quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Neruda

NOTAS DA SESSÃO:

- Estilo acima de conteúdo: o filme cria um tom excêntrico, cortes absurdos, uma atitude cínica em relação aos personagens, mas nada disso tem justificativa (a história e os personagens em si não são cômicos). É só o diretor tentando dar uma cara "cool" pra produção. O filme zomba dos 2 protagonistas: tanto Neruda quanto o policial parecem ridículos. O filme não está do lado de um, nem de outro, e também não explica por que devemos despreza-los ou por que esse conflito é relevante. Apenas fica mostrando 2 personagens superficiais, mal escritos, um contra o outro. Se o próprio diretor não admira os personagens em algum nível, qual minha motivação pra acompanhar o filme? Curiosidade histórica?

- E o filme é vazio intelectualmente. Ele pega um tema cheio de carga política, mas não se posiciona em relação a nada, não discute as ideias claramente, não explica qual a essência do conflito no país, qual o erro dos personagens, então nem por esse ângulo intelectual ele é interessante.

- A fotografia é feia (essa cópia em particular está sem nenhuma nitidez), a correção de cor é de mau gosto, não há um senso de composição, há quebras estranhas de eixo, etc.

- Como "perseguição" o filme também é péssimo. Quando estamos do ponto de vista do policial, não há suspense, uma evolução interessante, pistas pra ele ir seguindo pra capturar o Neruda, etc. Nem sabemos como ele chega em certos lugares.

- O filme só tem um mínimo interesse por, supostamente, ser uma história verídica, porém da metade pra frente, tudo começa a virar obviamente uma fantasia. Já não sabemos se o policial existe, se é uma criação do Neruda, se é tudo uma "metáfora". Então nem como curiosidade histórica o filme serve mais.

- A narração do policial é ruim, pretensiosa, cheia de frases nonsense que tentam criar profundidade pelo simples fato de serem incoerentes.

- Final péssimo, vazio. O cineasta parece não ter certeza do que está fazendo, do que quer dizer pra plateia. Então torna tudo vago, "simbólico", e deixa o espectador confuso com a sensação (equivocada) de que o filme está tratando de temas importantes, e que ele que não entendeu direito.

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CONCLUSÃO: Desinteressante, vazio e pretensioso.

Neruda / Chile, Argentina, França, Espanha, EUA / 2016 / Pablo Larraín

FILMES PARECIDOS: O Clã (2015) / Chatô - O Rei do Brasil (2015) / Getúlio (2014)

NOTA: 1.5

2 comentários:

Anônimo disse...

O Chile criou um muito sobre Neruda, gostam de chamá-lo "o" poeta, mas ele era um comunista ortodoxo demais para o gosto dos tempos atuais, mesmo para os 'esquerdistas' modernos cuja referência parece ser mais a Califórnia que a União Soviética. Provavelmente por isso o filme deve ter sido superficial quanto à política. Toda a obra de Neruda seguia à risca as linhas ideológica do partido comunista.

Caio Amaral disse...

O filme não tenta esconder que ele era comunista, apenas não entra em maiores detalhes, não diz quais eram especificamente as convicções dele, etc.. talvez por esse motivo que vc falou.. pro público atual não perder a simpatia pelo personagem, rs. Abs!