Novo do Almodóvar que não foi a escolha da Espanha pra concorrer à vaga ao Oscar de Filme Internacional — decisão equivocada, pois o filme acabou sendo indicado "por fora" mesmo assim, nas categorias de Melhor Trilha Sonora e Melhor Atriz pra Penélope Cruz, e ficou sem a indicação principal que era quase garantida. A história fala sobre duas mulheres que dão à luz no mesmo dia, no mesmo hospital, e desenvolvem uma relação próxima nos meses seguintes. Ao contrário do que parece, o roteiro não se sustenta apenas com base em diálogos e desenvolvimento de personagem: há uma trama novelesca, porém bastante envolvente, que gera suspense logo cedo, e dá ao filme um gancho narrativo sólido, com direito até a plot twists. Achei curioso observar no filme como Almodóvar é ao mesmo tempo profundamente progressista (em sua visão desconstruída do amor e do sexo), e profundamente conservador por outro lado, pela sua enorme preocupação com laços familiares, tradições, um certo nacionalismo etc. Talvez este seja um dos segredos de sua popularidade. Na última década estava sentindo ele um pouco fora de seu elemento — Dor e Glória foi bom, mas não era tão feminino quanto de costume e tinha um tom mais sombrio; e Julieta e Os Amantes Passageiros foram filmes que simplesmente não funcionaram tão bem — então Mães Paralelas traz aquela sensação boa de estarmos vendo o "verdadeiro" Almodóvar, de volta ao universo onde ele brilha mais.
Madres Paralelas / 2021 / Pedro Almodóvar
Nível de Satisfação: 7
Categoria A/D: Idealismo misturado temas e estéticas Naturalistas
Filmes Parecidos: Abraços Partidos (2009) / Volver (2006) / Fale com Ela (1999) / Vicky Cristina Barcelona (2008) / Blue Jasmine (2013)
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