quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Um Senhor Estagiário

NOTAS DA SESSÃO:

- É interessante a situação do protagonista: ele não tem mais amor nem carreira pra preencher a vida, e decide fazer algo a respeito.

- O elenco e a produção são de bom nível.

- O problema é que os conflitos do filme são muito leves. De Niro não estava deprimido, à beira da morte ou algo do tipo. Apenas entediado, e arrumou um estágio pra preencher o tempo. A empresa por outro lado também estava indo muito bem. Não é que estava à beira da falência e o De Niro chegou pra revolucionar tudo, trazer uma nova filosofia, etc. Ele vem apenas dar pequenos conselhos a ajudar em tarefas banais. E apesar da idade, ele é ótimo pro trabalho, se dá bem com todo mundo logo de cara, não cria nenhum problema sério pra Anne Hathaway... É tudo muito bonitinho, simpatiquinho - e chato.

- A empresa já é um sucesso absoluto e o grande "dilema" do filme é se a Anne Hathaway vai ou não contratar um CEO pra ajudá-la a administrar esse sucesso todo - é um conflito fraco demais!

- Triste ver a Rene Russo nesse papel secundário de massagista. As piadas envolvendo sexo entre ela e o De Niro são constrangedoras.

- Outro problema fatal é que não há nenhuma química entre o personagem do De Niro e o da Anne Hathaway. Ela é chata, pretensiosa, e ele é submisso, sem atitude... Não há uma relação envolvente entre os dois. Ela passa a ter certo "carinho" apenas porque ele é um empregado tão eficiente e submisso que se torna quase digno de pena - não é uma figura admirável que traz uma verdadeira transformação pra vida dela. Seria muito mais legal se ele fosse um personagem forte, mais agressivo, que chegasse pra desafiar as crenças da Anne, criando um grande conflito inicial... Mas o filme está tão empenhado na mensagem feminista, em mostrar Anne como uma empresária bem sucedida e autossuficiente, que não permite que ela precise do De Niro de maneira significativa.

- O filme tem a profundidade de um comercial de margarina. Cria aquele tipo de ambiente de classe alta onde tudo é perfeitamente decorado, todos estão bem vestidos, têm belos sorrisos, mas que traz algo de falso e superficial no ar. O filme não entra em discussões sérias, os personagens não têm momentos verdadeiros, ninguém expõe emoções autênticas... Tudo parece conversa de elevador.

- A sub-trama do roubo do computador da mãe da Anne é desnecessária e destoa da história. O humor dos atores coadjuvantes não funciona.

- Até a questão da traição é tratada de maneira extremamente distante, superficial, nas entrelinhas, como se a diretora tivesse medo de tocar num assunto tão "pesado" como infidelidade! O filme é tão água-com-açúcar que parece feito pra ser mostrado em hospitais pra senhoras com problemas cardíacos.

- De Niro e Hathaway conversando na cama: era pra ser uma cena calorosa, mostrando os dois se aproximando, "bonding", mas a relação entre eles é tão estranha e mal construída que acaba sendo incômodo de assistir.

CONCLUSÃO: Comédia água-com-açúcar superficial que fracassa principalmente por não conseguir criar um relacionamento atraente entre os protagonistas.

(The Intern / EUA / 2015 / Nancy Meyers)

FILMES PARECIDOS: Os Estagiários / Não Sei Como Ela Consegue / Simplesmente Complicado / O Amor Não Tira Férias

NOTA: 4.0

26 comentários:

Anônimo disse...

Eu não assisti o filme, e nem pretendo. Mas deixe-me ver se entendi. Você disse que o filme tem uma mensagem feminista, mas o personagem principal é um homem. O ator escalado é um dos mais populares de todos os tempos, tal que ele e seu nome aparece em destaque no cartaz, enfatizando o apelo que o De Niro tem entre o público, tanto masculino quanto o feminino. Tanto que podia até cortar fora a Anne Hathaway da divulgação e as pessoas iriam assistir mesmo assim.

A relação entre os personagens é de submissão e autoridade no trabalho, e um pouco de carinho subsequente. Nesta última enxerguei um desejo sexual contraído. Pois um senhor que apenas quer matar o tempo livre tá pouco ligando pro futuro da empresa, ele quer mesmo a interação social, mesmo que seja baixar a cabeça e concordar com tudo. A fantasia de milhões de homens é ser dominado pela chefe no trabalho, e com ele podia ter apenas uma pequena variação. A não ser que fosse gay.

Eu tinha uma queda pela chefona do RH, que devia ser uns 10 anos mais velha, e nunca admiti. Isso dava uma certa "permissão" para que ela mandasse e desmandasse em mim durante meu estágio. Tudo por causa do desejo sexual.

Agora pela minha interpretação de quem "observa de longe", a mensagem feminista falhou miseravelmente. Mas como eu não vi o filme, posso estar errado.

Caio Amaral disse...

Os 2 são principais.. tanto a Anne quanto o De Niro.. o fato de haver um ator como ele no filme não impede a história de ser feminista, impede? Não entendi o que vc quis dizer... O filme aborda esse tema do feminismo de maneira bastante explícita até, não sou eu que estou lendo nas entrelinhas, achando pelo em ovo, etc, hehe.

Na história não é pra haver nenhum tipo de tensão sexual entre eles.. a relação é pra ser totalmente inocente nesse sentido.. mas confesso que achei meio estranho ver os dois dividindo a mesma cama em determinada cena, como se fossem duas amigas.. o De Niro tá muito "inteirão" ainda pra não passar certas ideias na cabeça do público.. isso é uma das coisas que acaba deixando a relação meio falsa, estranha.

Anônimo disse...

Não, você não entendeu errado não. Eu apenas compartilhei o que eu pensei após ler sua crítica sem ter assistido o filme. Aquela conclusão que a gente tira sem ter visto ainda. Mas de fato, o De Niro no elenco não impede que o filme seja feminista. Ao contrário, a minha questão é quanto ao êxito em retratar este tema dentro do filme sem forçar a barra e extrapolar os limites do bom senso.

Agora um outro pensamento que acabou de ocorrer aqui e também quero compartilhar. Imagine que com essa onda de remakes onde os personagens bem definidos estão virando mulheres, negros e homossexuais, não pela arte ou pela narrativa do filme, mas pelo politicamente correto, resolvam refilmar Lawrence da Arábia passando uma mensagem feminista, sionista, anti racismo e tendo um foco não tão trágico naquela cena em que ele é estuprado, colocando o oficial militar gay como a vítima. Lawrence seria um coadjuvante.

Pra evitar desentendimentos, não estou expressando uma opinião negativa a respeito destas pessoas. Eu estou tirando sarro da indústria de cinema que está ridícula hoje em dia.

Caio Amaral disse...

Ah é... existem várias campanhas por aí pedindo o primeiro James Bond negro e coisas do tipo... estamos numa época muito chata mesmo. Lawrence da Arábia seria estúpido tentar refilmar, mesmo sem acrescentar esses elementos mais "modernos" que vc disse, hehehe.

Anônimo disse...

Não vejo nenhum problema num James Bond negro, até porque o personagem muda constantemente de aparência, interpretado por atores que pouco ou nada se parecem uns com os outros. A única explicação plausível seria a de que “James Bond” seja um codinome usado por diferentes agentes, como foi sugerido naquele filme horrível estrelado pelo David Niven, “Cassino Royale”. A fidelidade à obra de Ian Fleming também não é justificativa. Fleming era escancaradamente racista, sexista e homófobo, e expressava seus preconceitos com imagens grosseiras que foram cortadas ou suavizadas nas adaptações cinematográficas para torna-las assistíveis, mesmo quando não havia preocupação com o politicamente correto. Por exemplo, Ian Fleming, em “From Russia with Love”, assim descreve o aperto de mão do agente turco-britânico Darko Kerim em James Bond: “It was a strong Western handful ofoperative fingers — not the banana skin handshake of the East that makes you want to wipe your fingers on your coat'tails.” Os livros de Ian Fleming são péssima literatura à qual o cinema deu alguma respeitabilidade.

Caio Amaral disse...

Hmm.. não sei não. O James Bond é tipicamente britânico.. não vejo por que torná-lo negro, a não ser pra atender às exigências das pessoas maliciosas que reclamam desse tipo de coisa.. fazer isso seria meio que aceitar algum tipo de culpa pelo fato do personagem ser branco, como se houvesse algo de racista nisso. Na minha opinião, quem se incomoda com essas coisas deveria criar um herói novo, que seja negro, gay, oriental, como quiser.. e que seja igualmente admirável.

Anônimo 2 disse...

Acho que o anônimo acima não leu as obras de Ian Fleming. Que é leitura pra adultos maduros e que pensam, tá? Não pra pessoas que mal saíram da adolescência mental e não conseguem ser desafiadas, ou ler uma literatura que contradiga com a sua noção de "sociedade e moral". É como um comunista que nunca leu Ayn Rand porque não concorda com ela, daí começa a xinga-la de egoísta e matadora de animais. Tampouco levou em consideração as circunstâncias da época em que foi escrito. Acredito que apenas pegou uma citação na internet e postou pra justificar sua opinião forte.

Lembrando que na Grã-Bretanha da época era crime ser Gay, ou seja, as ilhas inteiras eram "homofóbicas" se for levar por esse lado. Se Ian Fleming demonstrasse publicamente que simpatizava com a causa gay, poderia ser preso e sentenciado. Hoje os jovens gostam de deixar claro que apoiam, e não estão nem aí pra prisão ou morte (estamos falando da Inglaterra conservadora, não do Brasil). Mas uma pessoa que passou pela guerra, como Ian, deve ter o mínimo senso de autopreservação né?

Ian Fleming serviu a inteligência britânica na segunda guerra mundial no combate contra o nazismo, se ele fosse racista e homofóbico, e não gostasse de muçulmanos também, acha que lutaria contra seus ideais?

"O personagem muda a sua aparência, mas não a sua etnia? Ah, isso é racimo!" Claro que não é, quando os primeiros livros foram escritos, não haviam detalhes a respeito da origem de Bond. Assim que Sean Connery, que é escocês, o interpretou. Ian Fleming adicionou pais escoceses para Bond na história. Mas ele continua sendo inglês britânico.

Lembrando que o Felix Leiter, agente da CIA, e melhor amigo de Bond, atualmente é interpretado por um negro. Ninguém menciona isso, porque será?
Pois bem, a CIA é americana, e nos EUA, grande parte da população também é negra. Logo, mudar a etnia do personagem está dentro do contexto.
O mesmo não vale para um britânico clássico, ou seja um "Gentleman". O ator negro que todos querem agora é o Idris Elba, que também é inglês mas foge a esse padrão típico refinado. Já imagino ele dizendo: "My name is Bond, Motherfucker! Bond". O próximo Austin Powers seria interpretado por Samuel L. Jackson. Aí não seria mais James Bond, seria outra história feita pra agradar pessoas que se ofendem com coisas mínimas.
(Não coube, continua)...

Anônimo 2 disse...


Continuação...

Nem todo mundo tem saco pra ler literatura inglesa europeia. Muita concentração nos detalhes e no porquê das coisas. A quantidade de descrição ocupa uns 50% dos livros, sendo que o resto é história. Então eu concordo nesse ponto com o anônimo, não é unânime a aprovação da série de livros, e acho perfeitamente justificável o porque de muitos não gostarem.

Mas eu que sou um ávido leitor de romances de espionagens desde pequeno. Li todos os livros de Bond escritos por Ian lançados em português, e os que não foram escritos por ele também.
Levando em consideração cada bond girl em cada livro, nota-se que ele não era nem um pouco machista. A contrário, a mulheres são retratadas de modo bem positivo, muitas são duronas, outras são vilãs ameaçadoras, femme fatales, outras são as únicas sobreviventes onde muitos homens morreram. E algumas são agentes da CIA ou MI6.
Já a personalidade e gostos de Bond foram inspirados em uma pessoa real, um príncipe da Inglaterra, logo espera-se que ele se comporte como um homem de verdade dentro da época onde os homens eram homens e ainda gostavam de mulheres e essa besteira de politicamente correto não existia.

Já leu "Espião e Amante", não leu né? A personagem principal é uma mulher. James Bond aparece acho que por uns três capítulos e some. Isso é machismo?
Qual personagem feminina foi escrachada, subestimada inferiorizada em qualquer livro de Ian? Que tal Pussy Galore de Goldfinger que por ser lésbica não deixou-se ser seduzida por Bond?
Alguém menciona o casal gay Mr. Wint and Mr. Kidd do livro Os Diamantes são Eternos? Só porque são os vilões ele era homofóbico?
Pela contextualização se passar durante a guerra fria, muitos personagens maus serem cubanos negros comunistas, isso faz dele um racista?

Agora quanto a "James Bond" ser um codinome, nem preciso comentar que o codinome na verdade é "Agente 00". Queria o quê, Connery com 85 anos interpretando ainda?
"Unica explicação plausível", só pode ser piada sua. Então Bruce Wayne, Clark Kent, Peter Parker, Bruce Banner, é tudo codinome também? "Ah, mas esses não contam". Porque não? James Bond é personagem fictício das antigas tanto quanto estes também são. Toda vez que o heróis mudam de identidade, como o homem aranha que agora é negro. Assim também seu nome e origem mudam, a história é outra. Querem o Idris Elba em 007? Façam como o Caio disse acima, mudem o personagem, escalem como Felix Leiter se for o caso.

Essa teoria do codinome é velha, mas foi elaborada por quem não conhece a fundo. James Bond é a mesma pessoa, com a mesma história, mesmos pais, mesma personalidade e mesmos defeitos de uma pessoa que ainda vive no mundo real.
Esse filme "Cassino Royale" que você mencionou, é uma paródia pra quem não sabe. Não tem relação nenhuma com o Cânone dos livros ou dos filmes. A única pessoa que muda de identidade, mas o codinome permanece é "M", o chefe da MI6. E nos livros, essa informação é bem explicita.

Sabe aqueles fãs chatos de Harry Potter e O Senhor dos Anéis que sabem tudo sobres os livros e os autores, e quando aparece alguém pra falar mau eles fazem "textão". Então, agora sei como é.

Djefferson disse...

Caramba! Eu acreditando que escrevia demais, mas esse aqui teve até parte 2. Nem sabia que tinha limite nos comentários.

Se fosse eu, e não ele, o máximo que iria dizer é: "Se o autor e o personagem são tão desprezíveis, porque você se importa tanto com o que acontece nas adaptações?". Mas como não sou eu, é ele. O máximo que vou dizer é: "Se você não gosta, porque liga?".

Mas admito que ao imaginar o James Bond na versão dublada dizendo: "Meu nome é Bond, vadia, James Bond!" ganhei o dia.

Contrata esse ator em questão pra paródia, e intitula o filme de Kingsman 2 - Contra o irmão do gueto.

Caio Amaral disse...

Fico impressionado com a erudição dos visitantes aqui do blog sobre determinados assuntos..! Hehe. Mas vou deixar essa discussão com vocês pois não li nenhum dos livros do James Bond (como já deu pra notar, eu não sou dos mais ligados em literatura de ficção).

Djefferson disse...

Eu não pretendo entrar na discussão. Apenas quis tirar um sarro com o tamanho do comentário.

Anônimo disse...

Nossa, já lançaram Goosebumps no cinema e nem fiquei sabendo! Por acaso resolvi ver o que tava passando, e tá la o filme. Não que eu tenha ficado interessada pra ver o Jack Black pagando de bobão na tela grande, mas o filme tá com 7,3 no IMDB, parece uma noticia boa. Esperava abaixo de 5

Caio Amaral disse...

Estreou nos EUA, aqui no Brasil só nessa Quinta (22). Não estou esperando muita coisa, mas devo assistir (as notas não estão das piores mesmo, comparando com a impressão que tive do trailer).

Anônimo disse...

Na minha opinião o que importa é divertir o telespectador. Desde que seja um filme alegre e para toda a família, não tem problema. O problema é o Jack Black interpretando o papel de gordo atrapalhado de sempre. Mas aqui já estreou sim, em um cinema só.

Caio Amaral disse...

Deve ter tido alguma pré-estréia aí na sua cidade né.. O Jack Black nesse tipo de papel costuma me irritar tb.

Anônimo disse...

Caio, o que vc acha dos quadrinhos "Zen Pencils"? Eu ia postar um link deles traduzidos, mas sei q vc fala ingles fluente.
Porque todo mundo que eu conheço só fala que os quadrinhos é lição de vida, é uma mensagem bonita, faz a gente pensar em como levamos a nossa vida, aborda questões importantes, é motivacional, etc. Mas eu sou a única pessoa que conheço que só de ver a arte em um quadrinho, reconheço imediatamente e me mordo de raiva. Hoje eu li um sobre egoismo, e como deveriamos amar a todos, e levar a vida bonitinha, lembrei daquele video legendado da ayn rand que contraria esse pensamento. Dai pensei em ver o q vc acha dos quadrinhos.

Caio Amaral disse...

Olá.. não conhecia esses quadrinhos.. entrei no site e li a primeira história da página inicial (185. Wonder and excitement) e já deu pra ver que não tem nada a ver com o que eu penso (ou com as ideias da Ayn Rand). A moral ali é que pensar não é muito importante, que devemos ser guiados pelas nossas emoções.. que a maneira de manter vivo o espírito da infância e ser feliz é se 'reconectando' com a natureza, salvando as tartarugas dos efeitos destrutivos do aquecimento global, etc (ou seja, há tons anti-capitalistas na história). Achei bem perigoso..! Se quiser que eu leia uma outra me diz qual, abs.

Anônimo disse...

Embora com atraso, queria fazer um esclarecimento, realmente não me importo com James Bond, e com suas adaptações para o cinema, só vi uns poucos filmes da série e metade do infame “Cassino Royale”, que como paródia tem o defeito básico de não ter graça, só Woody Allen conseguiu ser engraçado na cena do fuzilamento. Também li o livro Moscou contra 007 (‘From Russia With Love’), que extrapolava do mero anticomunismo, para fazer descrições bastante ofensivas do povo russo. Até por isso não vejo nenhum problema se Bond fosse interpretado por um ator negro. ‘Tipicamente britânico’ poderia talvez corresponder a branco em 1950, se é que isso possa ser verdade, mas a realidade agora não é essa.
Outro comentarista mencionou que o personagem Felix Leiter seria negro. Só que ele, assim como Bond, já foi interpretado por atores brancos bem diferentes entre si em filmes anteriores da série:
http://houseofgeekery.com/2012/12/06/the-many-faces-of-felix-leiter/

Anônimo disse...

Recomendo fortemente Cassino Royale de 2006. Embora os fãs da franquia afirmem com veemência que o melhor é Goldfinger de 1964, que por sinal é muito bom também, Cassino Royale pra mim ganha o troféu. fkdk

Caio Amaral disse...

É que em "tipicamente britânico" eu incluo não apenas a raça, mas também um certo ar conservador.. que talvez combine menos com um negro britânico dos dias de hoje.. mas enfim.. fica o desafio pros produtores! É possível ficar bom.

Não vi muitos filmes do James Bond tb.. vi os 4, 5 primeiros.. e depois a partir do GoldenEye vi todos no cinema.

Anônimo disse...

Ponto de vista interessante. Levando em consideração o fato de que rebootaram a franquia justamente por fugir do conservador, e ficar esdrúxulo no último com Brosnam. Voltar atrás agora seria uma tolice dos responsáveis.

Li em algum lugar que o ator negro cotado para o papel ("cotado"..."cotas", hehehe) Idris Elba, é muito "das ruas" pra uma performance dessa. O filme voltaria exatamente ao ponto em que decidiram descontinuar a franquia.

Não é de hoje que negros em papéis principais apelam para o público negro norte-americano. Evidenciando nos filmes os maneirismos desta cultura, pois os executivos visam o retorno financeiro obviamente. Sendo assim, é de se esperar algo de hip-hop na trilha sonora, ou fazer críticas sociais que destoam o filme, com o intuito de quebrar paradigmas culturais. Como exemplo, o filme da mulher gato, triplo X, e o novo do Django entram neste grupo. Até mesmo a caracterização/interpretação de Nick Fury, de TODOS os personagens negros de velozes e furiosos, ou mesmo do tocha humana no novo quarteto gritam "eu sou diferente, sou negro! eu represento a galera!". Me foge à memória mais exemplos.

Vide atores que fazem sucesso com os afro americanos, como Tyler Perry, Ice Cube, ou os Wayans. Os filmes são em sua grande maioria horríveis, mas obedecem sempre aos mesmos padrões e clichês da cultura deles. No entanto, os executivos batem nesta tecla pois sabem que o lucro é garantido.

Tendo isso em mente, o próximo James Bond ser negro apenas levará às seguintes situações: o ator surpreenderá a todos assim como Heath Ledger com o coringa e permanecerá no papel. O filme será um fracasso e enterrarão a franquia mais uma vez. Ou o ator será o George Lazenby do novo século, sendo substituído rapidamente.

Independentemente do resultado, já aconteceu antes e não será nenhuma novidade. Talvez para os mais novos seja uma conquista. Mas escalar um negro vai ser vitória somente para o ator e o agente dele. O sucesso ou fracasso do filme neste caso, não significará absolutamente nada em questões raciais. As redes sociais serão inundadas por mensagens jogando na cara de alguém o resultado do filme, dependendo do sucesso ou fracasso. A causa negra vai permanecer na mesma. A página da história vai ser virada e a vida segue normalmente.

Saliento com destaque a notícia abaixo:

http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-116807/

Caio Amaral disse...

Realmente existe muito disso nos EUA.. por exemplo: artistas pop que fazem parcerias com rappers pra aumentar o público.. tipo Katy Perry em "Dark Horse", etc.. no caso do James Bond.. ACHO que se eles tornassem o protagonista negro seria mais por essa questão política.. mas o filme continuaria com um estilo tradicional, parecido com esses atuais, que estão indo bem de bilheteria, crítica, etc. Enfim, vamos aguardar!

Achei fantástico o que o Anthony Mackie falou na matéria! Hehe.

Anônimo disse...

Interessante é que se você ler as notícias relacionadas ao filme do pantera negra, verá que o roteirista já foi contratado. E olha só que surpresa, ele é negro! Todos os diretores que o estúdio está considerando são negros, e tem uma mulher no meio. Alguns inclusive dirigiram somente um ou dois dramas sobre questões raciais. Imagina o filme do pantera como não será, considerando a experiência dos diretores com a temática fantasiosa da mitologia dos heróis.

Daqui a pouco o câmeraman será negro, a equipe de som, de efeitos especiais, os maquiadores todos negros.

Porque não escalaram um diretor Judeu para dirigir a lista de schindler? Ou uma mulher para dirigir erin brockovich?

Acho difícil pra mulher dirigir filme de heróis, principalmente quando envolve a questão racial escrachada na tela. Não, não é machismo, é o óbvio mesmo.

Lembra de quando éramos crianças e bincávamos de super herói, seja interpretando, ou com brinquedos? e as meninas nunca participavam. Talvez os mais jovens não tiveram esta experiência, e não possam afirmar o mesmo.
Mas as meninas nunca se sujavam, não arriscavam uma brincadeira mais agressiva, diziam que era coisa de menino e tal, tinham medo de se molhar, ou estragar as bonecas. Os meninos sabiam os "poderes" dos bonecos, quebravam, não tavam nem aí. Quando não tinham objetos, imaginavam "poderes", e "barreira anti-poder", e o "poder anti-barreira", e asim por diante.

É exatamente este o ponto, os meninos entendem a mentalidade por trás de um filme de super-herói. Sabem que a magia do cinema não serve pra debater questões sociais, fazer crítica, falar de política, essas coisas. Você entra na sala de projeção para ser transportado em uma fantasia e fugir do cotidiano. Aí o que você recebe? criticas sociais, mensagem anti-racismo, drama sobre opressão às minorias, casal gay se beija totalmente fora do contexo em uma cena adicionada às pressas. E uma cena de ação no final.

Quanto ao James Bond, acho difícil escalar o Idris Elba. Pois Miss Moneypenny e Felix Leiter já são negros. E estão sendo bem representados dignamente. Se a questão do momento é essa, representar um grupo, já foi resolvida.

Derren Brown disse, não com estas palavras mas a idéia era essa: uma mente muito aberta deixa o cérebro cair da cabeça.

Anônimo disse...

Sem adentrar no mérito dessa discussão, só queria dizer que o diretor de A Lista de Schindler, Steven Spielberg, é judeu.

Anônimo disse...

Pelo que vi aqui, é verdade que é filhos de pais judeus, mas é cidadão americano nascido em Ohio. No entanto, embora não é nascido em Israel ou adepto da caracterização típica de um judeu, como o cabelo, a barba e a roupa, ele é praticante do Judaísmo. Interessante essa observação aí, nem eu sabia.

Observação: não foi eu que fiz o comentário acima, mas admito que pensei a mesma coisa sobre a lista de schindler não ser dirigida por judeu. Pra vc ver o que a desinformação é capaz.

Caio Amaral disse...

É... realmente é raro uma mulher dirigir bem filmes de ação, aventura... pelo que vejo elas se dão melhor com dramas, filmes mais focados em atores, relacionamentos, etc. É outro assunto que têm sido muito discutido e que acho bem polêmico.. na Austrália parece que agora vão criar cotas pra aumentar o número de diretoras mulheres: http://www.theguardian.com/australia-news/2015/oct/26/australian-directors-guild-calls-for-equality-quotas-in-film-funding

Enfim... continuo sendo a favor da meritocracia em todos esses casos de raça, sexo, etc.

Sim, o Spielberg se considera judeu até onde sei, hehe.. mas deu pra entender o ponto.. tipo.. Brokeback Mountain foi dirigido por um hétero e foi um grande sucesso..