O Idealismo Corrompido é algo que pesa aqui, como já dava pra notar no trailer. Não só os protagonistas são losers, "underdogs" autodeclarados, como o filme vem nessa onda de animações que se passam em lugares fora dos EUA, e exaltam o modo de vida "simples" das culturas estrangeiras. Há diversas referências ao cinema de Fellini — um cartaz de La Strada em uma praça, uma menção a Mastroianni, e o próprio nome da amiga ruiva de Luca parece uma homenagem a Giulietta Masina (assim como a celebração da contra-cultura dos anos 60 em Cruella, este é mais um exemplo da Disney fazendo um pacto com o Anti-Idealismo pra se adequar aos tempos atuais). Mas tirando essas coisas (que já seriam o bastante pra me dar preguiça), minha principal queixa é que o filme só faz sentido quando visto por essa ótica da mensagem social. Se você assisti-lo como entretenimento, o roteiro não se sustenta. Toda a mitologia dos monstros é mal desenvolvida, os personagens centrais não são muito carismáticos, e a ação central que move a história (o desejo de vencer a competição pra ganhar uma lambreta) é tão banal e inconvincente que não empolga ninguém.
Luca / 2021 / Enrico Casarosa
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