
Saturday Night: A Noite que Mudou a Comédia (Saturday Night / 2024 / Jason Reitman) — Retrato muito bem-feito e imersivo de um ambiente fascinante, explodindo em energia criativa. O elenco é um dos melhores ensembles do ano e, apesar da estrutura meio experimental (o filme é apenas o meio de uma história, sem começo nem fim), cada minuto é recheado de incidentes interessantes, falas divertidas e curiosidades históricas para aqueles familiarizados com o SNL (o filme não se esforça para contextualizar os eventos para os leigos). Talvez não tenha sido a melhor forma de contar essa história, mas, ainda assim, achei o filme magnético e cheio de talento.
Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World / 2025 / Julius Onah) — O maior mérito do filme é não ter as coisas toscas que vêm caracterizando os filmes recentes da Marvel. Mas isso não é o mesmo que ter algo memorável a mostrar. O filme preenche as 2 horas com um enredo funcional e cenas de ação enérgicas, mas que não têm personalidade nem geram qualquer emoção. Tudo parece cuidadosamente pensado pra não ofender ninguém, evitar qualquer risco ou ideia que chame atenção — exatamente o que se espera desse tipo de entretenimento feito por comitê.
Memórias de um Caracol (Memoir of a Snail / 2024 / Adam Elliot) — Uma coisa positiva da animação stop-motion é que cada minuto de filme exige tanto esforço para ser feito que toda cena acaba sendo muito bem planejada, coisas descartáveis do roteiro tendem a ficar de fora — há um tipo de rigor que o cinema foi perdendo nas últimas décadas, quando as câmeras digitais tornaram o ato de gravar "gratuito". Ainda assim, tive que me esforçar para terminar o filme porque ele é uma ode à fragilidade, à feiura, à desilusão e a todos os valores negativos do meu Mapa. O curioso é que há uma consistência incrível nos elementos e símbolos que ele usa pra representar esses valores, como se o cineasta tivesse consciência da conexão entre coisas como lesmas, Fidel Castro e queimar livros de autoajuda. Os ataques à igreja na história também são bem interessantes — me fizeram pensar se os Anti-Idealistas no fim são apenas ex-religiosos desiludidos que acharam que tinham que jogar fora todos os ideais positivos junto com a fé. Só não achei o filme totalmente inassistível por causa da ironia que ridiculariza tudo e todos — um efeito meio Parasita, em que o filme só mostra coisas decadentes, mas pelo menos não insiste que você tenha afeto por elas.
Sing Sing (2024 / Greg Kwedar) — Oscar-bait com uma boa performance de Colman Domingo, mas é daqueles roteiros que começam já no meio e se recusam a desenvolver completamente os arcos narrativos que introduzem, preferindo manter uma narrativa mais solta, semi-Naturalista. Outro problema é que o filme se esforça pouco pra estabelecer a inocência dos presidiários, fazendo você questionar se tudo pode realmente ser tão lúdico e positivo em uma prisão de segurança máxima (os personagens parecem tão honrados que você não entende por que eles estão presos, e a rotina em Sing Sing é tão agradável que você não entende por que eles ficam felizes quando são soltos).
Acompanhante Perfeita (Companion / 2025 / Drew Hancock) — Do popular gênero "fim de semana com os super-ricos termina em assassinato e revelações sinistras", o filme é mais bem dirigido do que eu esperava e apresenta uma premissa até instigante no começo, mas vai perdendo força com reviravoltas forçadas e com a mistura de thriller e comédia que nem sempre acerta o tom e tomba pro Idealismo Corrompido.
O Conde de Monte Cristo (Le Comte de Monte-Cristo / 2024 / Alexandre de La Patellière, Matthieu Delaporte) — Ainda tenho uma memória mais positiva da adaptação de 2002, que não vejo há décadas, mas, apesar de alguns toques "Missão: Impossível" questionáveis, esta nova versão é uma produção impressionante para os padrões franceses, e a base literária continua proporcionando uma narrativa envolvente.
Setembro 5 (September 5 / 2024 / Tim Fehlbaum) — Tem um certo clima de docudrama, já que o foco está todo nos acontecimentos históricos e nos desafios profissionais da equipe de jornalistas que cobriu o evento, sem muito espaço para inventividade cinematográfica ou desenvolvimento de personagens. Mas o que aconteceu nas Olimpíadas de Munique é tão dramático e urgente que o filme se sustenta como um bom thriller de jornalismo.
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