quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Densidade Criativa: quantas ideias por minuto tem um filme?

Tentando entender a diferença entre os grandes filmes de Hollywood e as experiências tediosas proporcionadas pelo entretenimento atual, revi alguns dos meus filmes favoritos ao longo deste ano por um ângulo diferente: fiquei anotando tudo de interessante que acontecia a cada minuto de projeção — tudo aquilo que ajudava a manter a experiência prazerosa e gratificante para mim enquanto espectador.

Ao fazer isso, comecei a me conscientizar de um critério pelo qual sempre avaliei os filmes, mas de forma subconsciente: sua Densidade Criativa.

A Densidade Criativa de um filme é o quão rico em ideias ele é. Esse conceito pode ser visto como o resultado de duas variáveis:

Frequência Criativa: a quantidade de ideias — ou “Beats Criativos” — por minuto que um filme apresenta (ao longo do texto, usarei ‘ideia’ e ‘beat criativo’ como termos equivalentes). 

Qualidade Criativa: o valor intrínseco dessas ideias (o quão originais, inteligentes, emocionantes e bem integradas à narrativa elas são).

A Densidade Criativa é resultado da combinação entre Frequência Criativa e Qualidade Criativa.

No texto A Importância de Ideias e Inspiração, já discuti um pouco a questão da Qualidade Criativa: o que diferencia uma boa ideia de uma má ideia, na minha concepção. Muito trabalho ainda pode ser feito nessa área, que pode soar um tanto subjetiva, mas neste texto vou focar mais na questão da Frequência Criativa, que é igualmente crucial e é um princípio que nunca vi discutido dessa forma.

Frequência Criativa

No texto Ganchos e Recompensas, discuti que não adianta um filme ter apenas um ótimo gancho narrativo, uma boa ideia de trama e a promessa de uma recompensa no final; os bons filmes estão o tempo inteiro recompensando o espectador e, a cada minuto, reforçam seu envolvimento com a experiência. Ou seja: bons entretenimentos têm uma alta Frequência Criativa, pois precisam estar sempre estimulando o espectador com novas ideias.

Através da análise de alguns clássicos que sempre uso como referência aqui no blog, cheguei a alguns princípios gerais a respeito do conceito de Frequência Criativa.

Abaixo, vou listar as principais ideias de alguns minutos aleatórios de E.T. — O Extraterrestre, De Volta para o Futuro e O Exterminador do Futuro. Um ‘beat criativo’ seria a menor unidade criativa de um filme: toda ideia dentro de uma cena que gera estímulo emocional, curiosidade intelectual e sustenta o interesse do espectador.

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MINUTO 11 de E.T. — O Extraterrestre
1 – Elliott entra afobado em casa e diz para os amigos e para a mãe que viu “algo” lá fora.
2 – Elliott alerta: “ninguém sai lá fora!” — os amigos valentões fazem o oposto e partem para o quintal.
3 – Eles pegam facas da cozinha antes de sair, para o desespero da mãe de Elliott.
4 – Imagem externa misteriosa, com lua, neblina e milharal, enquanto os amigos se divertem caminhando em direção à cabana (brincadeira com o tema de Twilight Zone).
5 – Eles encontram as pegadas de E.T. dentro da cabana.
6 – O irmão de Elliott dá uma explicação mundana para as pegadas: “o coiote voltou, mãe”.

MINUTO 12 de E.T. — O Extraterrestre
1 – Os amigos veem a pizza que Elliott derrubou no chão e dão uma bronca nele.
2 – A mãe pergunta quem deixou eles pedirem pizza. Elliott dedura o amigo, criando confusão.
3 – Depois que todos já saíram, vemos os dedos de E.T. na porta da cabana, reforçando que Elliott estava certo.
4 – Na beliche de Elliott, o cachorro acorda e olha para a janela ao ouvir um barulho lá fora. Elliott, na beliche de cima, já está acordado, olhando para a janela, como quem nem chegou a dormir.

O minuto 11 não é um minuto típico de E.T. — é um momento bem mais denso que a média. Resolvi incluí-lo porque muitas vezes não nos conscientizamos de quanta coisa pode acontecer em um filme em um simples intervalo de 60 segundos, e de quanto investimento criativo é necessário para se criar um entretenimento de alto nível. Se você me perguntasse sem eu olhar, eu provavelmente chutaria que esses eventos todos representavam dois ou três minutos do filme, e não apenas um.

Notem também que o minuto 11 funciona quase como um “mini-filme”: tem começo, meio e fim — começa estabelecendo um gancho e progride para um clímax, com várias mini-recompensas no caminho, todas narrativamente interconectadas.

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MINUTO 33 de De Volta para o Futuro

1 – No celeiro, Marty tira o capuz de seu traje antirradição, e a filha apavorada dos fazendeiros grita para os pais: “Ele já está ganhando forma humana!”, achando que se trata de uma invasão extraterrestre.

2 – Marty dá partida no DeLorean e foge sob tiros, atropelando um de dois pinheiros protegidos por uma cerca no caminho, para a fúria do fazendeiro (algo que renderá um beat divertido mais adiante).
3 – Já na estrada, Marty freia o DeLorean bruscamente ao se deparar com o condomínio onde mora no futuro — Lyons Estates — ainda em construção.

MINUTO 34 de De Volta para o Futuro
1 – Marty tenta pedir informações para um carro que se aproxima, mas uma senhora histérica se apavora e manda o marido não parar.
2 – Marty tenta dar partida no carro, mas o DeLorean não pega, para sua frustração.
3 – Descobrimos que a câmara de plutônio da máquina do tempo está vazia.

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MINUTO 14 de O Exterminador do Futuro
1 – Na loja de armamentos, o Exterminador solicita diversas armas específicas ao balconista, exibindo todo o seu conhecimento técnico.

2 – Quando o vendedor pergunta qual delas ele vai levar, ele responde: “todas”.
3 – O vendedor fica alegre e diz que vai “fechar mais cedo hoje”, mas, em vez de pagar, o Exterminador carrega uma das armas e o mata.
4 – Em outro ponto da cidade, Reese serra a coronha de um rifle para encurtá-lo, esconde-o dentro do sobretudo e se mistura aos pedestres.

MINUTO 15 de O Exterminador do Futuro
1 – O Exterminador arranca violentamente um homem de um telefone público.
2 – Ele procura por “Sarah Connor” em uma lista telefônica e encontra três mulheres com o mesmo nome.
3 – Vemos um bairro residencial feliz, com gramados verdes e crianças brincando, quando um caminhãozinho de brinquedo é subitamente esmagado pela roda de um carro estacionando.
4 – Nesse ambiente inofensivo, a figura ameaçadora do Exterminador sai do carro e se aproxima da porta de uma casa específica.

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Acabei escolhendo alguns trechos mais densos que o normal, mas, pelo que observei, a média de um bom entretenimento é de pelo menos três ideias por minuto — ou seja, pelo menos três ações, acontecimentos ou informações que renovam o interesse do espectador, criando emoções prazerosas e/ou curiosidade intelectual. Em momentos mais excitantes, esses filmes podem apresentar quatro, cinco ou até mais ideias interessantes em um único minuto. Isso bate com algo que ouvi de David Zucker recentemente — um dos responsáveis por Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu! e Corra que a Polícia Vem Aí! — segundo o qual seus filmes buscavam ter uma média de três piadas por minuto. Se adotarmos essa média de três ideias por minuto, isso significa que, em um bom entretenimento, não passam muito mais de 20 segundos sem que algo estimulante aconteça.

Essa média se mantém inclusive em clássicos das décadas de 30 e 40. Os filmes da Era de Ouro, aliás, costumavam ter diálogos mais afiados, com poucas falas naturalistas ou meramente funcionais, o que ajudava a aumentar a taxa de beats criativos por minuto.

Tipos de Beats Criativos

Vários tipos de ideias podem ser estimulantes e tornar a experiência de um filme agradável. Entre os estímulos de uma cena, podem existir beats que criam gancho ou expectativa, toques de humor, atitudes carismáticas dos personagens, insights inteligentes, contrastes, estímulos sensoriais e até decisões estéticas chamativas do diretor. Ainda assim, os beats narrativos são os mais indispensáveis no cinema. Um bom entretenimento terá, na maioria dos minutos, alguma ideia que traga novas informações a respeito da trama e faça a história avançar.

Limites Máximos

Há um limite natural para a Frequência Criativa de um filme. Não é possível amontoar 50 ideias em um minuto, pois cada uma exige um mínimo de desenvolvimento, um set-up. Não basta jogar ideias na tela sem critério. Elas precisam ter uma sucessão lógica, e o espectador precisa de tempo para absorver cada raciocínio. Assim como na escrita, é necessário ao menos uma frase ou um parágrafo para apresentar uma nova ideia — uma sequência aleatória de “palavras estimulantes” não prende a atenção nem cria emoção.

O ser humano só consegue focar em uma coisa por vez. Em um segundo de projeção podem existir centenas de informações num filme (figurinos, objetos, trilha sonora), mas essas são ideias periféricas. O que importa aqui — e o que vale como beat criativo — são as ideias explícitas que ocupam o primeiro plano e atraem o foco consciente do espectador.

Limites Mínimos

Se um filme quiser ser um bom entretenimento, existe um limite para quanto tempo pode passar sem que algo estimulante ocorra. Se um filme demora mais de 20 segundos para apresentar uma nova ideia, ele já começa a ficar um pouco desestimulante. Parece haver alguma lei psicológica natural que governa essas medidas — assim como, em uma palestra, uma pausa de três segundos pode ser dramática, mas uma de oito segundos rompe o fluxo e causa estranhamento.

Alguns filmes que analisei, como O Iluminado ou Encurralado, apresentam uma Frequência Criativa mais baixa, com uma média próxima de duas ideias por minuto. Ainda assim, considero-os bons entretenimentos. Se o gancho geral da história ou da cena é forte — ou seja, se há uma expectativa clara por algo prazeroso ou excitante no futuro próximo — essa média mais baixa ainda pode render uma experiência envolvente, embora com uma sensação mais calma e menos excitante quando comparada aos filmes discutidos anteriormente.

Quando um filme cai para uma média de 1 ideia/beat criativo por minuto, ele já se afasta do entretenimento Idealista e adquire um ar Naturalista, não narrativo — especialmente na ausência de ganchos. Uma das características mais cruciais do Naturalismo, na minha visão, é justamente essa baixíssima Densidade Criativa, essa escassez de ideias estimulantes. Nesse ponto, o Experimentalismo tende a ser mais interessante e a apresentar uma Densidade Criativa mais alta que o Naturalismo, ainda que as ideias não sigam uma progressão lógica.

Séries de TV modernas também tendem a se distanciar do Idealismo por causa da baixa Densidade Criativa. Ao analisar um episódio da série Pluribus (T1, E5), uma das mais aclamadas da atualidade, contei apenas cinco ou seis beats criativos ao longo de 40 minutos — e quase nenhum deles era uma ideia particularmente inteligente ou transformadora para a história. Em um único minuto de qualquer um dos filmes analisados acima, encontramos uma Densidade Criativa maior do que nesse episódio inteiro.

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Níveis de Frequência Criativa:

1.0 Id/m — sensação de estagnação, “realismo” e monotonia
2.0 Id/m — narrativa um pouco lenta, mas que pode funcionar com um bom gancho
3.0 Id/m — entretenimento sólido
4.0 Id/m — narrativa ágil e empolgante
5.0+ Id/m — momentos de alta excitação, set pieces, “impossível piscar”

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Quantidade vs. Qualidade

Como disse, a Densidade Criativa depende não apenas da Frequência Criativa, mas também da Qualidade Criativa — o valor das ideias em si. Nem toda ideia de toda cena precisa ser genial. O importante é que sejam lógicas, compreensíveis, alinhadas com o tema do filme, com a progressão da trama, e que tenham alguma carga emocional ou intelectual (alinhada com os 4 Pilares do Idealismo).

Mas, para se tornar um grande filme — daqueles que podemos rever inúmeras vezes sem cansar — é necessário apresentar não apenas uma alta frequência de ideias, mas ideias de qualidade.

Ações Vazias vs. Beats Criativos

A maioria dos filmes comerciais terá três ou mais “coisas” acontecendo por minuto. O espectador casual não tolera trechos de puro vazio. Mas, na minha visão, apenas os beats criativos — aqueles acontecimentos baseados em alguma ideia interessante — realmente produzem entretenimento e aumentam a Densidade Criativa de um filme.

É por isso que uma cena de ação não consegue te divertir apenas com base na escala ou na movimentação física. Uma imagem grandiosa pode até servir como um beat, mas para permanecer interessante por diversos minutos, a cena precisará contar com diversas outras ideias. Uma luta pode ter inúmeros golpes e mortes, mas essas coisas só se tornam beats criativos quando trazem ideias coreográficas marcantes, mortes inovadoras, surpresa, humor etc. O verdadeiro ritmo de um filme não vem da montagem ou da ação física na tela, mas de sua Frequência Criativa.

Diálogos também podem se tornar ações vazias se não incluírem sacadas divertidas, informações que mudem o rumo da trama etc. Uma das formas mais fáceis de se encher linguiça em filmes e séries é colocando duas pessoas para dialogar na tela. O diálogo cria a ilusão de que algo está acontecendo e preenche o vazio. Mas, se o texto for meramente funcional, o filme não estará cumprindo sua função enquanto entretenimento. 

A Regra dos 18 Minutos

A regra dos 18 minutos do TED Talk é uma diretriz segundo a qual palestras não devem ultrapassar esse tempo — longo o suficiente para apresentar um conceito relevante, mas curto o bastante para manter a atenção total do público, evitando sobrecarga cognitiva e incentivando uma comunicação focada e clara.

Acredito que essa “regra” seja útil também no universo do cinema. Evidentemente, o público consegue prestar atenção a uma história com mais de 18 minutos; se não, longas-metragens não seriam tão populares. Ainda assim, mudanças de ambientação, de clima ou de assunto são necessárias para que um filme não se torne cansativo. O público precisa de variedade. Analisando esses filmes, notei que algo em torno de 15–20 minutos parece ser o tempo máximo para que um longa permaneça em um mesmo segmento narrativo sem começar a cansar.

Em O Exterminador do Futuro 2, por exemplo, todo o bloco em que os personagens decidem explodir a Cyberdyne pode ser visto como um “assunto” ou “ambiente” e dura cerca de 16 minutos. Em De Volta para o Futuro, a introdução ao universo de Marty, antes da revelação da máquina do tempo, tem cerca de 17 minutos. Em 2001: Uma Odisseia no Espaço, a sequência dos macacos dura aproximadamente 16 minutos.

A Frequência Criativa não precisa variar de um segmento para outro, mas o conteúdo das ideias sim, criando um senso de movimento para a narrativa como um todo.

Relevância do Conceito

Ainda que seja difícil chegar a um critério objetivo para definir o que é ou não uma boa ideia, o ponto central aqui é que o que torna um filme bom não é simplesmente sua mensagem, o conceito geral do diretor ou uma avaliação abstrata feita após a sessão, mas a soma das centenas de ideias apresentadas ao longo da projeção.

Ouvi um crítico dizer recentemente que, pra gostar de certo filme em cartaz, era obrigatório assistir à série de TV na qual ele se baseia; caso contrário, a pessoa não aproveitaria a sessão. Essa perspectiva não faz sentido se você encarar filmes da maneira como eu encaro. Se um filme se torna tedioso ou sem sentido quando você não conhece obras externas a ele, é porque não está fazendo esse trabalho fundamental de apresentar três ou mais ideias interessantes por minuto. Da mesma forma, não compro a ideia de que é preciso assistir a diversos episódios de uma série até que ela “comece a ficar boa”. Por mais que haja uma reviravolta no meio da temporada, é raro que ocorram variações muito grandes de Frequência Criativa ou de Qualidade Criativa dentro de uma mesma produção. O que uma obra apresenta em seus primeiros minutos costuma ser uma amostra bastante fiel do que virá depois em termos de Densidade Criativa.

Esse conceito de Densidade Criativa também pode ajudar alguns Idealistas a entender por que é possível gostar de certos filmes mesmo quando eles têm uma mensagem trágica ou um final incompreensível. Há muitos filmes com mensagens questionáveis que são compostos por beats inteligentes, prazerosos e alinhados com o Idealismo. No fim das contas, o que importa é a jornada.

É ainda um ótimo guia para quem deseja ser roteirista (ou cineasta, editor). Se seguirmos este princípio, sabemos, por exemplo, que para criar um filme de 100 minutos, você precisará ter no mínimo 300 ideias para manter o espectador entretido. Sem esse volume de ideias, você ainda não está criando um verdadeiro entretenimento. (Quando reclamo que os filmes hoje não se parecem mais com filmes, é porque eles tentam se esquivar dessa tarefa, preenchendo as duas horas basicamente com ações vazias, e apenas salpicando uma ou outra ideia ao longo da narrativa.)

Declínio do Entretenimento

Desde os tempos do cinema mudo, o entretenimento audiovisual foi se consolidando em torno de uma Frequência Criativa de aproximadamente três ou mais ideias por minuto. Não acredito que essa medida seja aleatória, mas sim um reflexo de um ritmo natural da mente humana.

Com a crise criativa em Hollywood, a Densidade Criativa do entretenimento vem diminuindo ano após ano. Em alguns casos, o problema está na má Qualidade das ideias. Mas na maioria das vezes, somos apresentados não apenas com ideias mais fracas, mas também com uma quantidade muito menor delas: conteúdos altamente diluídos. Já ouvi dizer que muitos projetos de streaming hoje são pensados de propósito como “segunda tela”, partindo do pressuposto que o espectador estará mexendo no celular enquanto assiste. E o que ele busca no celular? Provavelmente os beats criativos extras que a série não está fornecendo, e de que ele precisa para se manter entretido. (O sucesso do TikTok parece estar intimamente ligado à Frequência Criativa — com a diferença de que ele oferece estímulos aleatórios, sem coerência ou estrutura, ao contrário do cinema.)

Se Hollywood fosse uma grande sorveteria, uma análise do produto nas últimas décadas revelaria um declínio gradual na quantidade de açúcar contida em cada bola de sorvete, até chegar a um ponto em que já é discutível se aquilo ainda pode ser chamado de um “doce”. Externamente, o produto continuaria com a mesma aparência — assim como os filmes continuam tendo duas horas de duração e sendo visualmente atraentes — mas aquilo que tornava a experiência prazerosa foi sendo lentamente removido.

Não é surpresa alguma que as filas estejam diminuindo e se o cinema quiser recuperar seu público, a indústria precisará voltar a valorizar os profissionais capazes de equipar os filmes com essa quantidade massiva de ideias: escritores talentosos.

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