NOTAS DA SESSÃO:
- Isabelle Huppert está ótima e a personagem é divertidíssima. A maneira como ela reage ao estupro, se relaciona com o filho - é tudo muito anti-convencional e de certa forma libertador. É engraçado ela ser uma mulher séria, sofisticada e ao mesmo tempo produzir video games vulgares, levando esse trabalho a sério (é meio como o diretor Paul Verhoeven, que dirigiu Showgirls, Tropas Estelares, mas parece ser um artista com mais peso que isso).
- O flashback mostrando a cena do estupro com mais detalhes é ótimo, chega a dar susto o cara na janela.
- Hilário ela indo comprar armas, depois batendo no carro pra fazer a baliza. O comportamento dela é sempre inesperado, beirando o absurdo. Só não parece ilógico porque há certa justificativa psicológica pra ela ser assim. Aos poucos vamos entendendo o passado da família dela, a história do pai, etc. Não é apenas o diretor fazendo bizarrices pra divertir a plateia. Ela sente que é uma pessoa má, culpada pelo que houve, portanto acha quase compreensível alguém violentá-la, a mulher jogar a bandeja em cima dela, etc.
- O filme não tem uma narrativa forte (é mais focado em caracterização), mas tem mistério o suficiente pra deixar a gente interessado na história (queremos saber quem é o estuprador, se é alguém do trabalho, quais segredos ela guarda, etc). Sem falar que o filme é uma cena inesperada após a outra, como a história do bebê negro, o acidente de carro, etc. Não é um filme naturalista monótono (como disse sobre Aquarius, onde haviam muitas cenas de rotina meio arrastadas).
- SPOILERS: O público conservador irá detestar, mas eu me divirto com o tom subversivo do filme, a desconstrução dos conceitos de família, maternidade, religião, tradição (o jantar de natal surreal, a mãe dela namorando o garoto de programa, a Isabelle Huppert se masturbando enquanto os vizinhos montam o presépio, etc).
- Ótima a cena quando ela conta pro vizinho a história completa de como ocorreram os assassinatos.
- SPOILERS: Depois que descobrimos quem é o estuprador a história perde um pouco o pique, pois não temos muito mais expectativas (até a relação dela com o pai que era outro ponto de interesse se perde pois ele se mata na prisão).
- SPOILER: Faz sentido o filho estar ali pra salvá-la quando ela está sendo atacada pela última vez? O final não é ruim, mas não há muito senso de conclusão, afinal a história era mais uma exploração do personagem do que um enredo estruturado. Mas a imagem final é forte e simbólica - ela e a amiga andando pelo cemitério descontraídas, planejando morar juntas (apesar de uma ter traído a outra recentemente). Ou seja, no meio de mortes, traições, relações destrutivas (visualmente representadas pelo cemitério), a protagonista segue em frente tranquila, pensando no futuro, sem se deixar abalar.
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CONCLUSÃO: Estudo de personagem interessante, divertidamente subversivo, com uma performance memorável de Isabelle Huppert.
Elle / França, Alemanha, Bélgica / 2016 / Paul Verhoeven
FILMES PARECIDOS: Aquarius (2016) / Mommy (2014) / Ninfomaníaca (2013) / Anticristo (2009) / Caché (2005) / A Professora de Piano (2001)
NOTA: 7.5
4 comentários:
Anotado para pegar quando sair em DVD.
Legal.. é um filme pesado (apesar de eu ter me divertido bastante) não sei se é seu estilo.. dá uma olhada nos filmes que coloquei em FILMES PARECIDOS pra sentir o clima, hehe. abs.
Eu sei.
Particularmente não tenho preconceito com filmes assim, porque sou do tipo que assisto de tudo, raramente tenho bloqueio pra isto.
De todos os filmes analisados aqui esse, Café Society e Florence: Quem é essa mulher? São os que mais quero ver.
Legal. Todos esses 3 eu recomendo, por qualidades diferentes..!
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