segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Peter Pan

ANOTAÇÕES:

- Não gosto do visual plastificado, super-manipulado, azulado - parece que estamos vendo o filme no fundo do mar. Até a parte "real" do filme que se passa no orfanato parece um sonho.

- Peter não é muito carismático e se comporta como um garoto ordinário, não como alguém admirável.

- A ida pra Terra do Nunca é frustrante e não cria nenhum senso de magia (nunca dê pra um britânico fazer o serviço de um americano!). Quando eles chegam lá, o lugar é feio, cheio de personagens asquerosos, as pessoas cantam a música do Nirvana - isso tudo é pra destruir a inocência associada à história do Peter Pan (me lembra daquela terrível abertura das olimpíadas de Londres, onde eles tentavam misturar espetáculo e otimismo com músicas do Beatles e do David Bowie).

- Meta de Peter é encontrar a mãe, mas isso não é muito envolvente pra plateia, já que nem ela nem Peter a conhecem.

- Peter não tem uma amizade atraente com o Gancho, nem com a personagem da Rooney Mara. As relações são chatas ("realistas"), baseadas em conflito e rivalidade.

- O casting me parece errado. Peter é apenas profissional e a Rooney Mara ficaria muito melhor se tivesse uma atitude positiva, e não essa cara antipática de semi-vilã o filme inteiro.

- SPOILER: A mãe está morta? A grande meta do protagonista?

- SPOILER: O grande momento do voo de Peter acontece por um ato de sacrifício (ele se joga pra tentar salvar o amigo). E daí, além de comemorar o feito de maneira tola, o Gancho manda ele parar de se gabar (o tipo de toque que mancha o momento e impede que surja qualquer senso de encantamento).

- Toda essa sequência no reino das fadas é pavorosa. O diretor não é bom de 3D e fica fazendo cortes rápidos e movimentos bruscos de câmera. E há tanta fantasia que se torna enjoativo. 1 coisa voar num contexto onde mais nada voa é algo mágico. Mas se estamos numa ilha flutuante, dentro de um navio flutuante, com um garoto flutuando rodeado de fadas flutuantes, o surpreendente acaba sendo que algumas coisas não estejam flutuando.

- Final ruim: as fadas formando a figura da mãe (agora há espíritos no filme?), o romance entre a Rooney Mara e o Gancho não empolga...

CONCLUSÃO: Joe Wright (de Orgulho e Preconceito e Anna Karenina) não é a pessoa certa pra criar entretenimento familiar.

(Pan / EUA, Reino Unido, Austrália / 2015 / Joe Wright)

FILMES PARECIDOS: John Carter: Entre Dois Mundos / Alice no País das Maravilhas (2010) / A Bússola de Ouro / Piratas do Caribe: No Fim do Mundo

NOTA: 3.5

4 comentários:

Anônimo disse...

"nunca dê pra um britânico fazer o serviço de um americano". Isso me lembrou de uma passagem do livro 007 Da Rússia, com amor (ou Moscou contra 007). Onde a organização smersch (perderam o direito do nome spectre), tava decidindo entre incriminar um espião americano ou britânico. Escolheram o britânico, porque a CIA por ter mais recursos e dinheiro, sempre investiu em tecnologia e via os agentes como dispensáveis. Já o MI6 investia tanto nos agentes que começaram a acreditar que eram praticamente divinos, e todo trabalho que essa meia dúzia faziam dava certo justamente por serem inglêses. Já os agentes americanos, por serem numerosos e caros, tinham que competir para subir de carreira. Talvez ninguem veja esse paralelo, afinal o livro e uma ficção também, mas eu lembrei e achei interessante compartilhar.

Caio Amaral disse...

Mas daí nesse seu exemplo os britânicos é que seriam superiores né?? Ou entendi errado?

Anônimo disse...

Acho que eu que me expressei mal. O que o livro queria dizer é que os britânicos foram os melhores por algum tempo. Isso elevou o nível de confiança deles ao ponto de que não precisavam mais aplicar esforço em seu trabalho, apenas fazê-lo no piloto automático, pois pensavam que eram indestrutíveis. Já os americanos não recebiam o mesmo treinamento, e parte da confiança era só no equipamento caro e investimento em tecnologia. Eles perceberam que tinha que partir deles mesmos a iniciativa para serem melhores agentes, e durante a época do livro, os agentes americanos davam o seu máximo em cada missão. Já os britânicos pararam de dar o seu melhor e simplesmente agiam normalmente: "Ah, eu confio no Bond, ele nunca tá errado". "M deu uma ordem, não vou questionar, ele tá sempre certo".

Caio Amaral disse...

Entendi, hehe.. Mas só pra deixar claro, meu comentário sobre os britânicos foi meio que uma piada, pois o que quis dizer é que eles não costumam ser tão bons quanto os americanos apenas nessa tarefa de criar magia, inocência, escapismo.. pois o senso de vida europeu não é totalmente compatível com isso.. mas fora isso acho eles ótimos, hehe.