Dei algumas diretrizes para o ChatGPT corrigir meus textos, focando em ortografia, gramática e pontuação, mas se atendo ao texto original, sem acrescentar ou remover ideias, implicações ou alterar o estilo. Ainda assim, algumas coisas acabam sofrendo alterações, até porque existem erros que se tornaram parte do meu estilo e que o corretor acaba removendo — compreensivelmente. Queria saber se isso incomoda vocês como leitores.
Minha postura no momento é ser contra a IA generativa para fins artísticos e criativos, mas não vejo um grande problema em usá-la para funções mais práticas e técnicas — coisas que pessoas criativas já tendem a delegar a revisores, assistentes, softwares, etc. O problema é que, como a ferramenta é capaz de tudo, até de escrever um texto inteiro por você, quem lê pode sempre ficar com a dúvida: até que ponto estou lendo algo autêntico, me conectando com o autor do texto, e até que ponto estou me conectando primeiramente com uma IA? Pra mim, a IA é o Auto-Tune do cérebro — e, assim como hoje não sabemos mais o quanto um cantor é realmente afinado no mercado musical, em breve não saberemos o quanto uma pessoa é inteligente, capaz de pensar sozinha, etc. Talvez a norma no futuro seja as pessoas fazerem declarações como esta, estabelecendo o papel que a IA tem no trabalho delas. Mas muito vai depender da confiança e do que a pessoa construiu antes da chegada da IA, no caso da geração que teve uma vida anterior.
Olá, Caio.
ResponderExcluirEscrevo este texto na pressa, então meu argumento será fraco e incompleto e carente de exemplos.
Sim, me incomodaria a dúvida sobre se um texto teu é 100% autêntico ou parcialmente gerado por IA. Até pela razão de que eu lembro de versões anteriores de seus textos antes de edições subsequentes e acredito que seus vícios de linguagem são válidos (no momento lembro que alterou trechos de A Forma da Água e Efeito Fallout, mas tem muitos outros). Eu adoro a forma como tu escreve. Mesmo nas versões anteriores que foram mudadas, ainda me dão um entendimento maior de como tu pensa.
Ao longo do tempo notei que quanto mais eu leio um autor, mais eu pego o “sotaque” da escrita dele. Eu acho que tu tem um sotaque único, que é refinado ao longo do tempo, mas a essência ainda é a mesma. Uma das características deste sotaque é a pessoalidade. O que julguei por anos ser um erro, por ser traço de subjetividade, mais tarde descobri que se tratava de uma aplicação da premissa da “experiência do expectador”. Logo, suas críticas mais antigas passaram a fazer mais sentido para mim.
Ah, outra coisa. Estou nos momentos finais da faculdade. Acho que podemos marcar aquela ligação para o final de semana que vem. Quero muito discutir mil questões contigo. O tema da que ficou pendente foi “livre arbítrio e a causa primeira”.
Abraços.
Oi Leonardo..! Acho válido esse ponto do "sotaque".. Realmente, a correção do Chat GPT pode deixar tudo meio pasteurizado, de forma que algumas características particulares do escritor se perdem. O curioso é que o Chat GPT faz você se conscientizar de certos vícios, erros, e agora eu já tenho que tomar cuidado pra não escrever antecipando as correções do GPT e incorporando o sotaque dele, rss. O que eu gosto na IA é que ela é muito melhor que os corretores que eu já usava (Word, Google) pra pegar erros de gramática e coisas do tipo. Uma das coisas que torna escrever um pouco desgastante pra mim é meu hábito de escrever e editar ao mesmo tempo, além dessas inúmeras reedições depois, quase como um TOC de sempre achar que algo passou despercebido, ou que um frase não ficou clara, que há "sujeiras" invisíveis, etc. Até porque ao alternar entre escrever e editar você acaba de fato perdendo o foco.
ResponderExcluirComo eu não tenho revisor, vejo uma vantagem nesse aspecto da IA, pois ter uma ferramenta confiável pra apontar esses problemas pode me fazer escrever com mais frequência e mais focado mais no conteúdo, menos nessa parte mecânica.
Acho que a questão do sotaque é fácil de contornar, pois eu posso aceitar apenas as sugestões da IA ligadas a gramática e ortografia, e deixar o resto como saiu organicamente. Na verdade, isso é o que eu já vinha pedindo pro Chat fazer nessas últimas semanas... Já vi que não dá pra eu pedir pra IA reescrever meu texto. Isso pode funcionar pra quando você está escrevendo documentos, relatórios, mas não textos de expressão pessoal. Mas mesmo pedindo pro corretor se conter, algumas expressões ou detalhes de pontuação que ele acabava polindo mesmo sem eu pedir... E pra mim, não pareciam mudanças tão relevantes, por isso fiz a pergunta aqui.
Vamos nos falar sim! Realmente, ficaram uns tópicos acumulados, hehe. E nem imaginava que esse do livre arbítrio seria um dos principais.. foi uma discussão espontânea, meio pessoal até, sem a pretensão de elaborar grandes teorias sobre o assunto. Mas às vezes são comentários assim que desencadeiam grandes insights nos outros né? Abs!
Eu sou suspeito pra falar: uso IA para me auxiliar a escrever, até porque sou ansioso pra caramba na hora de escrever, e depois que escrevo eu vivo revisando. Até mesmo em comentários que preciso fazer no meu emprego online uso IA. E no curso de Marketing Digital que terminei sou orientado a usar essas ferramentas de uma forma eficiente. Eu me sinto muito mais seguro para escrever e me expressar, porque sempre fui uma pessoa muito intimidável e insegura desde jovem.
ResponderExcluirSim.. é um pouco como os filtros de rosto do Instagram ou o Auto-Tune. Não sou contra o uso em alguns contextos, dentro de certos limites, mas existem maneiras enganosas de usar a ferramenta.. onde ela se torna socialmente/profissionalmente prejudicial, te deixa mais inseguro em vez de mais confiante, etc. É uma nova reflexão que temos que fazer.
ResponderExcluirEntendo sua visão, mas pra mim ela tem o efeito totalmente contrário. Porque eu tendo a me auto cobrar demais, achando que o que escrevi não está perfeito e por feedback de algumas pessoas por não ser assertivo. E permite um aprendizado em cima dessa base que é gerada eu passo a emulá-la posteriormente.
ResponderExcluirÉ, dá pra usar como treinamento pessoal... Voltando ao paralelo com música, eu me tornei mais afinado ao longo dos anos depois que aprendi a editar minha voz com ferramentas tipo Auto-Tune, Melodyne, pois ganhei uma consciência bem maior dos meus vícios, de como eu desviava daquilo que seria o certo, etc.
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