quarta-feira, 17 de julho de 2024

Cultura - Julho 2024

9/7 - Trailer Gladiador 2

Tive o mesmo mau pressentimento de quando vi o trailer de Napoleão. Um pouco pelo uso irritante de música pop moderna (especialmente rap) num contexto desses, que faz o orçamento do filme parecer cair em uns US$100 milhões, mas também porque o pretexto narrativo pra sequência soa um pouco forçado — o garotinho Lucius Verus, do qual eu mal lembrava, crescer e agora passar por tudo que o Russell Crowe passou no primeiro filme. A imagem do Coliseu com água até achei uma variação interessante de cenário, mas depois, quando aparece o rinoceronte, comecei a achar que o filme iria resumir Gladiador basicamente a cenas empolgantes de luta, e tentar superar o primeiro apelando pra artifícios infantis do tipo: "Velocidade Máxima, mas agora num navio", "Sexta-Feira 13, mas agora no espaço", em vez de investir em roteiro, etc. Vou torcer pra que surpreenda, mas o trailer não elevou minhas expectativas.



7/7 - Boomers Last Stand

Bad Boys: Até o Fim e Um Tira da Pesada 4: Axel Foley são duas sequências bem-sucedidas em resgatar o espírito das produções originais e entregar um entretenimento que funciona com base nos mesmos critérios, desistindo em grande parte da ideia de "modernizar" as franquias — até porque isso se provou desastroso incontáveis vezes nos últimos anos.

O sucesso de Top Gun: Maverick em 2022 foi um ponto de virada na indústria, e eu imaginei na época que, a partir daquele momento, algumas produções iriam começar a apostar com mais confiança nessa abordagem "Não Corrompida" — Bad Boys 4 e Um Tira da Pesada 4 talvez façam parte dessa safra de produções pós-2022, e apesar de não serem tão caprichadas e ambiciosas quanto Maverick, dá pra notar uma energia diferente, um entusiasmo e uma ausência de repressão que parecem vir do mesmo lugar.

Esta faixa extasiante e perfeitamente excessiva da trilha sonora de Um Tira da Pesada 4 reflete bem isso:


E talvez o entusiasmo esteja vindo literalmente do mesmo lugar — o que esses 3 filmes têm em comum é que foram todos produzidos por Jerry Bruckheimer que, aos 80 e poucos anos, está vivendo uma espécie de comeback. É por isso que ainda não fico totalmente esperançoso com os rumos da cultura: muitos desses lampejos de Idealismo ou de ambição artística que tenho visto recentemente no cinema (como as produções extravagantes do Francis Ford Coppola ou do Kevin Costner que estreiam este ano) são frutos ainda dos mesmos responsáveis pelo entretenimento dos anos 70–90; é uma espécie de "Boomers Last Stand" ou "Última Cartada dos Boomers" (como li no Twitter recentemente), não algo vindo de novos artistas e produtores.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gladiador 2 parece mesmo o tipo da continuação difícil de valer a pena e de se justificar, ainda por cima depois da morte do personagem principal no fim do primeiro filme, o que deveria ser o final mais definitivo possível. Pode impressionar visualmente.

Pedro.

Caio Amaral disse...

Pois é, é que nem se anunciassem "Coração Valente 2" rs. Meu receio com o visual é que ultimamente, mesmo quando o filme é caro e é filmado em cenários reais, às vezes os retoques digitais na pós-produção são excessivos, e acabam deixando tudo com uma aparência falsa.. senti um pouco disso no Napoleão, por exemplo. Mas vamos ver..