quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Leviatã

- Naturalismo: rotina de pessoas desinteressantes, comuns, sem grandes objetivos ou expectativas. Filme nem estabelece direito quem é quem, quais as relações entre os personagens, temos que ficar nos esforçando pra entender (sem ainda termos uma motivação, um motivo pra querermos saber quem é quem).

- Quando o prefeito resolve demolir a casa quase surge um conflito pra história. Mas não parece algo tão trágico assim pro Kolia (ele se mostra até disposto a mudar de cidade). Não chega a ser um confronto intenso entre bem e mal (os dois são bêbados e patéticos, fica difícil torcer contra ou a favor de alguém).

- Assunto chato, burocrático. Pra que eu quero entrar no cinema e ver pessoas tendo problemas com a prefeitura? Geralmente essas coisas a gente tem que lidar no dia a dia mas querendo fugir pra ir ao cinema! Falta envolvimento emocional com os personagens, objetivos maiores, conflitos com os quais a plateia se identifique.

- SPOILER: Naturalismo: cenas aleatórias que apenas registram a rotina dos personagens mas não acrescentam nada ao filme (advogado indo ao banheiro, amigos atirando nas garrafas, etc). As cenas mais dramáticas e interessantes o filme não mostra (descoberta da traição, seguida da briga - e mais tarde o suicídio de Lilia). Filme é anti-emoção, anti-prazer.

- SPOILER: O filme começa como um conflito entre Kolia e o prefeito, mas agora já não sei mais se o filme é sobre isso, ou se é sobre adultério. Parece que o filme vai criando problemas aleatórios só pra prender minimamente a atenção da plateia ("Ah, que tal agora ter uma cena de traição? Traição sempre dá ibope. E agora um suicídio - suicídios são trágicos, a plateia irá se interessar!"). O suicídio da Lilia parece mal explicado, forçado - o que aconteceu não foi nada tão terrível assim, e o marido já tinha até perdoado ela.

- O título do filme (supostamente algo importante que revela algo sobre o tema do filme) é uma palavra numa charada confusa dita por um padre que ninguém na plateia entende. O que tem a ver o tema de religião que vai surgindo mais pro fim? Simbologia mal explicada.

- SPOILER: A mensagem parece ser que a vida é horrível e o homem é uma vítima injustiçada que não pode fazer nada a respeito: Kolia começa perdendo a casa, depois a mulher o trai, depois ela se mata, depois ele é preso pela morte dela, e no fim o prefeito (a figura mais desprezível do filme) sai impune e é mostrado numa missa (ou seja, além de tudo ele se considera uma pessoa do bem).

CONCLUSÃO: Um filme sobre decadência, deterioração, morte - contado de uma forma igualmente decadente e tediosa.

(Lefiafan / Rússia / 2014 / Andrey Zvyagintsev)

FILMES PARECIDOS: Ida

NOTA: 2.0

2 comentários:

Anônimo disse...

Só estudando Karl Marx agora eu entendi o título do filme, ou pelo menos acho que entendi. Ele, Karl, chamava de Leviatã o Estado quando se torna o juiz das situações, concentra o capital e leva as massas à pobreza e situação deplorável. Nesse filme representado pelo protagonista em situação decadente.

Esqueçam política, todo mundo estuda tudo um dia. Estou apenas compartilhando uma informação que eu ACHO que faz conexão com o filme.

Caio Amaral disse...

Ah na cabeça do diretor provavelmente tem conexão.. o livro Leviatã do Thomas Hobbes pelo pouco que sei foi uma grande influência no pensamento político.. por isso mesmo o Marx deve ter usado o termo..