(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão.)
ANOTAÇÕES:
- Embora a peça The Boys in the Band tenha sido um marco na questão da representatividade, a história no fundo acaba retratando gays de forma não muito favorável. Os personagens parecem todos promíscuos, superficiais, sem grande caráter, "bichas más" que só falam de roupa, sexo, aparência física. Claro que existe muita gente assim, e há uma atemporalidade notável nos personagens da história, mas a noção de que "representar" significa dar destaque ao comum, ao mediano, é uma abordagem Naturalista que não me agrada.
- É uma daquelas obras cuja intenção é confortar, não inspirar — foca nos dramas/dificuldades/sofrimentos dos personagens, expõe os problemas de cada um pro espectador se enxergar neles, não se sentir tão sozinho em sua miséria (outro elemento Não Idealista).
- Pelo menos há humor, diálogos divertidos, que deixam o drama mais leve. E embora os personagens e os relacionamentos não sejam atraentes, há bastante conteúdo no que diz respeito a relações humanas, construção de personagem, o que mantém a narrativa interessante.
- A história ganha mais força quando chega o personagem hétero/conservador na festa. Até então eram só amigos se divertindo num apartamento, e a história não parecia estar caminhando pra lugar algum. Agora existe uma tensão, uma curiosidade maior em relação ao que irá acontecer.
- O filme vai virando uma coisa meio Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, Gata em Teto de Zinco Quente. Ninguém parece conseguir ir embora da festa, as coisas vão ficando meio surreais, todo mundo começa a brigar, os "podres" vão sendo revelados. Há um Senso de Vida malevolente sem dúvida — a ideia de que há sempre algo maligno por trás das amizades, que no fundo as pessoas se odeiam, querem se destruir (gays especialmente, na cabeça do autor).
- A brincadeira do telefone prende a atenção e faz refletir. Acho meio tedioso o tom de autopiedade, mas narrativamente é uma boa forma de fazer os personagens chegarem ao limite, confrontarem seus maiores dramas/traumas/dilemas etc.
- SPOILER: Surpreendente a cena em que o Alan faz a ligação. E é interessante ficar em aberto o mistério envolvendo sua sexualidade.
- O final é um pouco amargo, ambíguo. O que tirar da história? Que as pessoas são más? Que os gays são deprimidos, venenosos uns com os outros?
CONCLUSÃO: Não me agrada o tom pessimista, nem me identifico muito com os personagens, mas é um drama rico em conteúdo, com boas performances, que captura algo de verdadeiro a respeito de muitas relações e dramas do mundo gay.
The Boys in the Band / EUA / 2020 / Joe Mantello
NOTA: 6.5
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