseguir seu objetivo maior que é viver um romance com MJ. Infelizmente nenhum dos 2 objetivos conseguem criar um gancho muito interessante para o espectador. MJ é uma personagem um tanto sem sal (Zendaya está bastante apagada no papel) ficando difícil de entender a fixação que Parker tem por ela. Aliás, Parker também é um personagem sem sal - um desses anti-heróis disfarçados de heróis que no fim servem mais pra celebrar o “loser em todos nós” do que pra gerar inspiração. O plano do vilão de dominar o mundo é tão nonsense que me impediu de embarcar direito na história - a ideia do filme parecia ser a de fazer uma crítica ao Trump, pois o vilão é um criador de ilusões, de "fake-news", que cria medo na população através de mentiras, monstros imaginários, e depois se apresenta como o salvador da pátria. A metáfora teria sido interessante se construída de maneira mais inteligente, mas aqui acaba prejudicando o enredo pois as ações do vilão ficam sem muito sentido - parecem criadas só pra sugerir a metáfora, não pra convencerem de fato (Se os monstros são apenas projeções holográficas feitas pro drones, a população não iria perceber o truque quando os drones fossem embora? Não acharia estranho que a água não molha, que o fogo não queima? Que as cidades não foram de fato destruídas após os ataques?). O mais dramático no fim talvez seja a cena pós-créditos, que apresenta um conflito mais forte do que os que havíamos visto ao longo do filme.
Spider-Man: Far From Home / EUA / 2019 / Jon Watts
NOTA: 5.0
5 comentários:
Nunca me desceu esse Homem Aranha, ainda prefiro a versão do Sam Raimi.
Com tantos encerramentos, a Disney em princípio acabaria obrigada a usar idéias novas, em breve. Isso na teoria, porque a Marvel provavelmente vai reinicializar todos seus super-heróis, como é costume nessa área.
Pedro.
Esse negócio de críticas subliminares ao Trump, que vem aparecendo no cinema e na Tv americanos desde 2016, podem acabar saturando o público e tendo o efeito oposto ao pretendido pelo pessoal de Hollywood. As pessoas às vezes querem um pouco de diversão, e não serem "instruídas" o tempo todo sobre o que devem pensar.
Pedro.
Um dos defeitos dos filmes da Marvel é essa panfletagem política. Esse universo cinematográfico pra mim já deu.
Pro filme ser respeitado e relevante hj parece que é um pré requisito ter algum tipo de comentário político né.. uma das táticas agora parece ser deixar a mensagem bem sutil e vaga, assim não contraria o grande público (que não vai entender direito), e ao mesmo tempo agrada à crítica..
Postar um comentário